EUA impõem sanções a sauditas por morte de jornalista
15 de novembro de 2018
Medida atinge 17 pessoas envolvidas no crime, inclusive um dos principais assessores do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Jamal Khashoggi foi morto dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul.
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Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (15/11) sanções econômicas contra 17 cidadãos da Arábia Saudita. A medida é uma reação a morte do jornalista Jamal Khashoggi, que desapareceu em 2 de outubro após entrar no consulado de seu país em Istambul, na Turquia.
Em comunicado, o Departamento do Tesouro americano afirmou que todos os sancionados "fizeram parte dos planos e da execução" da operação que terminou com o assassinato de Khashoggi, um jornalista crítico das autoridades sauditas.
Entre os sancionados estão Saud-al Qahtani, um dos principais assessores do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e o cônsul-geral da Arábia Saudita em Istambul, Mohammed Alotaibi, que supostamente teve um papel crucial na morte do jornalista, além de 15 pessoas que integraram a equipe que assassinou Khashoggi.
A medida é incomum para Washington que raramente impõem sanções contra cidadãos sauditas. A punição não visa o governo de Riad, um importante aliado econômico e de segurança dos EUA. Esta foi segunda vez que os EUA adotam sanções contra sauditas em menos de um mês.
As sanções preveem o bloqueio de qualquer ativo destas 17 pessoas em território americano e a proibição de que elas façam transações com empresas ou cidadãos americanos. "Esses indivíduos que atacaram e mataram brutalmente um jornalista que residiu e trabalhou nos Estados Unidos devem enfrentar as consequências de suas ações", destacou o secretário americano do Tesouro, Steve Mnuchin.
As sanções foram decretadas após o procurador-geral da Arábia Saudita, Saud al-Mojeb, anunciar um pedido de pena de morte para cinco pessoas acusadas do assassinato e apresentar acusações contra outras seis. Em entrevista coletiva em Riad, a procuradoria ressaltou, porém, que o príncipe herdeiro não estava a par do crime.
Mojeb explicou os resultados de uma investigação na qual ficou determinado que Khashoggi morreu após uma briga no consulado em Istambul – quando recebeu uma grande quantidade de um sonífero, que acabou sendo letal – e que o corpo foi esquartejado e entregue a "um colaborador turco".
Segundo o procurador, a Arábia Saudita solicitou mais informações às autoridades turcas para prosseguir com as investigações. Entre os pedidos está o de que Ancara entregue o telefone celular de Khashoggi, as gravações de áudio realizadas dentro do consulado e as de vídeo feitas nos arredores do edifício, assim como os depoimentos de testemunhas ouvidas pela polícia turca.
Em reação, o chefe da diplomacia da Turquia, Mevlüt Cavusoglu considerou "insuficientes" as explicações da procuradoria saudita. A diplomacia turca pede para que sejam revelados os "verdadeiros mandantes" da operação. "Este caso não pode ser encerrado desta forma", disse Cavusoglu.
O crime
Exilado desde 2017 em Washington, Khashoggi desapareceu em 2 de outubro após entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul, onde foi buscar documentos para seu casamento. Incialmente, Riad assegurou que o jornalista tinha saído do consulado vivo, mas depois mudou de versão e disse que foi morto na representação diplomática durante uma briga.
Essa versão foi contestada por vários governos estrangeiros. Posteriormente, autoridades sauditas finalmente afirmaram que ele morreu durante uma ação "não autorizada". Riad nega que o rei Salman e o príncipe-herdeiro tivessem conhecimento dos fatos.
Segundo as autoridades turcas, Khashoggi foi assassinado por um grupo de agentes vindos de Riad, que esperavam por ele dentro do consulado.
O presidente americano, Donald Trump, que a princípio se mostrou cético em relação à possibilidade de a família real saudita estar envolvida nos fatos, disse depois que o governo americano adotaria a "resposta" necessária contra os culpados pelo desaparecimento do jornalista.
CN/efe/lusa/rtr/ap
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