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Euro demorará a chegar no Leste Europeu

Neusa Soliz29 de abril de 2004

Os pequenos países que ingressam na União Européia não vêem a hora de trocar suas moedas pelo euro. Já a Polônia, Hungria e República Tcheca terão que resolver primeiro seus problemas econômicos.

Euro já circula nas feiras polonesas, mas não oficialmenteFoto: dpa

Nas cidadezinhas polonesas próximas à fronteira alemã com o Estado de Brandemburgo o euro já circula nas feiras, ao lado do zloty, uma vez que os principais clientes, os alemães, pagam em moeda forte. Por mais que muitos sonhem com as novas cédulas, com crescimento e prosperidade, a moeda européia poderá demorar a chegar. Teoricamente, só poderia ser adotada a partir de 2007. Mas os analistas não prevêem que isso aconteça antes de 2009 ou 2010.

Hungria, República Tcheca e Polônia – os três grandes novos membros da UE sofrem dos mesmos males: os altos déficits, porque os gastos escaparam do controle, e turbulências monetárias são seus principais problemas.

Lituânia – o mais apressado

Já a Lituânia gostaria de introduzir o euro assim que possível. Logo no início de maio, nem bem consumado o ingresso, o governo de Vilnius quer iniciar as negociações. Pelos seus planos, adotaria a moeda no final de 2006, ou em 2007. O pequeno país báltico já cumpriria atualmente os critérios de Maastricht, anunciou seu Banco Central no início do ano.

Embora a Lituânia seja o primeiro dos dez novos países na UE a fixar esse objetivo, também os vizinhos Estônia e Letônia, a Eslovênia e o Chipre pretendem dar prioridade ao assunto, pensando também em 2006 ou 2007. Eles já observariam a maioria dos critérios, segundo a Comissão Européia, e a Eslovênia até conseguiu a façanha de fechar seu orçamento em 2003 com um superávit de 2,2% do PIB (Produto Interno Bruto).

Primeiro o sistema cambial

O que esses países terão que fazer inicialmente é ingressar no sistema cambial da zona do euro, onde deverão permanecer por dois anos. Ele funciona à base de bandas cambiais, permitindo uma oscilação de 15% a mais ou a menos, em torno de uma cotação-guia.

Vista da parte antiga de Vilnius, capital da LituâniaFoto: AP

O litai, a moeda da Lituânia, já está acoplado há dois anos ao euro. Seu banco nacional estabeleceu uma cotação fixa (currency board) para a compra de divisas. Com isso, a política monetária fica sem margem de ação para reagir, por exemplo, a eventuais problemas no comércio exterior.

A Letônia fez o mesmo, e segundo o Instituto Ifo, de Munique, conseguiu diminuir sua inflação e conquistar a confiança dos investidores estrangeiros. Já a Letônia acoplou sua moeda ao euro de forma diferente: através dos direitos especiais de saque do FMI (Fundo Monetário Internacional), isto é, uma cesta de moedas internacionais importantes.

Malta e Chipre também querem aderir logo à União Monetária Européia. O governo de Malta se esforça para reduzir um déficit atual de 6,4% e já anunciou que solicitará a entrada ao sistema cambial da zona do euro no início de 2005.

Contra a precipitação

As grandes diferenças entre os candidatos à União Monetária dificultariam uma política monetária comum – esse o principal argumento dos economistas alemães que acharam muito cedo a adoção do euro em 1999 e não querem novas precipitações.

Logotipo do Banco Central Europeu

As taxas de juros do Banco Central Europeu (BCE) são importantes nessas conjecturas: quanto mais baixas, mais baratos os créditos para incentivar a conjuntura. Na Espanha, ao contrário, onde é forte o crescimento econômico, o receio é de inflação, pelo que se defende juros altos. A receita do BCE para evitar esses riscos baseia-se numa palavra mágica: convergência, ou seja, a equiparação das condições econômicas.

Melhorar as condições nos grandes países

Nesse sentido, o Banco Central Europeu valeu-se de um de seus diretores para advertir quanto a uma precipitação. "O peso econômico dos dez novos membros equivale à potência econômica da Holanda. Por isso, quem sentirá, em primeira linha, as desvantagens de uma adoção precoce, serão esses próprios países", declarou o presidente do BC holandês, Arnout Wellink, em entrevista ao Süddeutsche Zeitung.

O dilema para os três grandes – Polônia, República Tcheca e Hungria – é que devem conter gastos, mas precisam investir em infra-estrutura, o que é vital para o crescimento. Portanto, seria arriscado e contraproducente adotar um curso de austeridade para colocar em ordem o orçamento. O BCE faz questão de que os novos membros, além de cumprir os critérios do Pacto de Estabilidade, consigam recuperar seu atraso em matéria de renda per capita e produtividade, antes de adotarem a nova moeda.

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