Medidas se voltam contra 18 indivíduos e entidades iranianas acusadas de apoiar "atividade criminosa transnacional" e "atores iranianos ilegais". Anúncio ocorre um dia após Trump certificar cumprimento de acordo nuclear.
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O governo americano impôs nesta terça-feira (18/07) sanções contra 18 indivíduos e entidades iranianas acusadas de apoiar "atividade criminosa transnacional" e "atores iranianos ilegais".
As novas punições foram anunciadas pelos departamentos do Tesouro e de Estado um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, certificar perante o Congresso que o Irã tem cumprido o acordo nuclear internacional firmado em 2015.
"Os Estados Unidos continuam extremamente preocupados com as atividades malignas do Irã no Oriente Médio, que minam a estabilidade, a segurança e a prosperidade regional", disse o Departamento de Estado por meio de comunicado.
Entre a gama de "atividades malignas", estariam o apoio às "atrocidades " do ditador Bashar al-Assad na Síria e "a contínua hostilidade contra Israel". O comunicado ainda listou o apoio iraniano a grupos como o Hisbolá, do Líbano, ao movimento palestino Hamas, e aos rebeldes Houthi, no Iêmen.
Em nota, o secretário do Tesouro americano, Steve Mnuchin, disse que o governo americano "continuará centrando-se agressivamente na atividade maligna do Irã, incluindo o seu apoio estatal em curso ao terrorismo, o seu programa de mísseis balísticos e os abusos de direitos humanos". Segundo Mnuchin, as sanções "enviam um forte sinal que os Estados Unidos não tolerarão o comportamento provocador e desestabilizador do Irã".
"O secretário de Estado (Rex Tillerson) e o presidente querem enfatizar que o Irã segue sendo uma das maiores ameaças para os interesses americanos e para a estabilidade regional", apontaram funcionários, sob condição de anonimato.
Com as novas sanções, os ativos das instituições e indivíduos afetados nos EUA ficarão congelados, além de ficarem vedadas quaisquer transações entre os mesmos com americanos.
Apesar da certidão enviada ao Congresso, funcionários da Casa Branca haviam afirmado na véspera que Teerã está em "indiscutível incumprimento do espírito do Plano Integral de Ação Conjunta (JCPOA, na sigla em inglês)", como é denominado o acordo nuclear.
Alcançado entre seis potências em 2015 para limitar o programa nuclear iraniano, o pacto é considerado um dos maiores legados da política externa de Obama e precisa ter sua validade confirmada a cada 90 dias pelo governo americano. Ele determina que o Irã reduza drasticamente seu enriquecimento de urânio e que permita controles internacionais mais rigorosos. Em contrapartida, as sanções impostas contra o país até então devem ser levantadas gradualmente.
IP/rtr/afp/efe
População sofre com sanções e crise econômica
O povo iraniano sofre cada vez mais com a crise, resultado tanto dos embargos do mundo ocidental como da má administração pelo governo. Impressões de um país isolado:
Foto: MEHR
Sanções cada vez mais duras
Em 2006, o Ocidente iniciou a primeira leva de sanções para forçar o regime iraniano a esclarecer seu programa nuclear. Na época, falava-se de "sanções direcionadas". Europa e Estados Unidos asseguraram não ter nada contra a população civil, apenas contra o regime. Infelizmente os embargos do Ocidente atingem em primeira linha a sociedade civil.
Foto: DW/S. Faika
"Sanções nos fazem cócegas"
... é o que está escrito num cartaz apresentado por partidários do regime por ocasião do 34º aniversário da revolução islâmica. As consequências das sanções são minimizadas pelas lideranças e por partidários do regime.
Foto: Mehr
Problemas sociais
Pobreza e desemprego continuam aumentando no Irã. Especialistas em economia iraniana dizem que desde o final da Guerra Irã-Iraque (1980-1988) raramente a situação econômica e social esteve tão ruim. Segundo eles, as sanções e principalmente a "equivocada" política econômica do governo Ahmadinejad são responsáveis por esta problemática.
Foto: ISNA
Taxa de desemprego elevada
Oficialmente, a taxa de desemprego é de 12%, mas o número real pode ser quatro vezes mais alto. Para não empobrecer completamente, muitas pessoas aceitam qualquer tipo de trabalho.
Foto: ISNA
As crianças precisam ajudar
A gravidade da situação não poupa nem os mais jovens da sociedade. Algumas famílias mandam seus filhos trabalhar na rua. Segundo um relatório do parlamento iraniano, em todo o país existem mais de três milhões de menores de 18 anos que trabalham em vez de frequentar a escola.
Foto: IRNA
Trabalho não remunerado
Algumas firmas já não têm condições de pagar seus funcionários. Estes trabalhadores esperam já há 22 meses pelo ordenado. Por medo de perder o emprego, muitos iranianos trabalham por longos períodos sem receber salário.
Foto: MEHR
Os que ganham com a crise
Na crise atual, enquanto aluguéis, preços de terrenos e da construção sobem rapidamente, os novos ricos e aqueles que se beneficiam das sanções para aumentar seu capital constroem novos palácios e mansões.
Foto: DW
Os que perdem com a crise
Também os preços para os produtos alimentícios básicos, como pão, continuam subindo, ainda que muitos deles sejam subsidiados. A taxa de inflação entre março de 2012 e março de 2013 superou 30%. Por algum tempo, a carne de frango esteve tão racionada que quando excepcionalmente aparecia no mercado provocava filas imensas e causava tumulto nos locais de venda.
Foto: IRNA
O importante é ter arroz
Para as famílias iranianas, o arroz é um dos produtos alimentícios básicos. Até mesmo o arroz indiano, que é mais barato por causa de sua má reputação devido ao alto teor de arsênio, hoje provoca longas filas diante dos locais de compra.
Foto: MEHR
Falta de medicamentos
A escassez e o aumento de preços não afeta apenas os gêneros alimentícios. No Irã, cerca de 6 milhões de pacientes sofrem com as sanções econômicas que dificultam a importação de remédios. Nos últimos anos, os preços de alguns remédios aumentaram entre 30 e 200%.
Foto: Getty Images/AFP
Desvalorização da moeda
No final do ano passado, o rial iraniano perdeu substancialmente seu valor, enquanto o dólar e o euro subiram. O declínio do rial alimenta o índice de inflação. O bazar de Teerã teve que fechar, pois não foi mais possível vender a preços razoáveis. A polícia teve que agir contra uma multidão enfurecida que protestava contra a desvalorização da moeda.