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EUA podem deportar 260 mil salvadorenhos

8 de janeiro de 2018

Governo Trump cancela Status de Proteção Temporária, que garantia desde 2001 permissão de residência e trabalho para refugiados da guerra civil e de catástrofes naturais.

Presidente Trump e chefe do Departamento de Segurança Nacional, Kirstjen Nielse
Presidente Trump e chefe do Departamento de Segurança Nacional, Kirstjen NielseFoto: picture-alliance/AP Photo/A.Harnik

O governo americano anunciou nesta segunda-feira (08/01) a decisão de cancelar o Status de Proteção Temporária (TPS), em vigor para mais de 260 mil imigrantes de El Salvador desde os devastadores terremotos de 2001.

Os atingidos pela medida terão até setembro de 2019 para deixarem os Estados Unidos ou buscarem uma via alternativa de regularização.

A secretária de Segurança Nacional dos EUA, Kirstjen Nielsen, argumentou que "já não existem as condições originais" que justificavam a proteção especial para um total de 263.282 salvadorenhos até o fim de 2016.

Indagada se para a decisão foram levados em consideração os altos níveis de violência no país centro-americano, ela confirmou que só se consideraram os aspectos pelos quais a proteção foi concedida, nenhum outro. A violência local era uma razão apresentada por ativistas para reivindicar a prorrogação do TPS.

Nielsen assegurou que o período de 18 meses bastará para os afetados pela medida "prepararem a partida" para seu país de origem ou providenciarem outra maneira de permanecer nos EUA legalmente.

Em 2011, filhos de imigrantes pediam em San Salvador que presidente Obama concedesse residência permanente a seus paisFoto: picture-alliance/dpa/R.Escobar

De volta a um país estranho

O governo de El Salvador, a comunidade salvadorenha nos Estados Unidos e ativistas pró-imigrantes vinham batalhando há meses pela manutenção do TPS, ou pelo menos por sua prorrogação por seis meses.

Ao ser adotada durante o governo de George W. Bush, a permissão temporária de residência e trabalho também se estendeu a outros cidadãos do país centro-americano chegados nas décadas de 1980 e 1990, em fuga da guerra civil e de suas consequências. No entanto o Executivo de Donald Trump decidiu aplicar a linha-dura migratória e encerrar o programa para os salvadorenhos, como já fizera com o benefício para nicaraguenses e haitianos.

A decisão poderá resultar na deportação de milhares de imigrantes – que vivem nos EUA há décadas e cujos filhos são cidadãos americanos – para um país estranho para eles, com um dos mais altos índices de assassinatos do mundo e um alarmante problema com quadrilhas criminosas.

Numa última tentativa de demover Washington da decisão, durante este fim de semana o Ministério do Exterior em San Salvador evocou, numa série de tuítes, os benefícios dos salvadorenhos para a economia e cultura americanas, apontando que 95% dos beneficiados pelo TPS são empregados ou têm negócios próprios.

Outro aspecto apontado por autoridades salvadorenhas e especialistas em migração são as possíveis consequências para o próprio país centro-americano. Residentes em El Salvador recebem anualmente bilhões de dólares de seus parentes emigrados para os EUA. A súbita retirada dessa fonte de divisas promete ser um duro golpe para a economia nacional.

AV/afp,rtr,efe

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