EUA reduzem definitivamente presença diplomática em Cuba
3 de março de 2018
Depois de supostos "ataques cirúrgicos" contra diplomatas, Washington torna definitiva decisão de retirar mais da metade de funcionários de sua embaixada em Havana, que passa a ser considerada posto diplomático.
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Os Estados Unidos anunciaram na noite desta sexta-feira (02/03) a redução definitiva da sua presença diplomática em Cuba, confirmando uma decisão provisória tomada após uma série de misteriosos ataques supostamente com frequências acústicas contra diplomatas americanos na ilha do Caribe.
Paralelamente, o governo reiterou o seu apelo aos cidadãos americanos para que evitem deslocar-se a Cuba, devido a esses "ataques cirúrgicos" que visaram a diplomatas americanos na capital, causando-lhes perda de audição, vertigens, insônia ou ainda problemas de visão.
"Ainda não temos respostas definitivas quanto à origem ou causa dos ataques" e a investigação está ainda em curso, indicou o Departamento de Estado americano. No total, 22 diplomatas americanos foram afetados pelos supostos ataques, entre o final de 2016 e meados de 2017.
Durante meses, Washington definiu esses ataques como "sônicos", mas numa audiência no Senado, no dia 9 de janeiro, o Departamento de Estado admitiu pela primeira vez que não tinha certeza se o método usado foi acústico.
Redução diplomática
No fim de setembro do ano passado, Washington reduziu em quase dois terços o pessoal da sua embaixada em Havana, que funciona desde então com um número muito reduzido de funcionários, e mesmo as famílias dos diplomatas que ficaram tiveram de abandonar a ilha.
A decisão administrativa era apenas temporária e o seu prazo expiraria neste domingo, razão pela qual o Departamento de Estado em Washington indicou em comunicado que, a partir desta segunda-feira (5/3), um novo "estatuto permanente" entrará em vigor.
A embaixada de Havana passará a ser considerada um posto diplomático cujos funcionários não podem ser acompanhados pelas respectivas famílias e "continuará a operar apenas com o pessoal estritamente indispensável para realizar as tarefas diplomáticas e consulares prioritárias", precisou o Departamento de Estado.
Após a redução, o Departamento de Estado repassou à sua embaixada em Bogotá as solicitações de vistos de cidadãos cubanos, que agora devem viajar à Colômbia para realizar os trâmites e a qualquer outro país no caso de vistos de turismo.
Havana desmente envolvimento
Havana desmente formalmente qualquer envolvimento no caso, e o diretor-geral encarregado dos Estados Unidos no Ministério do Exterior cubano, Carlos Fernández de Cossio, afirmou tratar-se de uma decisão de Washington "de carácter político e que nada tem que ver com a segurança do pessoal oficial americano" em Cuba.
"O governo dos EUA tem provas suficientes de que Cuba é um país seguro para os diplomatas americanos e de qualquer outro país, assim como para os cidadãos cubanos e os mais de quatro milhões de visitantes estrangeiros" que viajam para a ilha a cada ano, argumentou o diplomata cubano em rede social.
Além disso, ele criticou o Departamento de Estado por voltar a usar o termo "ataque", quando "sabe perfeitamente que em Cuba não ocorreram nem ataques, nem qualquer outro tipo de atos deliberados" contra diplomatas americanos.
Arrefecimento de relações
Sem saber quem são os autores, os Estados Unidos consideram as autoridades cubanas responsáveis, em última análise por não terem conseguido garantir a segurança dos diplomatas. Esta crise interrompeu o degelo diplomático iniciado sob a presidência de Barack Obama e travado pelo atual presidente, Donald Trump, desde a sua chegada ao poder, em janeiro de 2017.
A decisão arrefece as relações entre os dois países e limita a capacidade americana de desempenhar um papel na sociedade civil da ilha comunista, que se prepara para seu primeiro presidente não-Castro em 60 anos.
"Perdemos a oportunidade estratégica de levar Cuba à nossa esfera de interesses", disse Vicki Huddleston, ex-chefe da missão de interesses americanos, que funcionou até 2015 junto à embaixada suíça em Havana.
Raúl Castro deve renunciar à presidência em abril. Neste ano, esperam-se grandes mudanças na política econômica em Cuba, como a unificação das taxas de câmbio múltiplas e um possível ajuste de curso em reformas de mercado.
A medida também prejudicará as famílias cubano-americanas divididas pelo estreito da Flórida, que têm lutado para obter vistos de entrada nos EUA, desde que o país cortou a equipe de sua embaixada em setembro. A administração do presidente Donald Trump também expulsou 15 diplomatas cubanos estacionados nos Estados Unidos.
CA/lusa/efe/rtr
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Cuba: o clã dos Castro
A árvore genealógica de Fidel Castro é vasta e ramificada. A família ganhou destaque nesta semana após a morte de Ramón Castro, irmão mais velho do ex-dirigente. Conheça nessa galeria os rostos do clã
Foto: picture-alliance/dpa
Onde tudo começou
Ángel Castro Argiz nasceu nesta casa em Láncara, na província galega de Lugo, no noroeste da Espanha. Em 1899 ele chegou a Havana. Após ser bem-sucedido em vários negócios, se converteu em latifundiário e casou-se com sua primeira mulher, María Luisa Argota Reyes. A união fracassou, e Angel casou em 1943 com Lina Ruz González. Eles tiveram sete filhos, entre eles Fidel e Raúl Castro.
