EUA prendem três homens por suspeita de tentar aderir ao EI
26 de fevereiro de 2015
Dois cazaques e um uzbeque, moradores de Nova York, são detidos sob suspeita de tentar aderir ao grupo jihadista "Estado Islâmico" na Síria e por planejarem ataques em território americano.
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Três moradores de Nova York foram presos nesta quarta-feira (25/02) por suspeita de planejarem viajar à Síria para aderir ao grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI). Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, eles também falavam de um atentado para matar o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e em explodir uma bomba no centro de Nova York.
Os três homens – identificados como Habibov Abror, de 30 anos, e Abdurasul Hasanovich Juraboev, de 24, ambos do Uzbequistão, e Akhror Saidakhmetov, de 19, do Cazaquistão – foram acusados de conspiração por fornecer apoio a uma organização terrorista internacional.
Os acusados queriam unir-se ao Estado Islâmico, voando para a Turquia, e planejavam cometer atos de terrorismo nos EUA caso não conseguissem viajar, incluindo matar agentes do FBI, disse o vice-diretor do FBI em Nova Iorque, Diego Rodriguez.
O cazaque Akhror Saidakhmetov foi preso durante a manhã ao tentar embarcar num voo para a Istambul a partir do aeroporto John F. Kennedy. O uzbeque Abdurasul Hasanovich Juraboev também tinha um bilhete para a Turquia, mas deixaria os Estados Unidos apenas no próximo mês, de acordo com o Ministério Público. Os dois agora devem comparecer perante as autoridades judiciais do Brooklyn.
Já o terceiro suspeito, o também uzbeque Habibov Abror, é acusado de ajudar Saidakhmetov a se unir às fileiras da organização jihadista. Ele foi preso no estado da Flórida e deve ser levado à Justiça de Jacksonville.
A polícia vinha monitorando os três no Brooklyn desde agosto do ano passado. Eles eram suspeitos de postar mensagens online em apoio ao terrorismo do EI e a atos de violência dentro e fora do território americano.
MSB/lusa/dpa
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
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Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
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Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
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Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
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Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
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As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.