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EUA retomam uso da vacina da Johnson & Johnson

24 de abril de 2021

Aplicação havia sido suspensa para análise de ocorrência rara de coágulos sanguíneos em mulheres vacinadas. Autoridades afirmam que benefícios superam os riscos.

Vacinas da Johnson e uma seringa
Agência europeia também recomenda o uso do imunizanteFoto: Dado Ruvic/REUTERS

Agências reguladoras de saúde dos EUA autorizaram nesta sexta-feira (23/04) a retomada do uso da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Johnson & Johnson, após uma suspensão de 11 dias na administração do imunizante para analisar a ocorrência de casos raros de coágulos sanguíneos em mulheres vacinadas.

"Concluímos que os benefícios conhecidos e potenciais da vacina contra a covid-19 da Janssen [braço farmacêutico da Johnson & Johnson] superam seus riscos conhecidos e potenciais em indivíduos de 18 anos ou mais", disse Janet Woodcock, diretora da Administração de Alimentos e Remédios dos EUA (FDA, na sigla em inglês), em um comunicado conjunto com o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

"Não recomendamos mais a pausa no uso dessa vacina", disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky, em entrevista coletiva, acrescentando que a aplicação do imunizante seria retomada imediatamente. Ela disse que coágulos sanguíneos "extremamente raros" foram identificados, e que as agências reguladoras seguirão monitorando o uso da vacina.

A autoridades de saúde americanas haviam suspendido o uso da vacina da Johnson & Johnson em 14 de abril, depois de identificarem 15 pessoas que receberam o imunizante e desenvolveram um tipo de coágulo sanguíneo muito incomum.

Cerca de 8 milhões de pessoas já receberam até o momento a vacina, que é de dose única, ao contrário dos outros imunizantes já aprovados nos EUA, que requerem a administração de duas doses.

No fim de janeiro, a Johnson & Johnson informou que o imunizante tem eficácia média de 66% na prevenção da covid-19. Contra casos graves da doença e hospitalizações, a eficácia foi de 85%. A vacina pode ser armazenada por pelo menos três meses em temperaturas de 2 ºC a 8 ºC.

Quais são os possíveis riscos?

Todos os casos de coágulos sanguíneos ocorridos depois da vacinação com o imunizante ocorreram em mulheres, a maior parte delas com menos de 50 anos de idade. Três morreram e sete continuam hospitalizadas.

Os especialistas do CDC disseram que a vacina da Johnson & Johnson é importante para combater a pandemia, mas que também é importante que mulheres jovens sejam informadas sobre os riscos de forma clara e compreensível.

A análise foi feita por um grupo de 14 especialistas, dos quais dez votaram a favor da derrubada da suspensão e quatro pela sua manutenção. Eles decidiram também que devem ser incluídos avisos para as mulheres em materiais de divulgação disponíveis nos centros de vacinação.

O painel chegou a discutir restringir a faixa etária que poderia usar a vacina, mas decidiu não adotar essa medida. A Johnson & Johnson afirmou à FDA que adicionará um aviso no rótulo da vacina.

Europa também recomenda uso

A suspensão do uso da vacina em solo americano levou a Johnson & Johnson a adiar o lançamento de seu imunizante na União Europeia (UE), onde seu uso já havia sido aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em 11 de março.

A farmacêutica interrompeu o envio de doses para a UE e aconselhou governos europeus a armazenarem as doses que já haviam recebido até que a EMA emitisse uma nova orientação sobre o uso da vacina.

Na última terça-feira, a EMA informou, após análise, ter encontrado uma possível ligação entre a vacina da Johnson & Johnson contra a covid-19 e coágulos sanguíneos extremamente raros, mas reiterou que os benefícios do imunizante superam os riscos.

Segundo a EMA, seu comitê de segurança concluiu que um aviso sobre coágulos incomuns combinados com nível baixo de plaquetas deveria ser adicionado como "efeito colateral muito raro" ao rótulo da vacina. A agência já havia recomendado o mesmo para a vacina de Oxford/AstraZeneca.

Como a covid-19 "está associada a um risco de hospitalização e morte", a EMA insiste que "os benefícios globais da vacina da Janssen na prevenção da doença superam os riscos de efeitos secundários". A Johnson & Johnson retomou o envio de doses do imunizante para UE.

No Brasil, a vacina da Johnson & Johnson já teve seu uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e em março o Ministério da Saúde fechou contrato com a empresa para a aquisição de 38 milhões de vacinas. Segundo a pasta, 16,9 milhões de doses devem ser entregues em agosto e mais 21,1 milhões em novembro.  

bl (AP, Reuters, dpa, AFP)