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EUA vivem onda de violência após júri livrar policial que matou jovem negro

25 de novembro de 2014

Lojas saqueadas, prédios incendiados e tiroteios marcaram a noite na pequena Ferguson, no estado de Missouri. Obama pede calma, mas reconhece que questão racial ainda é um problema grave no país.

Foto: Reuters/Adrees Latif

Tiros foram ouvidos e prédios foram incendiados em Ferguson, no estado americano do Missouri, após um grande júri decidir, nesta segunda-feira (24/11), não indiciar um policial branco que matou o jovem negro e desarmado Michael Brown. O caso ocorrido em agosto gerou protestos e reacendeu a discussão sobre a questão racial nos EUA.

Na manhã desta terça-feira, John Belmar, chefe de polícia de Ferguson, descreveu uma noite de violência furiosa e pior do que a esperada. Doze prédios ainda estavam em chamas horas depois de o veredicto ter sido anunciado, e 29 manifestantes foram presos, disse. Um policial foi baleado e ferido em University City, próxima a Ferguson, mas a polícia ainda não soube esclarecer se o incidente teve relação com protestos contra a decisão judicial.

O júri declarou não ter encontrado "nenhuma causa plausível" para indiciar o policial Darren Wilson. Parentes de Brown, que tinha 18 anos, disseram estar "profundamente desapontados com o fato de que o assassino do nosso filho não arcará com as consequências de seus atos".

A família pediu, entretanto, que simpatizantes "mantivessem os protestos pacíficos". "Responder à violência com violência não é a reação apropriada", disseram.

Quando as palavras de Robert McCulloch – procurador do condado St. Louis, no qual Ferguson está localizada – se espalharam, uma multidão se reuniu na delegacia de polícia de Ferguson e começou a gritar: "Sem justiça, não há paz". A polícia respondeu com gás lacrimogêneo aos manifestantes que tomaram as ruas de Ferguson, saqueando lojas e queimando carros, apesar dos apelos do presidente Barack Obama.

Pouco depois do anúncio do veredicto, o líder americano havia pedido calma ao fazer um pronunciamento na Casa Branca. "Somos uma nação construída com base no Estado de Direito. Precisamos aceitar que essa decisão cabia ao grande júri", disse.

"A situação em Ferguson reflete problemas maiores que ainda enfrentamos como nação", reconheceu Obama. "O fato continua sendo que, em muitas partes deste país, existe um desconfiança profunda entre policiais e comunidades negras", disse o presidente, insistindo que progresso não pode ser alcançado "quebrando janelas".

Além de Ferguson, onde a maioria da população é negra, protestos também ocorreram em Nova York, Chicago, Seattle, Los Angeles, Oakland e Washington.

O júri se reuniu durante 25 dias, desde 20 de agosto, ouviu 70 horas de testemunhos e analisou ainda mais horas de gravações e outras evidências antes de chegar à decisão, afirmou o procurador McCulloch. Após o veredicto, os advogados de defesa de Wilson afirmaram que o policial se ateve a seu treinamento e à lei ao atirar em Brown.

LPF/dpa/rtr/afp

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