Euro forte, Alemanha fraca: a calamidade européia
18 de setembro de 2003Até a próxima quarta-feira (24/09), os ministros das Finanças, do Desenvolvimento e os presidentes dos bancos centrais dos 184 países membros do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial reúnem-se no emirado de Dubai, no Golfo Pérsico. Além disto, realiza-se paralelamente um gigantesco encontro de representantes dos bancos privados com atuação internacional. Um total de 14 mil participantes se dedicará, nos próximos sete dias, a analisar o status quo e as perspectivas da economia mundial.
Entre os temas a serem tratados estão vários problemas, como a situação dos países em desenvolvimento, as ajudas para o Afeganistão e para o Iraque, além da crise de endividamento da Argentina. Mas, de qualquer maneira, o clima no encontro de Dubai é de otimismo. A previsão é de que a conjuntura econômica mundial começa a recuperar-se, com perspectiva de tempos melhores. O FMI acaba de aumentar a sua previsão do crescimento econômico nos Estados Unidos.
Alemanha e União Européia
Tal otimismo, no entanto, não engloba os países da União Européia. Pelo menos no que se refere ao corrente ano e ao ano que vem: os prognósticos de crescimento econômico do Fundo Monetário Internacional foram ligeiramente reduzidos. Ainda assim, o órgão acena com uma tendência positiva de médio prazo: há indícios de que o novo impulso da economia mundial servirá também para fomentar a conjuntura da Alemanha e, com ela, a da União Européia em seu todo.
Em dados concretos, os prognósticos do FMI para 2004 são de um crescimento econômico mundial de 4,1%. Para os EUA, prevê-se um aumento do PIB da ordem de 3,9% e para os países da Zona do Euro, em seu todo, de 1,9%. A Alemanha continuará sendo um entrave ao impulso conjuntural: seu crescimento econômico deverá atingir 1,5% no máximo.
Os prognósticos do Fundo Monetário Internacional para a Alemanha divergem bastante das previsões do governo alemão. Para o corrente ano, o FMI prevê uma completa estagnação da economia alemã, enquanto o governo de Berlim ainda acredita num crescimento da ordem de 0,75% do PIB. Para 2004, Berlim faz uma previsão de crescimento de 2%. Para o FMI, o aumento do PIB alemão será de 1,5%.
Dólar fraco, euro forte
Embora a tendência positiva da conjuntura americana dê impulso a toda a economia mundial, o enorme déficit da balança de pagamentos dos Estados Unidos também deverá ter conseqüências internacionais, de cunho negativo. O FMI prevê novas quedas na cotação do dólar. Os principais afetados serão os países da Zona do Euro. O fortalecimento da moeda européia deverá atravancar as exportações e tolher o crescimento da economia.
O Fundo Monetário Internacional conclamou o Banco Central Europeu (BCE) a aceitar novas reduções dos juros guia de mercado, caso a cotação do euro em relação ao dólar continue subindo. Ao contrário do que ocorreu durante a reunião do FMI no início do ano, o órgão já não vê mais um risco de deflação em algumas economias européias, em especial na Alemanha. Com isto, argumenta-se, o Banco Central Europeu tem maior margem de atuação, podendo conceder novas reduções de juros para evitar a supervalorização do euro.