1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

EUA revogam autorização para uso de hidroxicloroquina

15 de junho de 2020

Agência reguladora retira permissão para uso emergencial do medicamento em pacientes com o novo coronavírus, afirmando que, com base em novas evidências, não é "razoável" acreditar na eficácia da droga contra a doença.

Hidroxicloroquina
FDA: "Não é razoável acreditar que os benefícios da hidroxicloroquina e da cloriquina superem seu risco"Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Locher

A Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos EUA que regulamenta o uso de medicamentos no país, revogou nesta segunda-feira (15/06) sua autorização para o uso emergencial da cloroquina e de seu derivado hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.

Com base em novas evidências, a FDA afirmou não ser mais "razoável" acreditar que os medicamentos podem ser eficazes contra a doença causada pelo novo coronavírus. 

"Também não é razoável acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais desses produtos superem seu risco conhecido e potencial", afirmou Denise Hinton, cientista-chefe da FDA.

A autorização do uso emergencial foi vista como um passo intermediário antes da aprovação definitiva e abriu caminho para que os medicamentos fossem doados de um estoque nacional a hospitais para combater a covid-19.

A revogação da autorização foi anunciada após uma série de estudos apontarem que as substâncias – usadas no tratamento de malária e das doenças autoimunes lúpus e artrite reumatoide – não são efetivas contra a covid-19 e podem levar a problemas cardíacos.

As propriedades anti-inflamatórias e antivirais da cloroquina e da hidroxicloroquina sugeriram que elas poderiam ajudar a combater a nova doença, e a FDA autorizou seu uso emergencial em março, no auge da pandemia contra a qual ainda não há tratamentos aprovados.

Embora tenham parecido neutralizar o vírus em experimentos laboratoriais, as substâncias ainda não tiveram sua eficácia contra a covid-19 comprovada em testes com humanos. Dois grandes ensaios clínicos neste mês, um no Reino Unido e outro nos EUA e no Canadá, sublinharam a falta de eficácia dos medicamentos.

Em março, o presidente Donald Trump afirmou, sem apresentar evidências, que a hidroxicloroquina, quando usada em combinação com o antibiótico azitromicina, tinha "uma chance real de ser um dos maiores divisores de água da história da medicina".

Posteriormente, Trump disse que estava tomando o medicamento preventivamente após dois funcionários da Casa Branca serem diagnosticados com covid-19.

No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também vem defendendo insistentemente o uso da droga contra a covid-19. Discórdias sobre o uso do medicamento teriam levado à demissão dos ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich em menos de um mês.

Após a saída de Teich, o governo mudou o protocolo sobre a droga e ampliou a possibilidade de seu uso em pacientes diagnosticados com o novo coronavírus.

No mês passado, os EUA forneceram 2 milhões de doses do medicamento ao Brasil. Nesta segunda-feira, Trump afirmou que, apesar de a FDA ter vetado o uso emergencial do fármaco, os EUA continuarão enviando hidroxicloroquina ao país sul-americano.

As diretrizes atuais do governo americano não recomendam o uso de medicamentos antimaláricos contra a covid-19 fora do âmbito de ensaios clínicos. Em maio, a França, a Itália e a Bélgica proibiram o uso da hidroxicloroquina em pacientes com covid-19.

Há cerca de 400 testes com hidroxicloroquina ou cloroquina listados como intervenções contra a covid-19, e mais da metade deles ainda está em andamento, de acordo com uma análise recente da empresa GlobalData.

Nos EUA, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas lançou no mês passado um teste com o objetivo de demonstrar se a hidroxicloroquina combinada com azitromicina pode evitar hospitalizações e mortes em decorrências da covid-19.

Recentemente, a cloroquina e a hidroxicloroquina estiveram no centro de um escândalo, quando os autores de um estudo publicado na prestigiada revista científica The Lancet pediram a retratação do material. O estudo havia levado à suspensão de ensaios clínicos com hidroxicloroquina e cloroquina pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pois a pesquisa apontava que os medicamentos não seriam benéficos para pacientes hospitalizados com covid-19 e poderiam até levar à morte.

Apesar de a OMS ter anunciado posteriormente a retomada do uso do fármaco em pesquisas sobre a covid-19 por ela coordenadas em vários países, a organização frisa que ainda não há evidências sobre a eficácia da droga em pacientes com a doença.

LPF/rtr/afp

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 
App | Instagram | Newsletter

Pular a seção Mais sobre este assunto