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EUA mantêm veto à carne bovina brasileira

4 de novembro de 2019

Em mais um revés para o Planalto, americanos rejeitam reabrir mercado para carne do Brasil. Tema havia sido abordado em visita de Bolsonaro a Trump, quando brasileiros fizeram uma série de concessões.

USA Washington - President Trump trifft auf Jair Bolsonaro
Bolsonaro durante visita à Casa Branca em março. Brasil fez uma série de concessões aos EUAFoto: Reuters/C. Barria

Em novo revés para a política de alinhamento de Jair Bolsonaro com o governo americano, os EUA negaram a reabertura do seu mercado interno para carne bovina in natura de origem brasileira.

O tema das exportações havia sido tratado entre o presidente Jair Bolsonaro e seu homólogo americano, Donald Trump, em março, durante uma visita do brasileiro a Washington. Na ocasião,  havia sido acertada a viagem de um grupo de inspetores do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para auditar o sistema de inspeção de carne bovina do Brasil.

À época, os brasileiros fizeram uma série de concessões aos americanos, concordando em comprar carne suína dos EUA e abrindo uma cota para importação de trigo e aumentando o limite para a entrada de etanol americano no Brasil.

Além disso, o Brasil concordou em abdicar do status de país em desenvolvimento nas negociações junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), um tratamento diferenciado que prevê benefícios para países emergentes durante negociações com nações desenvolvidas.

Mas, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada nesta segunda-feira (04/11), as concessões não se traduziram em nenhuma mudança na postura americana em relação à carne bovina in natura brasileira, frustrando os membros do governo Bolsonaro.

Após a inspeção, os americanos pediram informações adicionais ao governo brasileiro e estabeleceram que é preciso realizar uma nova inspeção no Brasil sobre a qualidade da carne. Não foi informada uma data para essa nova auditoria.

Segundo a Folha, somente depois dessa nova inspeção, dizem os americanos, haverá possibilidade de as barreiras contra a carne brasileira nos EUA serem levantadas. Ainda de acordo com o jornal, que citou interlocutores do governo Bolsonaro, a posição americana deve  atrasar a abertura do mercado dos EUA em cerca de um ano.

Ainda segundo a Folha, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ficou decepcionada com o conteúdo do relatório, por considerar que todas as informações solicitadas pelos EUA já haviam sido esclarecidas.

Os EUA suspenderama compra de carne bovina in natura do Brasil em 2017, logo após a operação Carne Fraca. Conduzida pela Polícia Federal, a operação revelou um esquema de adulteração da carne vendida no mercado interno e externo. Desde então, exportadores brasileiros vêm tentando pressionar pela reabertura do mercado americano.

No final de setembro, um levantamento feito pela Câmara Americana de Comércio divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo já havia apontado que apenas dois de 13 compromissos firmados em março entre Bolsonaro e Trump haviam sido concretizados. Entre eles estavam a designação do Brasil como aliado extra-OTAN pelos americanos e a medida unilateral do governo brasileiro de isentar turistas dos EUA da necessidade de visto. 

Em outubro, os EUA já haviam desistido de apoiar a inclusão do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), outro tema que havia sido acertado na visita de Bolsonaro a Washington, em março. Em troca das concessões, os americanos haviam concordado em promover a candidatura brasileira.  

Mas, no final, o próprio governo americano rejeitouum pedido para discutir a ampliação do clube dos países industrializados e emergentes. Em vez de sugerir o Brasil, os americanos resolveram apoiar, por ora, apenas a candidatura da Argentina e da Romênia em uma carta enviada à organização.

Após a repercussão negativa para o governo Bolsonaro, o Planalto tentou minimizar o ocorrido, afirmando que os americanos ainda continuavam a apoiar a candidatura brasileira. Trump também seguiu a mesma postura pública, afirmando que Washington continuava promovendo a adesão dos brasileiros. No entanto, a Casa Branca não especificou quando de fato formalizaria seu apoio aos brasileiros.

JPS/ots

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