Foto: picture-alliance/dpa/J.M. Castro
Lina Ruz
A mãe de Fidel Castro. Com ela, Ángel Castro Ariz manteve uma relação extraconjugal e teve uma primeira filha, Ángela, quando ainda estava casado com María Luisa Argota, com quem já tinha dois filhos. Nesta imagem, uma funcionária da Casa Museu Fidel Castro mostra uma fotografia de Fidel, Raúl e Ramón Castro. Ao lado, um retrato da mãe do trio, Lina Ruz.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Soler
Fidel Castro
Foi primeiro-ministro (1959-1976) e presidente de Cuba (1976-2008) e se manteve como primeiro-secretário do Partido Comunista até 2011, quando transferiu todos os poderes ao seu irmão Raúl. Fidel tem dez filhos conhecidos: o mais velho, Fidel Ángel, é fruto do casamento com Mirta Díaz-Balart; outros cinco, da união com Dalia Soto del Valle; outros quatro foram gerados em casos extraconjugais.
A segunda mulher de Fidel Castro, com quem ele se casou em 1980. O casal tem cinco filhos. Todos têm nomes iniciados com a letra "A". Alexis, Alexander, Antonio, Alejandro e Ángel. Discreta, Dalia sempre viveu sob a sombra do "comandante". Em 2015, durante uma visita do presidente François Hollande a Fidel, em Havana, muitos a confundiram com uma assessora.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Ernesto
Raúl Castro
É presidente de Cuba desde 2008. Raúl casou-se com Vilma Espín em 1959 e teve quatro filhos. Dois são bem conhecidos: Mariela Catro, uma política e sexóloga de renome que atua como diretora do Centro Nacional de Educação Sexual de Cuba; e Alejandro Castro, que ostenta a patente de coronel e atua como assistente pessoal do pai.
Foto: picture alliance/AP Photo/D. Boylan
Vilma Espín
A falecida mulher de Raúl Castro foi uma destacada dirigente política da Revolução Cubana e membro do Movimento 26 de Julho. Ela estudou engenharia química e foi membro do Comitê Central do Partido Comunista cubano de 1965 até a sua morte. Ela se casou com Raúl em 1959. O casal teve quatro filhos: Deborah, Mariela, Nilsa e Alejandro. Vilma morreu em consequência de um câncer em junho de 2007.
Foto: Imago/GranAngular
Ramón Castro
O irmão mais velho de Fidel e Raúl Castro faleceu no dia 23 de fevereiro de 2016 em Havana, aos 91 anos. Nascido em 14 de outubro de 1924, Ramón Castro cooperou com a guerrilha liderada pelo seu irmão Fidel e o Movimento 26 de Julho. Após o triunfo da revolução, ele desempenhou diferentes atividades no setor agropecuário.
"A última vez que falei com meu irmão Raúl foi em 18 de junho de 1964, um dia antes da minha partida." Após descobrir em primeira mão os excessos da Revolução, Juanita exilou-se no México e depois em Miami. Em 1965, ela obteve a nacionalidade americana. Crítica da política cubana, ela admitiu ter colaborado com a CIA em 1963. Em 2009, publicou "Fidel e Raúl, meus irmãos – a história secreta".
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Alina Fernández
Uma das filhas que Fidel teve em seus relacionamentos extraconjugais e que foi reconhecida pelo comandante. Ela passou a sua infância junto com a mãe, Natalia Revuelta, e foi registrada com o sobrenome do marido dela. Por causa da sua crescente insatisfação política, Alina abandonou o país em 1993, contra a vontade do pai. Em 1997 ela publicou o livro "Memórias da Filha de Fidel Castro".
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Fidel Ángel Castro Díaz-Balart
É o filho de Fidel com sua primeira esposa, Mirta Díaz-Balart. Após se formar na Universidade de Lomonosov, em Moscou, Fidel Ángel esteve ligado ao Instituto Kurchatov, uma instituição soviética para pesquisa de energia atômica. Na década de 1980, ele esteve vinculado ao desenvolvimento do setor atômico em Cuba, onde fundou o Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Nucleares de Havana.
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Alex Castro
Nascido em 1963, é um dos três filhos de Fidel com mais exposição pública. É artista e atua como fotógrafo oficial do seu pai. Há algumas semanas, declarou em entrevista que compreende a retomada das relações de Cuba com os Estados Unidos como "algo lógico". Também afirmou que Fidel "sempre esteve de acordo com a reaproximação e o restabelecimento das relações entre os dois países".
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Antonio Castro
É filho de Fidel Castro com Dalia Soto. É um cirurgião que atua como médico da equipe nacional de beisebol de Cuba e presidente da federação cubana desse esporte. Ao longo da sua vida foi protagonista de vários escândalos.