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Aproximação promissora

Mirra Banchón (av)10 de maio de 2008

As expectativas são grandes em torno da ALC-UE 2008, a realizar-se em Lima. A UE aposta alto num estreitamento dos laços com latino-americanos e caribenhos. Premiê Merkel se prepara para encontros decisivos.

Angela Merkel diante do mapa da EuropaFoto: AP

Quase uma década após a assinatura de um acordo de associação estratégica, no Rio de Janeiro, chegou para a União Européia e a América Latina a hora de concretizá-lo. Este é, em resumo, o objetivo que os representantes europeus na 5ª Cúpula União Européia-América Latina (ALC-UE 2008) levam na bagagem.

O encontro se realizará em Lima, nos dias 16 e 17 de maio. Às vésperas da viagem da chanceler federal Angela Merkel para o Peru, Colômbia, Brasil e México, também a Alemanha se prepara para inaugurar oficialmente uma época de relações mais intensas.

Populismo e China

Uma cúpula a mais ou a grande virada?

Porém a declaração de boas intenções, sobretudo comerciais, é logo obscurecida por aquilo que industriais e políticos conservadores alemães consideram as duas grandes ameaças para as relações euro-latino-americanas. De um lado, o populismo em certos países da América Latina – e a conseqüente instabilidade política – é um veneno para os investidores. Do outro, está a crescente presença comercial da China no continente americano.

"Nos últimos anos temos nos concentrado muito nos países asiáticos, e neste tempo, os asiáticos descobriram a América Latina", admitiu a premiê alemã numa conferência dos partidos conservadores alemães CDU e CSU realizada nesta quinta-feira (8/05) em Berlim.

No encontro que teve como tema o futuro da América Latina e suas relações com a Alemanha e a Europa, Merkel ressaltou a esperança de "não chegar tarde", com esta iniciativa voltada abrir novos mercados, em especial para a média indústria.

Ex-ditaduras e matérias primas

"Desde Alexander von Humboldt, a Alemanha tem mantido relações com a América Latina, agora se trata de despertá-las", declarou Christian Ruck. Além de porta-voz para política de cooperação da bancada parlamentar da CDU/CSU, ele é co-autor desta "nova estratégia".

Na análise européia, consta, entre os pontos a favor da América Latina e Caribe, o fato de quase todos os países haverem superado prolongados períodos ditatoriais, decidindo-se por estabelecer-se como Estados democráticos. A balança comercial e as matérias primas são dois outros fatores decisivos.

"Região em ascensão": assim denomina a Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) a América Latina. A instituição vê com bons olhos o atual período de intensificação e estreitamento. Bodo Liesenfeld, da rede empresarial e plataforma de informações Associação Latino-Americana, também declara-se otimista, e dá "boas notas" às relações intercontinentais, antes mesmo da cúpula.

"Fascinante continente"

"Em tudo o que for possível, unamos nossos interesses e nossos esforços" será o lema alemão para o encontro, assegurou Merkel, acrescentando: "Sabemos que a América Latina dispõe de matérias primas que a tornam atraente para os países asiáticos, mas também sabemos que, para o desenvolvimento do continente, é importante que conserve parte dos benefícios. Tal se aplica também ao meio ambiente e à biodiversidade."

Comissária Benita Ferrero-WaldnerFoto: picture-alliance/dpa

Merkel coincide com a comissária européia de Relações Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, ao classificar a região como "fascinante continente". A comissária lembra que há dez anos a UE, América Latina e Caribe se comprometeram, na cúpula realizada no Rio de Janeiro, a criar uma associação estratégica bi-regional para aproximação na política, economia e cultura.

"A associação inclui hoje 60 países com mais de um bilhão de habitantes, a que corresponde um quarto do PIB mundial. Aprofundar esta relação é uma das tarefas mais ambiciosas da política européia e indispensável para ambos. Num mundo globalizado, necessitamos desses eixos estratégicos; não há lugar possível para 100 anos de solidão", comentou Ferrero-Waldner.

Apesar da lentidão com que prosseguem as negociações, a Europa se converte no segundo sócio comercial da região. Segundo dados da UE, em 2006 ela importou 70 bilhões de euros da América Latina, contra 66 bilhões de euros em exportações. "A UE sempre foi o maior investidor na região", assegurou a política austríaca.

América Latina: um bloco?

Merkel comentou a notória falta de unidade na América Latina, um dos motivos alegados para o lento avanço dos acordos bi-regionais. "Não é fácil para nós, devido à diversidade das correntes políticas, e as personalidades fortes e as oposições virulentas."

A chanceler evocou o exemplo europeu. "Às vezes nos perguntamos, vendo a presença do Brasil e do México, como economias emergentes, nas cúpulas do G8: por que estes países não podem representar os interesses dos outros? Para a Europa também tem sido um processo difícil, mas estamos conseguindo. Só podemos encorajá-los a unir seus interesses diante de um mundo globalizado."

A este sonho europeu, a senadora e ex-ministra chilena do Exterior Soledad Alvear contrapõe a realidade latino-americana. O supercontinente não pode ser tratado como bloco, não se deve esperar uma coesão entre países com interesses e valores distintos. Segundo ela, mais vale apostar nos países "com o quais a UE comparte valores comuns e que fizeram esforços enormes para respeitar o Estado de direito e fortalecer sua democracia".

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