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Eurodeputados criticam acordo entre UE e Turquia

9 de março de 2016

Parlamentares alegam que acordo em troca de ajuda para conter fluxo migratório dá muito poder a Ancara. Críticos ressaltam que crise de refugiados não deve ser confundida com adesão da Turquia ao bloco.

Foto: Getty Images/AFP/F.Florin

As principais lideranças do Parlamento Europeu se posicionaram nesta quarta-feira (08/03), em Estrasburgo, contra a proposta de acordo entre a União Europeia (UE) e a Turquia em troca de apoio para frear o fluxo migratório em direção à Europa. Os parlamentares acusaram a UE de estar entregando "as chaves do bloco" para Ancara.

"Esse acordo não pode ser uma forma de negociata na pele de refugiados", afirmou Gianni Pittella, o líder dos socialistas, ressaltando que a negociação sobre a crise migratória não deveria ser confundida com a adesão da Turquia ao bloco.

A mesma opinião foi defendida pela líder da bancada de esquerda, Gabriele Zimmer. "Não se pode negociar pessoas ou direitos fundamentais. Nunca estivemos tão longe de uma solução europeia", ressaltou.

Já o líder da bancada Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, Guy Verhofstadt, afirmou que o acordo é altamente problemático, pois Ancara teria muito poder para determinar quem é refugiado e quem podem entrar na Europa. Um curdo do Iraque poderia ter o acesso negado, exemplificou.

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Syed Kamall, da bancada Conservadores e Reformistas, também criticou a proposta, que considerou não ser fundamentada em leis europeias. "Há um ou dois líderes negociando sem consultar os outros países. Tenho dificuldade em ver o quanto se esse acordo é legal ou prático", ressaltou.

Os parlamentares alertaram ainda sobre fazer muitas concessões à Turquia e sobre o crescente autoritarismo do presidente Recep Tayyip Erdogan, citando como exemplo as intervenções sobre meios de comunicação e os ataques contra os curdos.

Até mesmo o líder do grupo do Partido Popular Europeu, o alemão Manfred Weber, membro da União Democrata Cristã (CDU), partido de Angela Merkel, criticou o acordo. "Deve haver uma parceria e não uma dependência da Turquia", disse, ressaltando seu ceticismo sobre a adesão da Turquia ao bloco, devido, por exemplo, aos "inaceitáveis ataques a jornais".

Proposta polêmica

A Turquia apresentou na segunda-feira um plano em troca do apoio para frear o fluxo migratório, no qual solicitou mais 3 bilhões de euros à UE até 2018, além dos 3 bilhões já prometidos em novembro. Além disso, Ancara pediu a isenção de visto para cidadãos turcos na União Europeia e a aceleração das negociações para o ingresso do país no bloco.

Em troca, a Turquia se compromete a acolher todos os refugiados que chegarem à Grécia e não obtiverem asilo e está disposta a readmitir todos os imigrantes que não vêm da Síria e todos os que foram interceptados em suas águas territoriais, além de adotar medidas enérgicas contra os traficantes de pessoas.

A proposta está sendo analisada por líderes europeus. Muitos se mostraram favoráveis as medidas. Após a cúpula da UE com a Turquia, Merkel afirmou que foram "dados passos qualitativos" e ressaltou que um acordo entre o bloco e Ancara pode ser fechado no encontro marcado para os dias 17 e 18 de março.

CN/lusa/afp/dpa

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