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EUA impõem sanções a Myanmar por massacre dos rohingya

17 de julho de 2019

Washington pune generais que lideram as Forças Armadas birmanesas, acusados de graves violações dos direitos humanos ao promover limpeza étnica contra a minoria muçulmana. Violência forçou a fuga de 740 mil rohingya.

Militares birmaneses
Militares birmaneses devem ser responsabilizados por limpeza étnica contra os rohingya, dizem EUAFoto: Getty Images/AFP/Phyo Hein Kyaw

Os Estados Unidos impuseram sanções contra quatro generais de alto escalão do governo de Myanmar, incluindo o comandante em chefe das Forças Armadas e seu vice, em razão de seus papéis no massacre de membros da minoria muçulmana rohingya.

Em nota, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que os quatro são responsáveis por "graves violações dos direitos humanos" envolvendo matanças extrajudiciais em uma campanha de limpeza étnica contra os rohingya, na província de Rakhine, no norte do país. A violência fez com que 740 mil pessoas fugissem para a nação vizinha Bangladesh.

As sanções americanas proíbem os quatro generais, bem como os membros de suas famílias, de viajarem aos Estados Unidos. Os afetados são o comandante em chefe Min Aung Hlaing, seu vice, Soe Win, e dois subordinados, Than Oo e Aung Aung. Os americanos esperam que as sanções auxiliem a liderança civil a ganhar controle sobre os militares.

Ao anunciar a medida, Pompeo disse que ela atinge "as mais altas lideranças militares birmanesas". "Continuamos preocupados com o fato de que o governo birmanês não tomou qualquer ação para responsabilizar os mandantes das violações dos direitos humanos e abusos, e há relatos contínuos de que militares birmaneses estejam cometendo violações e abusos em todo o país", alertou o secretário.

A declaração do Departamento de Estado menciona um caso em que o comandante em chefe Min Aung Hlaing teria ordenado a libertação de soldados condenados pelas mortes extrajudiciais, o que seria "um exemplo flagrante da contínua e grave falta de responsabilização dos militares e suas lideranças".

O caso contrasta com a situação de dois jornalistas birmaneses que denunciaram o massacre e ficaram presos por 16 meses, antes de serem perdoados.

As medidas adotadas por Washington são a maior demonstração do descontentamento americano com Myanmar desde que o país lançou reformas políticas em 2011, quando a junta militar se reconciliou com o governo dos Estados Unidos e eventualmente permitiu uma liderança política eleita.

As sanções não incluem a líder do país, Aung San Suu Kyi, uma ex-prisioneira política e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 1991, que chegou ao poder levando consigo as esperanças de uma virada democrática no país.

Desde o início da crise, ela evita se pronunciar sobre o massacre dos rohingya, o que a fez perder seu amplo apoio no Ocidente. Em 2018, a ONG Anistia Internacional decidiu retirar o prêmio que concedeu a Aung San em 2009, de Embaixadora da Consciência, mencionando sua indiferença com as atrocidades cometidas por militares contra a minoria.

Myanmar, de maioria budista, se recusa a conceder cidadania ou direitos básicos à minoria rohingya, majoritariamente muçulmana, se referindo ao grupo como bengalis, o que implica que eles seriam imigrantes ilegais de Bangladesh.

Uma investigação da ONU concluiu que os atos de violência justificam a abertura de processos contra os generais. O Tribunal Penal Internacional já iniciou análises preliminares do caso.

Um porta-voz dos militares birmaneses, o general Zaw Min Tun, disse que as sanções representam um golpe contra as Forças Armadas em geral. "Como instituição administrada de cima para baixo, essas sanções não miram apenas os líderes, mas também todo o Tatmadaw", afirmou, utilizando o nome local das forças birmanesas.

Um membro do serviço de informação do Tatmadaw alegou que os militares investigam os incidentes em Rakhine desde os primeiros relatos. Ele afirma que vários comitês de investigação foram criados e que ações foram tomadas contra membros das Forças Armadas.

RC/afp/ap

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