EUA impõem sanções a cientistas sírios em resposta a ataque
25 de abril de 2017
Departamento do Tesouro americano sanciona 271 funcionários de centro de pesquisa do governo sírio. Segundo Washington, órgão foi responsável pelo desenvolvimento da arma química usada em ataque no início do mês.
Anúncio
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (24/04) sanções contra 271 cientistas ligados ao regime do presidente da Síria, Bashar al-Assad, em resposta ao ataque químico ocorrido no início deste mês no país do Oriente Médio, deixando mais de 80 mortos.
De acordo com o Departamento do Tesouro americano, os cientistas sancionados são especialistas em química do Centro de Pesquisa e Estudos Científicos da Síria, uma agência do governo em Damasco, que teriam trabalhado no "programa de armas químicas" desde pelo menos 2012.
"Essas sanções se destinam ao centro científico que deu suporte ao terrível ataque com armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad contra homens, mulheres e crianças civis inocentes", declarou, em pronunciamento à imprensa, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin.
Ainda segundo o funcionário do governo Donald Trump, com essas medidas, Washington "envia a forte mensagem de que responsabilizará todo o regime de Assad por essas flagrantes violações dos direitos humanos, a fim de impedir a disseminação desse tipo de armas químicas bárbaras".
As sanções significam o congelamento de todos os ativos nos Estados Unidos desses cientistas sírios, bem como a proibição de utilizar o sistema financeiro americano. Além disso, qualquer indivíduo ou empresa dos EUA está proibido de fazer negócios ou acordos com os funcionários sancionados.
Washington afirma que o centro de pesquisa sírio foi responsável pelo desenvolvimento da arma química usada no ataque contra civis em Khan Cheikhoun, em 4 de abril. Desde o incidente, os EUA responsabilizam Damasco pelo atentado, chegando a lançar mísseis contra a Síria em retaliação.
Assad, por sua vez, nega participação no ataque químico, declarando que ele foi "100% fabricado" para servir de pretexto para a operação militar americana contra uma base área em seu país.
Exames realizados por uma delegação britânica do órgão de fiscalização de armas químicas da ONU, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), em amostras retiradas em Khan Cheikhoun, confirmaram a presença do gás letal sarin em vítimas do ataque.
EK/afp/dpa/lusa/rtr/ots
Ataque americano a base aérea síria
Após ameaça do presidente Donald Trump, Estados Unidos bombardeiam base aérea da Síria em reação a suposto ataque químico do regime Assad.
Foto: Reutres/M. Sezer
59 mísseis de cruzeiro
Na madrugada desta sexta-feira (07/04), os Estados Unidos bombardearam uma base aérea na Síria com 59 mísseis guiados, em retaliação a um suposto ataque com gás tóxico na terça-feira. De acordo com ativistas, quatro soldados sírios teriam morrido, e a base foi quase completamente destruída.
Foto: picture-alliance/AP Images/US Navy/F. Williams
Base no mar Mediterrâneo
Os mísseis de cruzeiro do tipo Tomahawk foram disparados dos navios de guerra USS Porter e USS Ross, estacionados no Mar Mediterrâneo. Foi a primeira vez que os EUA atacaram tropas do governo sírio nos seis anos da guerra civil no país. Até então, o país havia concentrado esforços em combater a organização jihadista "Estado Islâmico" (EI).
Foto: picture-alliance/AP Photo/US Navy/F. Williams
Alvo dos bombardeios
Antes do ataque com 59 mísseis de precisão Tomahawk, a base aérea de Shayrat era assim. Segundo o presidente Donald Trump, dessa base saíram os aviões responsáveis pelo ataque químico de terça-feira, que deixou dezenas de mortos. Os alvos teriam sido aviões e pistas de pouso e decolagem.
Foto: 2017 Google Maps
No leste da Síria
A base aérea fica nas proximidades de Homs, um dos primeiros focos da guerra civil contra o regime do presidente Bashar al-Assad.
Revés de Trump
A ação militar representa uma reviravolta na posição dos Estados Unidos no conflito na Síria. Depois de um ataque com armas químicas muito mais amplo, com centenas de mortos em agosto de 2013, pelo qual as tropas do governo também foram responsabilizadas, o então presidente Barack Obama apelara insistentemente contra uma retaliação a Assad.
Foto: Reuters/C. Barria
Ameaça ao Conselho de Segurança
"Se as Nações Unidas violarem continuamente sua obrigação de reação coletiva, somos obrigados a tomar nossas próprias medidas", disse a embaixadora dos EUA, Nikki Haley, no Conselho de Segurança da ONU, exibindo imagens de vítimas do gás letal. Por seu lado, Moscou advertiu contra uma condenação precipitada.
Foto: Reuters/S. Stapelton
Ataque intencional ou acidente?
Na terça-feira, durante um bombardeio de um bairro da cidade de Khan Cheikhoun, na província de Idlib, foi liberado o gás tóxico, causando a morte de mais de 80 pessoas. Quem é o responsável? A liderança síria? Ou os próprios rebeldes, para acusar os sírios? Não há provas da autoria.