EUA registram mais de 1 milhão de casos de covid em um dia
4 de janeiro de 2022
Recorde mundial é registrado em meio à disseminação da variante ômicron. Especialista afirma que país tem aumento "quase vertical" das infecções e que pico ainda não foi atingido.
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Com a variante ômicron do coronavírus se espalhando pelo país, os Estados Unidos registraram nesta segunda-feira (03/01) o recorde de mais de um milhão de casos de covid-19 em um único dia, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
Foram 1.080.211 novas infecções pelo coronavírus no país em apenas 24 horas. Trata-se de um novo recorde mundial, batendo o anterior de mais de 500 mil casos diários nos EUA na semana passada. O número, porém, pode estar distorcido devido a um atraso na divulgação de dados em razão do período de festas de fim de ano.
O registro do recorde ocorreu um dia depois de o principal assessor do governo em relação a pandemia, Anthony Fauci, dizer que o país vive "um aumento quase vertical" dos casos de covid-19, acrescentando que o pico poderia ocorrer somente em algumas semanas.
A ômicron, mais transmissível que outras cepas, foi responsável por cerca de 59% dos casos de covid-19 nos Estados Unidos na semana que se encerrou em 25 de dezembro, de acordo com dados do governo.
Nos últimos sete dias, o país registrou 3,4 milhões de casos, com uma média de 486 mil infecções diárias. Nas ondas anteriores do coronavírus, o recorde de contágios havia sido de cerca de 258 mil casos por dia, na semana de 5 a 11 de janeiro de 2021.
Esperança vinda da África do Sul
Fauci disse que o que ocorreu na África do Sul traz alguma esperança aos EUA. No país africano, a ômicron foi detectada pela primeira vez no final de novembro de 2021 e atingiu rapidamente o pico – logo depois, os contágios começaram a diminuir com a mesma rapidez.
Apesar do recorde de casos, as taxas de mortalidade e hospitalização nos EUA têm sido muito mais baixas nas últimas semanas do que durante ondas anteriores da doença.
Com 9.382 mortes nos últimos sete dias, o número de óbitos no país caiu 10% em relação ao total registrado na semana anterior. Ainda assim, o país registra atualmente uma em cada cinco mortes por covid-19 contabilizadas por dia no mundo.
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Equilíbrio entre saúde e economia
As autoridades têm lutado para encontrar um equilíbrio que proteja a saúde pública sem prejudicar gravemente a economia e os serviços essenciais, como o policiamento e as viagens aéreas.
O forte aumento de contágios, sobretudo em Nova York, fez muitas empresas regressarem ao trabalho remoto. A capital econômica dos EUA, que foi um dos epicentros da pandemia na primeira onda em março de 2020, registra agora níveis recordes de contágios: foram 85 mil casos no último sábado. Além disso, há um aumento evidente das hospitalizações em Nova York: 9.500 nesta terça-feira.
Novas medidas
Na semana passada, os EUA reduziram para cinco dias o período de isolamento para casos assintomáticos de covid-19, em uma tentativa de frear a interrupção em massa de alguns setores induzida pela ômicron. Na aviação, por exemplo, milhares de voos comerciais foram cancelados por falta de tripulação e pessoal em terra, já que um grande número de pessoas teve que cumprir isolamento por ter tido covid-19 ou por ter estado com alguém que testou positivo para a doença.
Nesta segunda-feira, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora dos EUA, aprovou a terceira dose da vacina da Pfizer-BioNTech para crianças de até 12 anos, antes da reabertura das escolas após os feriados de Natal e Ano Novo.
Mais de 60% da população dos EUA já tem o esquema vacinal original completo, e 33% já tomou uma dose de reforço.
Nesta terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, se reunirão com a equipe médica que assessora a Casa Branca para rever a situação da covid-19 no país.
No total, desde o início da pandemia, os Estados Unidos já contabilizaram 56,2 milhões de casos de coronavírus e mais de 827 mil mortes relacionadas à doença, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, sendo o país mais afetado pela covid-19.
le/lf (AFP, Efe, Lusa, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine