Europa está mais próxima de navegação por satélite própria
Zulfikar Abbany (ca)26 de maio de 2016
Sistema europeu de posicionamento Galileo está mais perto de se tornar realidade. Lançamento dos satélites 13 e 14 é "mais um passo rumo à independência europeia" do americano GPS, diz diretor do projeto.
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A Agência Espacial Europeia (ESA) está celebrando o lançamento de mais dois satélites do sistema europeu de navegação Galileo – os de número 13 e 14. Eles foram colocados em órbita por um foguete Soyuz a partir da base espacial de Kuru, na Guiana Francesa, nesta terça-feira (24/05).
Em menos de quatro horas de voo, os satélites alcançaram uma trajetória orbital a uma altitude de 23.522 quilômetros. Segundo a ESA, eles serão levados à sua "órbita final de trabalho" nos próximos dias. Eles passarão, então, por uma fase de testes antes de se juntarem aos satélites de números 1 a 12, na chamada "constelação de trabalho".
"Isso marca mais um passo em direção à independência europeia na navegação por satélite", afirmou Stéphane Israël, que dirige a empresa de lançamento Arianespace.
Rival civil do GPS
O Galileo é descrito como um sistema global de navegação por satélite civil, em distinção do Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês), que foi desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Galileo é o concorrente europeu do GPS
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O sistema europeu pretende oferecer um posicionamento mais preciso que o GPS. Para isso, ele vai usar uma tecnologia mais nova que o concorrente americano. Ela permite identificar a localização com uma precisão de centímetros em vez de metros.
Na melhor das hipóteses (quando se destina a fins militares), o GPS oferece uma precisão entre três e seis metros. Para o uso civil ou comercial, a exatidão do sistema de navegação americana se encontra na região dos 15 metros. E o problema, dizem os europeus, é que os EUA se recusam a liberar o melhor de seu sistema para o uso civil.
Mesmo se o fizessem, o GPS não é tão preciso quanto o Galileo pretende ser. Com seu sistema de navegação, a Europa está de olho em usuários comerciais, por exemplo para permitir que aeronaves possam voar no piloto automático por períodos mais longos, para orientar condutores de veículos através de praticamente qualquer tipo de terreno e para acelerar as rotas de navegação.
Mas, para que tudo isso aconteça, os europeus precisam ter ao menos outros dez satélites em funcionamento. Até o Galileo estar em condições de operar serão necessários 24 satélites na constelação de trabalho, que pode ter até 30. Até o final de 2016, 18 deverão estar em órbita.
Cronograma atrasado
Lentamente, o Galileo está retomando seu caminho, depois de ter sofrido um grande revés em 2014, quando dois satélites foram lançados na órbita errada. O lançamento dos satélites 5 e 6 causou um atraso de mais de um ano devido a "dificuldades técnicas". No total, o projeto registra por volta de 12 anos de atraso em seu cronograma.
Mas os cientistas do Galileo dizem que agora estão confiantes em relação ao futuro. Javier Benedicto, diretor do Projeto Galileo na ESA, afirmou ter tido boas experiências com o sistema até o momento.
O posicionamento tem melhorado de forma constante desde que os primeiros quatro satélites formaram a constelação básica – os satélites de validação em órbita (IOV, na sigla em inglês) – em 2011 e 2012.
A Rússia e a China também possuem sistemas de posicionamento global – respectivamente, o Glonass e o sistema de navegação por satélite BeiDou – com diferentes graus de sucesso.
Desastres naturais vistos do espaço
Como os satélites veem a Terra? E o que eles descobrem sobre os acontecimentos na superfície do planeta? Confira fotos impressionantes de catástrofes naturais observadas da órbita terrestre.
Foto: NASA
Gigante acordado
De densas cinzas a nuvens de água congelada, fenômenos naturais podem ser examinados do espaço sideral. A Estação Espacial Internacional estava passando sobre o vulcão Sarychev, localizado nas ilhas Kuril, na Rússia, quando ele entrou em erupção em 2009. Aproveitando uma brecha entre as nuvens, os astronautas puderam tirar esta foto.
Foto: NASA
Lago evaporado
Diariamente, satélites de observação, como o Proba-V da Agência Espacial Europeia, coletam imagens que permitem rastrear as mudanças ambientais ao longo do tempo. Estas fotos tiradas em abril de 2014, julho de 2015 e janeiro de 2016 (da esq. para dir.) fornecem uma visão clara da evaporação gradual do lago Poopó, em parte devido às mudanças climáticas. Ele já foi o segundo maior lago da Bolívia.
Foto: ESA/Belspo
Não brinque com fogo
Todos os anos, incêndios florestais destroem paisagens e ecossistemas ao redor do planeta. Muitas vezes, eles são causados por seres humanos. Esse também foi o caso na Indonésia, onde agricultores fizeram queimadas na floresta de turfa. Na Islândia, Bornéu e Sumatra, satélites detectaram focos de incêndio em setembro de 2015, e a coluna de fumaça cinza provocou alertas de qualidade do ar.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Chuvas torrenciais
Em 2013, choveu tanto que alguns rios da Europa Central transbordaram. Como se pode ver nesta imagem de 2013, o rio Elba rompeu as suas margens após chuvas sem precedentes. Na foto, a água enlameada cobre a área em torno da cidade de Wittenberg, no estado alemão da Saxônia-Anhalt.
Foto: NASA/J. Allen
No olho do furacão
Uma forte tempestade pode causar danos irreparáveis através de ventos intensos e chuvas torrenciais que vêm do mar. Informações obtidas do espaço são cruciais para acompanhar o desenvolvimento de tormentas: intensidade, direção, velocidade do vento. No Pacífico leste, próximo à costa mexicana, esta imagem ajudou a prever que o furacão Sandra alcançaria ventos de 160 km/h em novembro de 2015.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Derretimento de geleiras
Satélites também desempenham importante papel no monitoramento das mudanças climáticas e, inevitavelmente, do processo de degelo. Do espaço, cientistas puderam documentar a diminuição de geleiras ao redor do mundo, como também a subsequente elevação do nível dos oceanos. Esta foto feita pela Estação Espacial Internacional mostra o recuo da geleira Upsala, na Patagônia argentina, de 2002 a 2013.
Foto: NASA
Prenda a respiração
Em setembro de 2015, satélites proporcionaram esta vista impressionante de regiões povoadas no Oriente Médio envoltas numa tempestade de areia ou "haboob". Aliadas às informações de sensores de qualidade de ar no solo, observações de satélites espaciais ajudam a entender os padrões de início e desenvolvimento de uma tempestade. Essas constatações melhoram os métodos de previsão.
Foto: NASA/J. Schmaltz
Montanha nua
Essas foram as palavras usadas pela Nasa para descrever a falta de neve no Monte Shasta, na Califórnia, uma fonte crucial de água para a região. Imagens que vêm documentando a estiagem ao longo dos últimos anos têm mostrado montanhas marrons que deveriam ser brancas, e terra onde se procura água. Com o degelo, a seca aumenta.