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Europa, continente aberto?

(sv)10 de setembro de 2003

Movimentos migratórios fazem parte da história européia desde a Idade Média. Com o fim da Cortina de Ferro, no entanto, todos os países do continente passaram a receber, exportar ou abrigar temporariamente migrantes.

Polícia espanhola detém imigrantes ilegais nas Ilhas CanáriasFoto: AP

A migração é um fenômeno presente em todas as nações européias, sem exceção: algumas delas servem de passagem para correntes de migrantes, outras são cobiçados destinos finais e um terceiro grupo está fadado a vivenciar o êxodo de sua população. Estima-se que a Europa abrigue hoje 56 milhões de migrantes e refugiados.

Os países que servem de "degraus" migratórios no continente são hoje, por exemplo, a Polônia, a Eslováquia e a Hungria, enquanto todos os membros da União Européia são vistos como destinos finais. A lista dos "exportadores" de migrantes é encabeçada pela Ucrânia.

República Tcheca -

Em um congresso realizado na cidade de Freising, próxima a Munique, a Renovabis (organização católica alemã de apoio à população da Europa Meridional e do Leste Europeu) reuniu 320 representantes de 22 países, que discutiram as causas, proporções e conseqüências das atuais correntes migratórias no continente.

Entre as situações analisadas no encontro está, por exemplo, o caso da República Tcheca que, após a derrocada do sistema soviético, teve parte de sua população saindo do país, e hoje, mais de uma década depois, acolhe temporariamente e até recebe migrantes a logo prazo.

Diploma e trabalho braçal -

Muitas pessoas que abandonam seus países de origem dispõem de boa formação escolar e se vêem obrigadas a executar trabalhos braçais para sobreviver. Em 2002, por exemplo, a República Tcheca recebeu um bom contingente de jovens poloneses, eslovacos e ucranianos, que "trabalhavam como ajudantes na construção civil, na agropecuária, em determinados setores da indústria e na prestação de serviços", comenta Miloslav Vlk, bispo de Praga.

Discriminação -

Um segundo grupo de migrantes é formado no país por proprietários de pequenas empresas, oriundos do Vietnã e da China. As dificuldades de integração enfrentadas por eles é ainda maior. Fadados à exclusão, são um dos grupos mais discriminados no país. Outras vítimas freqüentes de discriminações em toda a Europa Ocidental são os representantes das etnias sinti e roma.

Na Alemanha, os russos de ascendência alemã (Russlanddeutsche) sofrem os preconceitos disseminados pela mídia, sendo vistos com freqüência como violentos e criminosos. Tendo em sua história recente o registro de uma série de movimentos migratórios, este grupo étnico encontra-se há cerca de 62 anos em busca do que se convenciona chamar de "terra natal".

Saga migratória -

No início, foram deportados das regiões próximas ao Rio Volga. Em 1956, seguiram em direção ao sul do país, para a partir de 1972 retornar às proximidades do Volga, de onde rumaram para a Modávia e os países bálticos. Após a queda do Muro de Berlim, começou então a corrente migratória dos Russlanddeutsche em direção à Alemanha.

Vantagens esquecidas -

Enquanto a UE caminha em direção a um fortalecimento cada vez mais austero de suas fronteiras, ignora-se cada vez mais as vantagens trazidas pelo fenômeno migratório. Sem imigrantes, as populações da Alemanha, Grécia e Itália, por exemplo, teriam diminuído sensivelmente em 2002, salienta Walter Schwimmer, secretário-geral do Conselho da UE.

Com baixas taxas de natalidade e tendências demográficas que começam a se tornar alarmantes, muitos dos países europeus deveriam agradecer a presença dos estrangeiros. A solução para os conflitos decorrentes dos deslocamentos está em uma melhor integração dos imigrantes nos países de destino, pois uma redução ou um cessar do movimento migratório certamente só aconteceria se reinasse em todo o continente os padrões de vida da Europa Ocidental.

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