EUA investigam vazamento de plano israelense para atacar Irã
20 de outubro de 2024
Documentos circularam no aplicativo Telegram. Presidente da Câmara dos Deputados dos EUA disse que situação é "preocupante".
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Os Estados Unidos investigam o vazamento de dois documentos confidenciais de inteligência contendo um suposto plano de Israel para um ataque retaliatório contra o Irã, disse o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, neste domingo (20/10), em entrevista à CNN americana.
Os documentos são atribuídos à Agência Nacional de Informação Geoespacial e à Agência de Segurança Nacional, ambas dos Estados Unidos, e estão classificados como ultrassecretos. As análises produzidas com base em imagens de satélite afirmam que Israel segue mobilizando recursos militares para realizar um ataque em resposta às centenas de mísseis balísticos lançados pelo Irã contra Tel Aviv em 1º de outubro.
Essas informações deveriam ser compartilhadas apenas com os "Cinco Olhos”, que são os EUA, a Grã-Bretanha, o Canadá, a Nova Zelândia e a Austrália, dizem os documentos.
Os textos produzidos entre 15 e 16 de outubro começaram a circular na última sexta-feira (18/10) por uma conta pró-Irã no aplicativo de mensagens Telegram.
Questionado sobre os relatórios, Johnson disse que uma "investigação está em andamento" e que o vazamento "é muito preocupante".
Pentágono investiga como documento foi obtido
A investigação também está examinando como os documentos foram vazados — se foram compartilhados ilegalmente por um agente americano ou se foram obtido por meio de uma invasão, disse um oficial americano ouvido em condição de anonimato pela agência de notícias AP.
Fontes ouvidas pela agência ainda dizem acreditar que os documentos são verdadeiros. O jornal New York Times também afirmou que autoridades americanas reconheceram a autenticidade dos documentos.
As agências envolvidas no vazamento não responderam aos pedidos de resposta. O Pentágono afirmou que estava investigando os relatos de vazamento.
Como parte da investigação, as autoridades estão trabalhando para determinar quem teve acesso aos relatórios antes de serem publicados.
O canal do Telegram envolvido no vazamento costumava publicar memes do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, e materiais em apoio ao autodenominado "Eixo de Resistência”, que inclui grupos militantes armados pelo Irã.
O primeiro relatório é intitulado: "Israel: A Força Aérea continua os preparativos para o ataque ao Irã e realiza um segundo exercício de emprego de grande força". Ele descreve atividades como o manuseio de mísseis balísticos.
O segundo é intitulado: "Israel: as forças de defesa continuam os preparativos de munições e atividades clandestinas de UAV [drones] quase certamente para um ataque ao Irã".
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Biden sugere cessar-fogo
Os EUA têm pedido a Israel para usar a morte do ex-líder do grupo extremista palestino Hamas, Yahya Sinwar, como vantagem para obter um cessar-fogo em Gaza e também tem alertado o governo do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para não expandir as operações militares no Líbano.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na semana passada que tinha uma boa compreensão de quando e como Israel atacaria o Irã. Mas ele também disse ver uma oportunidade para encerrar as trocas de agressões entre os dois inimigos.
No entanto, Israel tem enfatizado que não deixará o ataque balístico iraniano sem resposta.
Israel tem trocado agressões em diversas frentes desde o ataque do Hamas, tomado como organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia, em 7 de outubro de 2023, que deixou 1,2 mil pessoas mortas no país.
Mais recentemente, as tensões se ampliaram também contra o grupo xiita libanês Hezbollah, aliado do Irã e também considerado uma organização terrorista por diversos países.
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sachs
2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Edmonds
2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.