EUA terão feriado para comemorar fim da escravidão
18 de junho de 2021
Data já celebrada na maioria dos estados vai se tornar feriado federal. O "Juneteenth" lembra dia em que os últimos escravos negros foram libertados no país, em 1865.
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Após aprovação pelo Congresso dos Estados Unidos na véspera, o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris assinaram e converteram em lei nesta quinta-feira (17/06) um projeto que declara o 19 de junho um novo feriado federal, para comemorar o fim da escravidão no país.
A Câmara dos Representantes aprovou o texto por 415 votos a favor e 14 contra (todos republicanos), depois que o Senado deu seu aval na terça-feira, por unanimidade.
A data, também conhecida nos EUA como o "Juneteenth" – trocadilho com o mês de junho e a pronúncia do número 19 em inglês – comemora o dia em que os últimos escravos negros foram libertados em 1865 no porto de Galveston, no Texas.
Embora os últimos soldados sulistas da Confederação tenham se rendido em abril de 1865, os escravos de Galveston não foram libertados até os soldados da União chegarem com a notícia ao porto em 19 de junho. Já eram passados dois anos desde que o então presidente, Abraham Lincoln, abolira a escravidão, ainda durante a guerra civil.
Ao assinar a lei, Biden disse que a data é um lembrete do "terrível fardo que a escravidão causou para o país e continua a causar". "As grandes nações não ignoram seus mais dolorosos momentos, elas os abraçam", disse o presidente a cerca de 80 membros do Congresso, líderes comunitários e ativistas, incluindo Opal Lee, de 94 anos, que fez campanha durante décadas para fazer do dia 19 de junho um feriado federal.
Kamala lembrou aos convidados presentes na Casa Branca que estavam reunidos em uma "casa construída por escravos".
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O 12° feriado federal
O "Juneteenth" se tornou o décimo segundo feriado federal nos Estados Unidos. Essas 12 datas são obrigatórias apenas no setor público. A grande maioria dos estados – o Texas foi o primeiro, em 1980 – já reconhecia o dia como feriado local, que é há muitos anos uma data de comemoração, especialmente para a comunidade afroamericana nos Estados Unidos.
É o primeiro novo feriado federal desde a criação do Dia de Martin Luther King Jr., em 1983.
"Temos um longo caminho para a justiça racial nos Estados Unidos e não podemos chegar lá sem reconhecer o pecado original da escravidão em nosso país. Já era hora de o 'Juneteenth' ser um feriado federal", disse o autor do projeto nesta terça-feira, o democrata Edward Markey.
Oficialmente, o feriado vai se chamar "Dia Nacional da Independência Juneteenth", nome que tem provocado a rejeição de alguns republicanos, que argumentam que ele entra em conflito com o Dia da Independência dos Estados Unidos, comemorado todo dia 4 de julho. Outros questionaram que o feriado custará aos cofres públicos cerca de 600 milhões de dólares em salários.
md/as (Efe, AP, Reuters)
Protestos pela morte de George Floyd
Milhares se manifestaram nos Estados Unidos e até no Canadá contra o maltrato sistêmico de negros pela polícia, redundando em confrontações violentas. Trump contribuiu para acirrar os ânimos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/J. Cortez
"Não consigo respirar"
Protestos tensos contra décadas de brutalidade policial perante cidadãos negros se alastraram rapidamente de Minneapolis a outras localidades dos Estados Unidos. As manifestações começaram na cidade do centro-oeste após a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos: em 25/05/2020, um policial o algemou e pressionou o joelho em seu pescoço até ele parar de respirar.
Foto: picture-alliance/newscom/C. Sipkin
De pacífico a violento
No sábado, os protestos foram basicamente pacíficos, mas se tornaram violentos com o avançar da noite. Em Washington, a Guarda Nacional foi mobilizada diante da Casa Branca. Tiroteios no centro de Indianápolis deixaram pelo menos um morto: segundo a polícia, não havia agentes envolvidos. Policiais ficaram feridos em Filadélfia. Em Nova York, dois veículos da polícia avançaram contra uma multidão.
Foto: picture-alliance/ZUMA/J. Mallin
Saques e destruição
Em Los Angeles, manifestantes enfrentaram com brados de "Black Lives Matter!" (Vidas negras importam) os agentes da lei armados de cassetetes e revólveres com balas de borracha. Na cidade, assim como em Atlanta, Nova York, Chicago e Minneapolis, os protestos se transformaram em revoltas de massa, com saques e destruição de estabelecimentos comercias.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Pizello
Provocador de Estado
O então presidente Donald Trump ameaçou enviar militares para abafar os protestos: "Minha administração vai parar a violência de massa, e de uma vez só", anunciou, acirrando as tensões nos EUA. Apesar de ele ter culpado supostos grupos de extrema esquerda pelas agitações, o governador de Minnesota, Tim Walz, citou diversos relatos de que supremacistas brancos estariam incitando o conflito.
Foto: picture-alliance/ZUMA/K. Birmingham
Mídia na mira da polícia
Diversos jornalistas que cobriam os protestos foram atacados por policiais. Na sexta-feira (29/05), o correspondente da CNN Omar Jimenez e sua equipe foram presos em Minneapolis. A polícia local também atirou na direção de Stefan Simons, da DW, quando ele se preparava para transmitir ao vivo, na noite de sábado. Outros repórteres foram alvejados com projéteis ou detidos quando estavam no ar.
Foto: Getty Images/S. Olson
Além das fronteiras
As manifestações chegaram até o Canadá: no sábado milhares marcharam pelas ruas de Vancouver e Toronto. Nesta cidade, os participantes também lembraram a morte da afro-canadense Regis Korchinski-Paquet, de 29 anos, na quarta-feira (27/05), caída da varanda de seu apartamento no 24º andar, onde se encontrava só com policiais.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Shivaani
#GeorgeFloyd
Milhares também desfilaram diante da embaixada dos Estados Unidos em Berlim, manifestando indignação contra o homicídio de Floyd e o racismo sistêmico.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M:.Schreiber
Casa Branca cercada
A Força Nacional fez um cordão de isolamento, no domingo, para proteger a Casa Branca. O presidente Trump chegou a ser levado para um bunker na sede do Executivo, que foi alvo de manifestações por dias.
Foto: Reuters/J. Ernst
Soldados em Washington
Após Trump anunciar o uso de soldados para conter as manifestações, o Pentágono deslocou cerca de 1.600 militares para a área de Washington para apoiar as forças de segurança da capital caso seja necessário, diante dos protestos que marcaram uma semana da morte de Floyd. Na Alemanha, o ministro do Exterior, Heiko Maas, criticou a ameaça de Trump de usar militares armados contra os manifestantes.
Foto: Getty Images/AFP/W. McNamee
Recado de Obama
No dia em que a procuradoria endureceu as acusações contras os quatro policias envolvidos na ação, o ex-presidente dos EUA Barack Obama disse que protestos refletem "mudança de mentalidade" no país e incentivou os jovens a continuar realizando as manifestações. "Espero que (os jovens) sintam esperança, ao mesmo tempo que estão indignados, porque eles têm o poder de mudar as coisas", afirmou.
Foto: Reuters/J. Skipper
Funeral reúne centenas em Minneapolis
Centenas participaram de uma cerimônia fúnebre em homenagem a George Floyd em 04/06. Elas ficaram em silêncio por 8 minutos e 46 segundos, tempo em que Floyd ficou com o pescoço prensado pelo joelho de um policial. "É hora de nos levantarmos em nome de Floyd e dizer: tirem o seu joelho dos nossos pescoços", afirmou o reverendo e ativista pelos direitos civis Al Sharpton (foto) durante o funeral.