Reunião do G20
22 de outubro de 2010Em encontro preparatório para a cúpula de chefes de Estado e de governo das 20 principais economias industriais e emergentes do mundo (G20), a se realizar em novembro na Coreia do Sul, os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais dos países do grupo iniciaram, nesta sexta-feira (20/10), uma reunião de dois dias na cidade sul-coreana de Gyeongju.
Na agenda da reunião ministerial do G20 estão a reforma do Fundo Monetário Internacional e a supervisão dos mercados financeiros. Apesar de o anfitrião sul-coreano não tentar dar grande importância ao tema da chamada "guerra cambial" entre as grandes economias mundiais, o assunto está cada vez mais presente.
Por esse motivo, uma reunião dos ministros de Finanças do G7 acontece, nesta sexta-feira, paralelamente à conferência ministerial do G20. No entanto, não se deve esperar que a declaração final do encontro contenha mais do que a constatação de que fortes intervenções nos mercados de câmbio internacionais sejam prejudiciais para o desenvolvimento econômico.
Desequilíbrios na balança comercial
Dois anos após o início da crise financeira, além da "guerra cambial", um novo conflito paira sobre as principais economias do mundo. No contexto dos debates sobre a redução dos desequilíbrios na economia mundial, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, exigiu em carta dirigida aos seus colegas do G20, nesta sexta-feira, que países com grande superávit na balança comercial aumentem suas importações.
Segundo informações da agência de notícias dpa, pouco antes do início da reunião, Geithner exigiu que os superávits e déficits da balança comercial fossem limitados a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.
Segundo a carta, países com altos superávits comerciais também deveriam se comprometer a fomentar a demanda interna através de reduções fiscais. As exigências do secretário norte-americano do Tesouro afetam principalmente a China, o Japão e a Alemanha.
Prós e contras
Presente ao encontro na Coreia do Sul, o ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, rejeitou veementemente as exigências de Geithner e alertou para um "retrocesso ao pensamento da economia planificada". Para o ministro alemão, deve-se apostar mais nos processos orientados pela economia de mercado.
Brüderle também advertiu sobre egoísmos nacionais crescentes. No G20, as causas devem continuar a ser abordadas conjuntamente, devendo-se corrigir as distorções do desenvolvimento econômico que levaram aos desequilíbrios, disse. "Nós precisamos de mais equilíbrios e estabilidade", afirmou o ministro alemão.
O ministro japonês das Finanças, Yoshihiko Noda, criticou por sua vez a iniciativa de Geithner como "irrealista". O ministro japonês afirmou que seu país seria contra "diretrizes estritamente numéricas".
Sem querer se identificar, um representante da delegação francesa disse que a carta de Geithner teria sido "bem recebida". Nos últimos tempos, a França censurou frequentemente o modelo exportador alemão.
Em março último, a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, afirmou que os superávits comerciais alemães prejudicariam o país vizinho. Na ocasião, Lagarde também sugeriu que os alemães fomentassem a demanda interna através de reduções fiscais.
Declaração final
Assim como Japão e Alemanha, a China também rejeita as sugestões do secretário norte-americano. Segundo fontes internas, no atual encontro de ministros do G20, Pequim não aceitará nenhuma declaração que estabeleça diretrizes obrigatórias sobre a política cambial e de exportação. Por esse motivo, a declaração final do encontro não deverá conter sugestão semelhante.
Quanto a uma maior regulação do mercado financeiro, as divergências de opinião também ocorrem dentro da ala dos países industrializados. Os representantes anglo-saxões não querem outorgar tanto poder ao Estado, enquanto a Alemanha aposta em uma melhor regulação. Antes de serem aprovadas no encontro do G20 em novembro, o Fórum de Estabilidade Financeira (FSF) apresentará suas sugestões políticas neste encontro de ministros em Gyeongju.
A atual reunião não deve trazer um grande avanço à reforma do FMI. Na abertura do encontro, todavia, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, conclamou os países do G20 a cumprirem seu compromisso de reorganizar a proporção de forças no Fundo Monetário Internacional, durante o próximo encontro de cúpula do G20 em Seul, nos dias 11 e 12 de novembro.
Autor: Peter Kujath / Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer