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EUA teriam indiciado Assange em sigilo

16 de novembro de 2018

Nome do fundador do Wikileaks é citado em documento legal que sugere que promotores estariam preparando secretamente acusações formais contra o jornalista, há oito anos refugiado em embaixada em Londres.

Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012
Assange está refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012Foto: Reuters/P. Nicholls

Um documento secreto divulgado por engano por um promotor americano sugere que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos teria indiciado em sigilo o fundador do Wikileaks, Julian Assange. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (16/11) pelo jornal The Washington Post, promotores estariam preparando acusações formais contra o jornalista.

No mês de agosto, o nome de Assange apareceu duas vezes em documentos enviados a um tribunal por um promotor do estado da Virginia, que tentava manter o sigilo em relação a outro caso. Num trecho do documento, o promotor diz que um mandado de busca e apreensão deve ser mantido "até que Assange seja preso em conexão com as acusações na queixa criminal e, dessa forma, não possa mais fugir ou evitar a prisão e extradição".

Em outro trecho, o promotor afirma que "devido à sofisticação do réu e o interesse público que cerca esse caso, nenhum outro procedimento poderia manter confidencial o fato de que Assange foi acusado". O documento do tribunal foi descoberto por Seamus Hughes, especialista em terrorismo do Programa sobre Extremismo da Universidade George Washington.

O Washington Post afirma que o texto do procurador não esclarece quais seriam as acusações contra Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres desde 2012. No passado, os EUA admitiram avançar em processos contra ele por acusações de conspiração, roubo de propriedade governamental ou violação da Lei de Espionagem após o Wikileaks divulgar documentos confidenciais em 2010.  

Em março de 2017 o Wikileaks publicou documentos confidenciais da CIA, a agência de inteligência dos EUA. Assange afirma que a Justiça americana o indiciou por esse e outros vazamentos de informação. Ele acredita que essas acusações estariam sob sigilo e que ele pode ser alvo de uma extradição para os EUA logo que deixe a embaixada equatoriana..

O Washington Post cita fontes próximas ao caso que confirmam que Assange estaria de fato sendo processado, ainda que não esteja claro quais acusações ele deverá enfrentar caso seja extraditado para os EUA.

Em comunicado, o advogado de Assange, Barry Pollack, afirmou não conhecer nenhuma acusação ao seu cliente. "A notícia de que acusações criminais teriam sido lançadas sobre Assange é mais preocupante do que o modo prejudicial com que estas informações foram reveladas"; observou.

Um virtual processo contra Assange poderia ajudar a esclarecer as suspeitas de que a Rússia teria colaborado com a campanha presidencial de Donald Trump. O procurador especial Robert Mueller investiga se a campanha republicana de 2016 teria sido beneficiada por uma suposta ingerência da Rússia.

A formalização de acusações contra o fundador do Wikileaks podem também sugerir que após anos de disputas internas no Departamento de Justiça, os promotores tenham decidido adotar táticas mais agressivas contra o Wikileaks. O ex-procurador geral dos EUA Jeff Session, demitido há poucos dias por Trump, havia declarado que a prisão de Assange seria uma prioridade.

Assange, de 47 anos, permanece foragido na embaixada equatoriana em Londres. Desde 2010 ele era procurado pelas autoridades da Suécia, acusado de estuprar duas mulheres. A Justiça sueca acabou arquivando o processo em maio de 2017, alegando não poder avançar nas investigações.

Entretanto, a Justiça britânica insiste que Assange deve responder por não ter comparecido a tribunal em 2012, como determinado pelos termos de sua liberdade condicional. Essa infração pode ser punida no Reino Unido com até um ano de prisão. O fundador do Wikileaks se recusa a deixar a embaixada, temendo a extradição para os EUA.

RC/lusa/ap

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