EUA registram 300 mil mortes a mais do que o normal em 2020
21 de outubro de 2020
Dois terços das mortes adicionais são atribuídas à covid-19, mas óbitos restantes podem estar indiretamente relacionados à pandemia, aponta análise.
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Um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos divulgado nesta terça-feira (20/10) aponta que, desde o início da pandemia de covid-19, o país já teve 300 mil mortes a mais do que o habitual em 2020.
O CDC revisou as mortes registradas de 26 de janeiro a 3 de outubro e comparou os números com os índices de 2015 a 2019 no mesmo período. Normalmente, entre o início de fevereiro e o final de setembro, são registrados cerca de 1,9 milhão de mortes no país. Este ano, porém, o número se aproxima de 2,2 milhões – um aumento de 14,5%.
Os pesquisadores estimam, portanto, que 299.028 pessoas morreram nos EUA neste período a mais do que o esperado, com cerca de dois terços das mortes (198.081) atribuídas à covid-19 e o restante, a outras causas.
No entanto, segundo o CDC, embora as cerca de 100 mil mortes restantes não sejam de pessoas que contraíram o coronavírus, muitas delas podem estar indiretamente relacionadas à pandemia. Por exemplo: alguém com sintomas de ataque cardíaco pode ter hesitado em ir a um hospital por ele estar lotado de pacientes com covid-19.
Os Estados Unidos são o país do mundo mais afetado pela pandemia de covid-19. Segundo levantamento da universidade americana Johns Hopkins, mais de 8,2 milhões de casos e mais de 221 mil mortes relacionadas à doença foram registradas oficialmente no país até esta quarta-feira.
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Tendências preocupantes
A análise do CDC destaca duas tendências preocupantes. Os pesquisadores descobriram uma alta porcentagem de mortes em excesso em um grupo inesperado: jovens adultos. Além disso, há muito mais mortes que o habitual entre pessoas não brancas.
A maioria das mortes adicionais ocorreu na faixa etária entre 75 e 84 anos: 95 mil óbitos a mais, um índice 21,5% mais alto do que o normal. No entanto, embora a pandemia tenha matado principalmente americanos mais velhos, o maior aumento ocorreu entre adultos de 25 a 44 anos: um salto de 26,5% em relação ao número de mortes habitual.
O número de mortes entre adultos de 45 a 64 anos aumentou 15%, e 24% entre aqueles com idades entre 65 e 74 anos. No grupo de pessoas com menos de 25 anos, as mortes ficaram 2% abaixo da média.
As mortes aumentaram em diferentes grupos raciais e étnicos, mas o maior crescimento (54%) ocorreu entre hispânicos. Os óbitos ficaram 33% acima da média entre os negros, e 37% entre os descendentes de asiáticos. Entre os americanos brancos, esse índice foi bem menor: 12%.
Muitos especialistas acreditam que medir as mortes além das habituais rastreia o impacto da pandemia com mais precisão do que a taxa de mortalidade da doença em relação ao número de casos. Eles também alertam que o número de mortos pode continuar subindo se medidas para contenção da covid-19 não forem tomadas.
"Este é um de vários estudos, e o resultado final é que há muito mais americanos morrendo em razão da pandemia do que as notícias sugerem", afirmou o Dr. Steve Woolf, diretor emérito do Centro de Sociedade e Saúde da Virginia Commonwealth University, ao jornal The New York Times (NYT).
Segundo ele, é provável que os EUA tenham mais de 400 mil mortes em excesso até o final do ano, se as tendências atuais se mantiverem.
Segundo Paul Sutton, um dos autores da análise, o estudo tinha como objetivo avaliar o número de mortes não esperadas em circunstâncias normais. Ao NYT, Sutton disse que os resultados indicam que a pandemia "está tendo um impacto tremendo e significativo sobre as mortes no país e pode se estender para muito além das mortes que são classificadas diretamente como mortes por covid".
Pandemia domina campanha eleitoral
A menos de duas semanas das eleições presidenciais americanas, em 3 de novembro, a pandemia tem dominado as campanhas do presidente Donald Trump, que concorre à reeleição pelo Partido Republicano, e de seu principal adversário, o democrata Joe Biden, ex-vice-presidente na gestão de Barack Obama.
Mesmo após contrair a covid-19, Trump segue minimizando a doença , usando máscara raramente e defendendo as ações de seu governo em relação ao coronavírus. Biden critica as medidas de Trump , argumenta que muitas mortes poderiam ter sido evitadas e só é visto em público de máscara.
LE/ap,ots
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.