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EUA revelam nova estratégia para armas nucleares

3 de fevereiro de 2018

Pentágono publica documento que, sem revisão desde 2010, descreve agora as ambições nucleares do governo Trump. Nova política prevê o desenvolvimento de armas atômicas menores para conter especialmente a ameaça russa.

Atomtest auf dem Mururoa-Atoll
Foto: picture-alliance/dpa

Os Estados Unidos pretendem renovar seu arsenal nuclear e desenvolver armas atômicas novas e menores, principalmente em resposta às ações recentes do governo russo, anunciou o Pentágono nesta sexta-feira (02/02) ao revelar a nova política americana de uso de armas nucleares.

As mudanças fazem parte da chamada Revisão da Postura Nuclear, documento que não era atualizado desde 2010 e, em sua nova versão, descreve as ambições nucleares do governo do presidente Donald Trump.

As autoridades americanas argumentam que, ao investir em armas atômicas menores, os Estados Unidos vão dissuadir mais facilmente países como a Rússia de usarem armas nucleares em ataques contra a infraestrutura ou a população americana.

Leia tambémOs temores de uma nova corrida nuclear

As armas nucleares de baixo rendimento, embora ainda tragam resultados devastadores, possuem força de menos de 20 quilotons – aproximadamente o mesmo poder explosivo da bomba atômica lançada sobre a cidade japonesa de Nagasaki, em 1945, que matou mais de 70 mil pessoas.

O argumento americano para produzir bombas de baixo rendimento é de que bombas nucleares mais poderosas – como as que a Coreia do Norte alega possuir – são tão catastróficas que nunca seriam de fato detonadas, pois seu uso provavelmente resultaria em retaliação em grande escala e poderia eliminar a humanidade do mapa.

Se Moscou acreditar que Washington possui um arsenal de armas nucleares tão catastróficas que nunca seriam usadas, um ataque russo contra os EUA seria mais provável, alegam os americanos. Por outro lado, o desenvolvimento de bombas nucleares menos potentes desafiaria essa suposição.

O documento explica que, ao investir em armas nucleares menores, o Pentágono contraria as "percepções errôneas" dos adversários de que Washington não responderia a um ataque de outro país com suas bombas de baixo rendimento.

Ou seja, na prática, a nova política flexibiliza a utilização de armamento atômico pelos EUA, apesar de o governo destacar que isso só será empregado em "circunstâncias de extrema gravidade". 

"A estratégia desenvolve capacidades que visam tornar o uso de armas nucleares menos provável", defendeu Trump em comunicado. "Ela aumenta a dissuasão de ataques estratégicos contra nossa nação e nossos aliados e parceiros, que podem não vir na forma de armas nucleares."

O presidente ainda alegou que a nova política reafirma o compromisso americano "de controle de armas e da não proliferação nuclear", bem como "se compromete a melhorar os esforços para prevenir, detectar e responder ao terrorismo nuclear".

A nova tática não aumentaria o arsenal americano, que já é consideravelmente grande, mas apenas reutilizaria as ogivas já existentes – uma postura que contradiz uma declaração feita por Trump antes de chegar à Casa Branca, de que os EUA "devem fortalecer e expandir sua capacidade nuclear". 

Segundo o vice-secretário de Defesa dos EUA, Patrick Shanahan, o arsenal nuclear americano vem mantendo o país seguro por mais de 70 anos. "Não podemos permitir que ele se torne obsoleto", acrescentou o funcionário em entrevista coletiva em Washington.

Embora o documento expresse as preocupações do governo americano com países como Coreia do Norte, Irã e China, o foco recai principalmente sobre a Rússia.

"Esta é uma resposta à expansão russa de suas capacidades e à natureza de sua estratégia e doutrina", escreveu o secretário de Defesa, Jim Mattis, na introdução do documento de 75 páginas.

O texto diz ainda que a Rússia – que, segundo o Pentágono, considera os EUA e a Otan "as principais ameaças às suas ambições geopolíticas contemporâneas" – adota uma estratégia e doutrina que "enfatizam o potencial uso coercivo e militar de armas nucleares".

O documento marca uma quebra sombria na política americana de uso de armas nucleares adotada sob a gestão anterior, do ex-presidente Barack Obama, que durante um famoso discurso em Praga, em 2009, pediu a eliminação das armas nucleares em todo o mundo.

EK/afp/rtr/ap/efe/lusa

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