EUA monitoram ligação entre PCC e garimpo ilegal na Amazônia
18 de agosto de 2022
Após reunião com autoridades brasileiras, funcionário do Tesouro americano afirma ter recebido informações alarmantes e que mineração ilegal de ouro pode gerar recursos para outras atividades ilícitas do PCC.
Anúncio
O governo dos Estados Unidos está preocupado com ligações entre o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior quadrilha de narcotráfico no Brasil, e o garimpo ilegal na Amazônia, afirmou uma autoridade do Tesouro americano nesta quarta-feira (17/08).
Após reuniões com autoridades de segurança brasileiras e representantes da sociedade civil, Brian Nelson, subsecretário para terrorismo e inteligência financeira do Tesouro americano, afirmou ter se inteirado de informações alarmantes sobre ligações entre o PCC e garimpeiros de ouro na Amazônia.
Em dezembro passado, o presidente dos EUA, Joe Biden, impôs sanções financeiras ao PCC, que nasceu em prisões de São Paulo no início dos anos 90. Considerado agora a mais poderosa organização criminosa do Brasil, o PCC está entre as quadrilhas que traficam cocaína para a Europa.
Nelson afirmou que as reuniões de que participou em Brasília e em São Paulo levantaram a preocupação de que o PCC também poderia estar envolvido em crimes ambientais como o garimpo.
"Estamos focados na mineração ilegal de ouro porque ela pode tanto gerar recursos para outras atividades ilícitas, considerando o valor do ouro, quanto oferecer um meio para lavar os recursos ilícitos do narcotráfico", disse o funcionário do governo Biden a jornalistas.
Nelson afirmou que também discutiu uma proposta de impor um teto para o preço do petróleo russo como parte da resposta do Ocidente à invasão da Ucrânia.
O subsecretário do Tesouro americano não comentou sobre a visão do governo do presidente Jair Bolsonaro em relação a tal proposta, mas afirmou que "discussões técnicas" continuariam com o Brasil, que é um exportador líquido de petróleo e tem poucas conexões diretas com o setor de energia russo.
lf (Reuters)
Explorar sem destruir a Amazônia
Comunidades ribeirinhas dão exemplo de sustentabilidade ao colherem frutos na mata e extraírem óleo para a indústria de cosméticos. Projeto engloba toda a cadeia de produção, da coleta e beneficiamento até o transporte.
Foto: Bruno Kelly
Conservação e uso sustentável
A Reserva Extrativista Médio Juruá foi oficialmente criada em 4 de março de 1997. Com 28,7 mil quilômetros quadrados, a reserva ocupa um terço do município de Carauari, Amazonas. A unidade de conservação só pode ser utilizada por populações extrativistas tradicionais. São permitidos a agricultura de subsistência e o uso sustentável dos recursos naturais.
Foto: Bruno Kelly
Luta pela liberdade
No passado, a região foi um importante centro fornecedor de látex, matéria-prima da borracha. Na mãos dos patrões (os autoproclamados donos das terras), seringueiros trabalhavam em condição análoga à escravidão. Raimundo Pinto de Sousa, 68 anos, é um dos líderes pioneiros que, inspirados por Chico Mendes, buscaram a liberdade e criaram a Resex.
Foto: DW/B. Kelly
Floresta como fornecedora
Cerca de 2 mil moradores moram nas 14 comunidades da Resex Médio Juruá. A maioria trabalha coletando sementes de andiroba e murumuru na floresta. De março a junho, é possível coletar até 70 quilos de murumuru por dia por pessoa. A família de Eulinda (de amarelo) é campeã na comunidade de Nova União.
Foto: Bruno Kelly
Logística na floresta
A compra das sementes é feita pela Cooperativa de Desenvolvimento Agro-Extrativista e de Energia do Médio Juruá, formada pelos coletores. Um barco visita as comunidades para recolher toda a produção, que é transportada por moradores até a usina de processamento. É preciso vencer várias dificuldades dentro das trilhas pela floresta para fazer o transporte.
Foto: Bruno Kelly
Da semente ao óleo
As sementes de andiroba e murumuru são processadas na usina que fica na comunidade do Roque, a maior da Resex. Depois de passar por um processo de secagem, as sementes são prensadas até que o óleo escorra pela máquina. A unidade está de mudança para um novo galpão, construído com recursos do Fundo Amazônia.
Foto: Bruno Kelly
Do Juruá para o mundo
O óleo de andiroba e manteiga de murumuru produzidos são armazenados em baldes apropriados. Até chegar ao ponto de escoamento, as embalagens são transportadas, novamente, pela floresta por moradores. Depois de processadas, as sementes coletadas pelos extrativistas se transformam em produtos de beleza na indústria de cosmético.
Foto: Bruno Kelly
Proteção de tartarugas
Antes de a Resex existir, Francisco Mendes da Silva, 63 anos, era madeireiro e contra a criação da reserva. Mas mudou de ideia e, há 18 anos, atua como monitor numa das praias de conservação do Juruá, chamadas de tabuleiro. No Manariã, cerca de 60 mil filhotes são liberados para a natureza por ano, segundo Silva, que ensina o ofício ao filho, João Pedro, de 16 anos.
Foto: Bruno Kelly
Agricultura de subsistência
Em todas as comunidades da Resex Médio Juruá, a mandioca é um alimento cultivado importante. A produção de farinha costuma reunir famílias e divertir as crianças, que acompanham os pais quando não estão na escola. O excedente é armazenado na cantina de economia solidária das comunidades e vendido na cidade.
Foto: Bruno Kelly
Acesso ao conhecimento
Cercados pela Floresta Amazônica, 43 estudantes de diversas comunidades do entorno frequentam o primeiro curso de ensino superior oferecido na região, de Pedagogia. O projeto experimental, que tem base na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari, é uma parceria entre diversas instituições e contou com recursos da Capes.
Foto: Bruno Kelly
Rio Juruá
Com nascente na Serra da Contamana, no Peru, a 453 metros de altitude, o rio Juruá corta o estado do Acre e deságua no rio Solimões, Amazonas. É considerado um dos mais sinuosos do mundo, com mais de 3 mil quilômetros de extensão. A variação do nível do Juruá chega a 12 metros entre a época da cheia, de dezembro a julho, e a seca.