EUA paralisam serviços por falta de verba para muro
22 de dezembro de 2018
Governo Trump fecha parcialmente órgãos federais após republicanos e democratas não chegarem a acordo no Congresso sobre financiamento de muro na fronteira com o México. Mais de 800 mil funcionários serão afetados.
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O governo dos Estados Unidos começou à meia-noite (hora local) deste sábado (22/12) um fechamento parcial por falta de fundos depois de republicanos e democratas não chegarem a um acordo orçamentário no Congresso para as exigências do presidente americano, Donald Trump, sobre o financiamento de um controverso muro na fronteira com o México.
Mais de 800 mil dos 2,1 milhões de funcionários federais serão afetados pela paralisação de serviços da administração do país, deixando de receber seus salários imediatamente. Deles, 420 mil terão que comparecer ao trabalho, em serviços considerados "essenciais", enquanto o restante permanecerá em casa.
Embora republicanos e democratas tivessem concordado com um orçamento na quinta-feira, o presidente se negou a assiná-lo, por não incluir os mais de 5 bilhões de dólares para a construção do muro na fronteira com o México que ele havia exigido, levando assim o governo ao fechamento atual, diante da recusa dos democratas em apoiar esses fundos.
Trump vê nessa negociação sua última oportunidade de conseguir financiar o muro na fronteira, sua grande promessa eleitoral, já que em janeiro os democratas assumirão o controle da Câmara dos Representantes.
Espera-se que cerca de 380 mil pessoas sejam colocadas no desemprego técnico, incluindo 95% dos funcionários da agência espacial americana Nasa e do Ministério da Habitação, assim como 52 mil funcionários dos serviços fiscais.
Entre os cerca de 420 mil funcionários de serviços federais considerados essenciais e que terão que trabalhar sem receber, estão os 150 mil funcionários do Departamento de Segurança Interna, responsável pela polícia de fronteira e transporte, e os mais de 40 mil integrantes de forças de segurança, como o FBI, a agência antidrogas DEA e a administração penitenciária. Todos eles vão receber seus pagamentos retroativamente quando o Congresso aprovar o orçamento e o presidente assiná-lo.
Cerca de 75% dos departamentos federais têm seus orçamentos aprovados para vários meses, não sendo, assim, imediatamente impactados. Já alguns dos principais departamentos serão afetados, incluindo os de Segurança Interna, Justiça, Comércio, Transporte, Habitação, Tesouro e do Interior, que administra os parques nacionais muito visitados durante o período das férias, como é o caso do Grand Canyon.
Este é o terceiro fechamento administrativo que Trump enfrenta neste ano, após o primeiro, em janeiro, que durou três dias, e o segundo, em fevereiro, que ocorreu por somente algumas horas.
Antes da meia-noite, quando o fechamento já parecia inevitável, Trump postou um vídeo no Twitter culpando os democratas e pedindo que eles negociem, afirmando que "o fechamento, esperemos, não irá durar muito".
"Vamos ter um fechamento, não há nada que nós possamos fazer a respeito, pois necessitamos que os democratas nos deem seus votos", disse Trump.
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.