EUA incluem líder do Hamas em lista de terroristas
1 de fevereiro de 2018
Em meio a tensão com palestinos, Washington acusa Ismail Haniyeh de envolvimento em atos de terrorismo contra cidadãos israelenses e americanos. Hamas, na lista desde 1997, rechaça decisão e promete manter resistência.
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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (31/01) que incluíram o líder do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh, em sua lista de terroristas internacionais. Outros três grupos que atuam em territórios palestinos também passaram a fazer parte da relação americana.
"Haniyeh tem vínculos estreitos com a ala militar do Hamas e tem sido um defensor da luta armada, inclusive contra civis", afirmou, em nota, o Departamento de Estado americano, acusando o líder palestino de envolvimento em ataques terroristas contra cidadãos israelenses e americanos.
A inclusão de Haniyeh na lista de terroristas vem acompanhada de sanções, deixando-o impedido de realizar transações financeiras com cidadãos e empresas americanas, bem como congelando qualquer bem que ele possa ter nos Estados Unidos.
Em comunicado, o Hamas reagiu ao anúncio tachando a decisão americana de "tentativa fracassada de pressionar a resistência". "Isso não vai desencorajar nossa opção de resistência até que consigamos expulsar os ocupantes", reforçou o movimento, referindo-se às autoridades de Israel.
O Hamas, que controla a Faixa de Gaza há mais de uma década, já se encontra na lista de organizações terroristas internacionais do governo americano desde 1997. Washington culpa o movimento pela morte de 17 cidadãos americanos em ataques terroristas. Haniyeh, de 55 anos, lidera o grupo desde maio do ano passado.
Também passaram a integrar a lista dois grupos com base no Egito, Liwa al Thawra e Harakat Sawa'd Misr (HASM), e um terceiro grupo, Harakat al-Sabireen, que opera em Gaza e é, segundo os EUA, patrocinado pelo Irã.
"São grupos e líderes terroristas, incluindo dois patrocinados e dirigidos pelo Irã, que estão ameaçando a estabilidade do Oriente Médio, minando o processo de paz e atacando os nossos aliados Egito e Israel", afirmou o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.
"As ações de hoje são um passo importante para negar-lhes os recursos de que precisam para planejar e fazer suas atividades terroristas", acrescentou Tillerson.
O anúncio de Washington ocorre num momento de tensão entre os Estados Unidos e os palestinos, depois que o presidente americano, Donald Trump, anunciou ter reconhecido a cidade disputada de Jerusalém como capital de Israel, em dezembro passado, provocando reações indignadas de entidades e líderes internacionais, bem como confrontos violentos entre israelenses e palestinos.
EK/afp/dpa/lusa/efe
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Jerusalém, a história de um pomo da discórdia
Jerusalém é uma das cidades mais antigas do mundo, e ao mesmo tempo um dos maiores focos de conflitos. Judeus, muçulmanos e cristãos veem Jerusalém como cidade sagrada.
Foto: picture-alliance/Zumapress/S. Qaq
Cidade de Davi
Segundo o Velho Testamento, no ano 1000 a.C., Davi, rei de Judá e Israel, conquistou Jerusalém dos jebuseus, uma tribo cananeia. Ele mudou a sede de seu governo para Jerusalém, que se tornou capital e centro religioso do reino. De acordo com a Bíblia, Salomão, o filho de Davi, construiu o primeiro templo para Yaweh, o deus de Israel. Jerusalém tornou-se assim o centro do Judaísmo.
Foto: Imago/Leemage
Reino dos persas
O rei Nabucodonosor 2º, da Babilônia, conquistou Jerusalém em 597 e novamente em 586 a.C., segundo a Bíblia. Ele destruiu o templo e aprisionou o rei Joaquim de Judá e a elite judaica, levando-os para a Babilônia. Quando o rei persa Ciro, o Grande, conquistou a Babilônia, permitiu que os judeus voltassem do exílio para Jerusalém e reconstruíssem o templo.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Sob o poder de Roma e Bizâncio
A partir de 63 d.C., Jerusalém passou ao domínio de Roma. A resistência se formou rapidamente entre a população, eclodindo uma guerra no ano 66. O conflito terminou quatro anos depois, com a vitória dos romanos e uma nova destruição do templo em Jerusalém. Os romanos e os bizantinos dominaram a Palestina por 600 anos.
Foto: Historical Picture Archive/COR
Conquista pelo árabes
Durante a conquista da Grande Síria, as tropas islâmicas chegaram até a Palestina. Por ordem do califa Umar, em 637, Jerusalém foi sitiada e conquistada. Durante a época da supremacia muçulmana, vários rivais se revezaram no domínio da região. Jerusalém foi ocupada várias vezes e trocou diversas vezes de soberano.
Foto: Selva/Leemage
No tempo das Cruzadas
O mundo cristão passou a se sentir cada vez mais ameaçado pelos muçulmanos seljúcidas, que governavam Jerusalém desde 1070. Em consequência, o papa Urbano 2º convocou as Cruzadas. Ao longo de 200 anos, os europeus conduziram cinco Cruzadas para conquistar Jerusalém, algumas vezes com êxito. Por fim, em 1244, os cristãos perderam de vez a cidade, que caiu novamente sob domínio muçulmano.
Foto: picture-alliance/akg-images
Os otomanos e os britânicos
Após a conquista do Egito e da Arábia pelos otomanos, em 1535, Jerusalém se tornou sede de um distrito governamental otomano. As primeiras décadas de domínio turco representaram impulsos significativos para a cidade. Com a vitória dos britânicos sobre as tropas turcas em 1917, a região – e também Jerusalém – passou ao domínio britânico.
Foto: Gemeinfrei
Cidade dividida
Após a Segunda Guerra Mundial, os britânicos renunciaram ao mandato sobre a região. A ONU aprovou a divisão da área, a fim de abrigar os sobreviventes do Holocausto. Isso levou alguns países árabes a iniciarem uma guerra contra Israel, em que conquistaram parte de Jerusalém. Até 1967, a cidade esteve dividida em lado israelense e lado jordaniano.
Foto: Gemeinfrei
Israel reconquista o lado oriental
Em 1967, na Guerra dos Seis Dias contra Egito, Jordânia e Síria, Israel conquistou o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golã e Jerusalém Oriental. Paraquedistas israelenses chegaram ao centro histórico e, pela primeira vez desde 1949, ao Muro das Lamentações, local sagrado para os judeus. Jerusalém Oriental não foi anexada a Israel, apenas integrada de forma administrativa.
Desde esta época, Israel não impede os peregrinos muçulmanos de entrarem no terceiro principal santuário islâmico do mundo. O Monte do Templo está subordinado a uma administração muçulmana autônoma. Muçulmanos podem tanto visitar como também rezar no Domo da Rocha e na mesquita de Al-Aqsa, que fica ao lado.
Foto: Getty Images/AFP/A. Gharabli
Status não definido
Até hoje, Jerusalém continua sendo um obstáculo no processo de paz entre Israel e os palestinos. Em 1980, Israel declarou a cidade inteira como "capital eterna e indivisível". Depois que a Jordânia desistiu de reivindicar para si a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, em 1988, foi conclamado um Estado palestino, com o leste de Jerusalém como sua capital.