EUA incluem Coreia do Norte e Venezuela em veto migratório
25 de setembro de 2017
Trump substitui polêmico impedimento de viagem a seis países de maioria muçulmana por um novo decreto. Lista atualizada inclui três Estados e retira o Sudão. "Segurança dos EUA é prioridade", diz presidente.
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O presidente Donald Trump substituiu o polêmico veto de entrada nos EUA a seis países de maioria muçulmana, que expirou nesta segunda-feira (25/09), por um decreto que impõe restrições a oito países, entre eles a Venezuela e a Coreia do Norte.
Os outros seis países afetados pela nova medida são Irã, Líbia, Síria, Iêmen, Somália e Chade. A medida entrará em vigor em 18 de outubro e substituirá o decreto migratório original, que expirou neste domingo.
"Fazer com que os EUA se tornem seguros é a minha principal prioridade. Não vamos admitir em nosso país aqueles que não podemos checar com segurança", afirmou Trump, logo após ao anúncio da nova política.
O veto migratório original de Trump entrou em vigor parcialmente no final de junho e impedia durante 120 dias a entrada nos EUA de refugiados e, durante 90 dias, o de cidadãos de seis países de maioria muçulmana: Irã, Somália, Sudão, Síria, Iêmen e Líbia.
"As novas restrições se baseiam numa revisão mundial em função da informação que as nações afetadas compartilham com os EUA, e não em critérios de religião ou raça", explicaram funcionários do alto escalão do governo federal sobre o novo decreto. "As restrições são vitais para a segurança nacional."
"Portanto, somam-se à lista Chade, Coreia do Norte e Venezuela, saindo dela o Sudão devido a seu 'melhor nível de cooperação' com as autoridades americanas", explicaram os representantes.
"A Venezuela foi incluída porque seu governo não coopera em verificar se os seus cidadãos representam ameaça para a segurança nacional ou para a segurança pública", segundo a ordem. "As restrições se centram em funcionários do governo da Venezuela que são responsáveis pelas deficiências identificadas", acrescentaram os representantes do Executivo americano.
Trump emitiu uma primeira versão do veto migratório em 27 de janeiro, mas teve que assinar outro decreto em março para substituí-lo e restringi-lo, devido a contínuos revezes judiciais. O segundo decreto, diferente do anterior, deixou de fora os cidadãos do Iraque e modificou a provisão sobre os refugiados sírios, ao proibir sua entrada no país durante 120 dias e não de maneira indefinida, como estabelecia o veto original.
A manutenção do Irã na lista deve arranhar ainda mais as relações entre Washington e Teerã, que recentemente trocaram farpas devido a comentários de Trump sobre sua vontade de rever o acordo nuclear assinado pelo governo do ex-presidente Barack Obama.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, acusou o presidente americano de "falsa empatia com os iranianos", afirmando que a nova proibição é "ainda mais ofensiva".
PV/lusa/efe/dpa/ap
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
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"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
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"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
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"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
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"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
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"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
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"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
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"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
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"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.