Secretário de Estado americano elogia compromissos assumidos por Pyongyang em cúpula bilateral das Coreias e estabelece janeiro de 2021 como prazo limite para o fim do programa nuclear norte-coreano.
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Depois de a Coreia do Norte anunciar que vai desativar instalações-chave para testes de mísseis na presença de especialistas internacionais, os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira (19/09) estarem prontos para retomar as negociações com Pyongyang e estabeleceram janeiro de 2021 como prazo limite para o fim do programa nuclear norte-coreano.
Em comunicado, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, elogiou os "compromissos importantes" assumidos por Pyongyang na cúpula intercoreana. Diante destes avanços, o chefe da diplomacia dos EUA destacou que Washington está disposto a retomar "imediatamente" as negociações para reestabelecer as relações entre os países.
Pompeo afirmou que gostaria de se reunir com o ministro do Exterior da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU, que ocorre na próxima semana.
"Isso marcará o começo das negociações para transformar as relações entre EUA e Coreia do Norte por meio de um processo de rápida desnuclearização da Coreia do Norte, que deve ser completado até janeiro de 2021, como se comprometeu o líder Kim [Jong-um]", completou o secretário.
Pompeo fazia referência à declaração assinada pelo presidente americano, Donald Trump, e Kim durante o histórico encontro em Singapura. Em troca de garantias de sobrevivência do regime por parte dos EUA, o líder norte-corerano disse topar a desnuclearização do país.
Os dois líderes, porém, não estabeleceram prazos para que esses objetivos fossem atingidos. A data limite para o fim do programa nuclear da Coreia do Norte mencionada nesta quarta-feira por Pompeo coincide com o término do mandato de Trump.
As negociações entre as partes tinham esfriado nas últimas semanas devido às diferenças sobre como realizar o processo. Pyongyang exigia avanços na assinatura de um tratado de paz com a Coreia do Sul para pôr fim ao estado de guerra na península, que se mantém desde 1953. Como contrapartida, Kim promoveria medidas concretas para desmantelar seu arsenal nuclear.
Durante a cúpula desta terça-feira, Kim mandou um sinal para Trump e se ofereceu a fechar permanentemente a usina de Yongbon, onde o país produz combustível para as bombas atômicas. Em troca, os EUA devem tomar "medidas correspondentes" estipuladas na cúpula de Singapura.
O anúncio foi feito por Kim durante a terceira reunião com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, neste ano. Os líderes se reuniram em Pyongyang e concordaram em transformar a Península Coreana numa "terra de paz e sem armas nucleares".
CN/efe/lusa/afp/rtr
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Apesar do destaque no noticiário internacional, nação asiática continua sendo uma das mais isoladas do mundo. Em várias visitas ao país, o instagrammer Pierre Depont tentou capturar a vida cotidiana dos norte-coreanos.
Foto: DW/P.Depont
Traços de normalidade
Apesar da imagem de reclusa, a Coreia do Norte convida estrangeiros a descobrirem suas atrações. Mas viajar como turista não significa passear livremente pelo país, pois guias especiais devem acompanhar cada passo do visitante. As restrições não desencorajaram o instagrammer britânico Pierre Depont, que visitou o país sete vezes, capturando traços de normalidade no cotidiano dos norte-coreanos.
Foto: DW/P. Depont
Capitalismo rastejante
Depont visitou a Coreia do Norte pela primeira vez em 2013 e, desde então, ele estuda as transformações no país autoritário. Nos últimos dois ou três anos, ele observou que “em Pyongyang, tornou-se aceitável exibir a própria riqueza”. Com uma classe média cada vez maior e um boom das construções, a capital norte-coreana parece estar desafiando sanções econômicas internacionais.
Foto: Pierre Depont
Estilo em Pyongyang
Estabelecer contato com pessoas comuns não é fácil na Coreia do Norte, segundo Depont. "Tive algumas conversas aleatórias com estranhos, sempre ouvidas por um dos guias.” De acordo com as experiências do instagrammer, a maioria dos norte-coreanos não gosta de ser fotografado. “As mulheres norte-coreanas estão definitivamente ficando mais estilosas. Mas só é possível notar isso nas cidades.”
Foto: DW/P. Depont
Urbano X rural
Esta estação de metrô em Pyongyang deslumbra passageiros com o que parecem ser paredes de mármore e candelabros. Para Depont, a Coreia do Norte é um lugar ideal para a fotografia. “Você não encontra nenhuma publicidade, nenhuma distração”, diz. Mas enquanto a capital, onde vive a elite, parece estar prosperando, outras partes do país permanecem assoladas pela pobreza.
Foto: Pierre Depont
Dificuldades ocultas
A Coreia do Norte continua sendo uma sociedade altamente militarizada e predominantemente agrícola. Turistas, no entanto, não conseguem ver muito das condições de vida da população rural. “Cada pedacinho de terra é cultivado, cada metro quadrado é usado”, conta Depont.
Foto: Pierre Depont
Abundância encenada?
Turistas interessados na vida fora das cidades norte-coreanas são levados em visitas guiadas a cooperativas agrícolas. Quando Depont visitou uma fazenda do tipo, próxima a Hamhung, segunda maior cidade do país, ela exibia uma pequena venda, com uma variedade de mercadorias ordenadamente expostas. Depont disse ter tido a impressão de que se tratava de um comércio de fachada, só para ser mostrado.
Foto: DW/P.Depont
Escolas de elite
Uma parada numa escola modelo é um ponto importante de muitos tours na Coreia do Norte. A colônia de férias internacional Songdowon foi reaberta em 2014 e recebeu a visita do atual líder do país, Kim Jong-un. “Há algo de irreal no lugar”, conta Depont. “As crianças brincam na sala de jogos, usando fliperamas e cerca de 20 computadores modernos.”
Foto: DW/P.Depont
Militarismo onipresente
O setor militar é fundamental para a identidade do país e para o sustento de sua sociedade. Cerca de um quarto da população trabalha como funcionário militar. Pyongyang tem um dos maiores orçamentos militares do mundo em relação à sua economia. Desde pequenos, os norte-coreanos crescem em meio a um imaginário militar. Depont se deparou com esse tanque em miniatura num playground perto de Hamhung.
Foto: Pierre Depont
Adoração ritualizada
Além do militarismo, o alto nível de controle político e o culto à personalidade de Kim Jong-un e seus predecessores são onipresentes. A adoração cotidiana ao líder supremo impressionou Depont. “Você vê a quantidade de dinheiro e esforço dedicados a sustentar a história dos grandes líderes e suas grandes estátuas.”