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EUA: Repressão na Turquia ameaça combate ao EI

29 de julho de 2016

Diretor de Inteligência Nacional americana diz que prisões e expurgos resultam em retrocesso na cooperação militar. Ministro turco do Exterior considera "infelizes" tais declarações.

James Clapper
O diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper, teme retrocesso na cooperação com os turcosFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Scott Applewhite

As medidas tomadas pela Turquia em relação a militares que tiveram papel central na luta contra o "Estado Islâmico" (EI) podem prejudicar os esforços internacionais de combate à organização extremista, afirmou nesta quinta-feira (28/07) o diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper.

Após a tentativa fracassada de golpe de Estado na Turquia há duas semanas, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reagiu com medidas repressivas, ordenando a prisão de mais de 15 mil pessoas, incluindo 10 mil militares.

Durante uma conferência sobre segurança em Aspen, no Colorado, Clapper disse que muitos dos oficiais que colaboraram com os americanos foram "expurgados ou presos". Segundo afirma, isso "afeta todos os segmentos da segurança nacional da Turquia". "Não há dúvidas de que haverá um retrocesso e maiores dificuldades na cooperação com os turcos."

A Turquia abriga tropas e aviões de combate americanos na base aérea da Otan em Incirlik, além de postos de escuta e uma base da CIA, por meio da qual a central americana de inteligência fornece apoio a grupos rebeldes moderados na Síria.

O general do Comando Central militar dos EUA Joseph Votel disse que a base em Incirlik, que, segundo especulações, abrigaria ogivas nucleares americanas, voltou a operar normalmente. Ele disse estar mais preocupado com os impactos no longo prazo nas operações antiterroristas americanas no Oriente Médio.

Declarações "infelizes"

Votel afirmou, sem entrar em detalhes, que havia ainda outros atritos nas relações entre os dois países. "Temos meios de atenuá-los, de lidar com isso agora", afirmou. "É o que estamos fazendo."

O governo de Erdogan culpa o clérigo muçulmano e líder do movimento Hizmet, Fethullah Gülen – atualmente em exílio voluntário nos EUA –, e seus seguidores de estarem por trás da tentativa de golpe, e exige de Washington a deportação do líder sunita. Gülen, por sua vez, nega as acusações.

Nesta sexta-feira, o ministro do Exterior da Turquia, Mevlut Cavusoglu, considerou "infelizes" as declarações de Clapper. "Se eles questionam se a luta contra o Daesh [nome em árabe do "Estado Islâmico"] foi abalada pelos expurgos no Exército, dizemos que ocorre o contrário. Com a limpeza, ele se torna mais confiável e efetivo nos combates", afirmou.

RC/dpa/rtr

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