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Ajuda dos emergentes

24 de outubro de 2011

Dada a alta demanda financeira na crise de endividamento da zona do euro, os europeus consideram pedir ajudar a países com excedente de capital, como a China, e de outras nações emergentes.

Na crise, ricos e emergentes do G20 estão no mesmo barco
Na crise, ricos e emergentes do G20 estão no mesmo barcoFoto: picture-alliance/Photoshot

Países emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul poderiam contribuir para um fundo especial, destinado a aumentar o impacto do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), informaram diplomatas na cúpula de países da zona do euro no domingo (23/10) em Bruxelas.

Esse fundo especial alavancaria o valor dos 440 bilhões de euros previstos para o FEEF. Duas possibilidades foram discutidas em Bruxelas. Numa, os investidores seriam incentivados a comprar títulos de países da zona do euro, sendo que em caso de emergência o fundo assumiria uma parcela de eventuais perdas.

A segunda opção prevê um fundo especial ligado ao FEEF, com recursos vindos de países que não sejam da União Europeia (UE). Segundo os diplomatas, também é viável uma junção entre as duas propostas. Além disso, está sendo discutida uma cooperação mais estreita com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Cúpula do G20

Por esse motivo, já antes do encontro de cúpula de países do G20, que será nos dias 3 e 4 de novembro em Cannes, os países emergentes tentam aumentar os poderes do FMI, para que ele apoie os esforços da zona do euro no combate à crise. O plano prevê que o FMI compre títulos de países altamente endividados, transferindo-os para países emergentes. Assim, os emergentes poderiam ajudar a Europa, sem ter que comprar diretamente títulos da dívida soberana de Estados em dificuldades e sem correr riscos de prejuízos.

Emergentes querem FMI mais forteFoto: picture-alliance/dpa

Heribert Dieter, especialista em questões financeiras do Instituto Alemão de Relações Internacionais e Segurança (SWP), não considera essa, todavia, uma sugestão plausível. "O FMI pode e deve disponibilizar liquidez. Mas endossar um corte da dívida da Grécia não encontrará anuência nos EUA e é uma manobra de certa forma transparente e pouco eficaz."

Manobra emergente

Através dessa manobra, os países emergentes pretendem, sobretudo, aumentar sua influência no FMI, diz Dieter. Até agora, entre os assim chamados países emergentes, principalmente a China se ofereceu para ajudar a combater a crise do euro. O país asiático possui enormes reservas de capital e está aparentemente disposto a gastar parte desse dinheiro na compra de títulos estatais, desde que esses estejam assegurados pelo FMI ou pelo Banco Central Europeu (BCE).

No entanto, tais injeções financeiras também implicam o perigo de que a Europa, da mesma forma que os EUA, se depare com uma forte dependência. "Os norte-americanos já praticam esse jogo há muitos anos, eles são dependentes do capital chinês. Eu duvido se é isso mesmo o que os europeus queiram", questiona Dieter.

Efeitos de feedback

Por outro lado, caso a crise da dívida na Europa se desenvolva rumo a uma recessão mundial, isso também prejudicaria o crescimento dos países emergentes. E não é de se admirar que, dentro do G20, os países emergentes aumentem suas exigências para uma regulação da crise da dívida. "A possibilidade de um efeito em cascata nos países emergentes já é relativamente grande. Isso é válido para o mercado de ações, como também para o câmbio e para o ágio dos empréstimos nesses países", disse Maria Lanzeni, coordenadora do setor de mercados emergentes no instituto de pesquisas Deutsche Bank Research.

Maria Lanzeni, do Deutsche Bank ResearchFoto: Deutsche Bank

Como em 2008, países desenvolvidos e emergentes estão no mesmo barco também nesta crise. Para Lanzeni, as exigências dos países emergentes com vista a esforços mais fortes para uma solução da crise iria, assim, ao encontro dos interesses dos principais países desenvolvidos.

"Afinal de contas, há claros efeitos de feedback. Quanto à paridade do poder de compra, os países emergentes já perfazem metade da economia mundial. Dessa forma, é válido dizer que, se a crise é evitada nos países emergentes, isso também é bom para a Europa e para os EUA", explica a especialista.

Autor: Daniel Scheschkewitz / Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer

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