Líderes da UE avaliam formas de apoiar Kiev nos meses potencialmente caóticos que se seguirão à posse de Trump. Zelenski quer que o bloco trabalhe junto com os Estados Unidos.
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Apelos à unidade da União Europeia são um refrão comum nas cúpulas do bloco, muitas vezes emitidos por funcionários exaustos de Bruxelas às 3 da manhã, enquanto tentam desesperadamente chegar a um acordo entre os 27 Estados-membros.
Mas, desta vez, o apelo partiu do presidente ucraniano, feito durante a cúpula de líderes da UE nesta quinta-feira (19/12) e em uma reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na noite anterior. "É muito importante que a voz da Europa seja uma voz unida", disse Volodimir Zelenski aos repórteres. "E que ela esteja unida aos EUA", enfatizou.
É um importante teste para a União Europeia — que, juntamente com os aliados ocidentais, gastou mais de 100 bilhões de euros (R$ 641 bilhões) armando e ajudando Kiev desde que a Rússia invadiu o país há quase três anos.
Trump pressiona por acordo
O retorno do imprevisível republicano Donald Trump à Casa Branca em janeiro deve abalar as relações transatlânticas, principalmente no que diz respeito ao apoio do Ocidente à Ucrânia. Trump tem prometido acabar imediatamente com a guerra, sem até agora especificar como.
Trump indicou várias vezes que poderia reduzir o apoio à Ucrânia e pressionar Zelenski em direção a um acordo.
Figuras próximas ao republicano sugerem que a Ucrânia deveria ceder os territórios do leste já ocupados pela Rússia e desistir de suas ambições de entrar para a Otan. É altamente improvável que ambas as perspectivas sejam aceitas em Kiev.
Perguntado sobre o que pensa da posse de Trump, Zelenski disse que o republicano é um "homem forte". "Eu quero ter ele do nosso lado", afirmou.
Zelenski tem motivos para agir com cautela. O Instituto Kiel para a Economia Global calculou que, sem novos pacotes de ajuda dos EUA, a ajuda militar total do Ocidente no próximo ano poderia cair de 59 bilhões de euros para 34 bilhões de euros (de R$ 378 bilhões a R$ 218 bilhões).
Chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas rechaçou pressões para que Kiev se sente à mesa com Moscou. "Qualquer pressão para negociações muito cedo será, na verdade, um mau negócio para a Ucrânia", disse . "Todos os outros atores do mundo estão observando atentamente como agimos nesse caso e, portanto, precisamos realmente ser fortes."
Segurança pós-conflito
A UE também tem se questionado sobre como garantir a segurança da Ucrânia no futuro. O presidente francês Emmanuel Macron– que não participou da reunião em Bruxelas devido à crise no território ultramarino francês de Mayotte, devastado por ciclones – estaria cogitando enviar tropas europeias para a Ucrânia como forças de manutenção da paz, assim que o conflito terminar.
Mas vários líderes, incluindo o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro holandês, Dick Schoof, consideram essas conversas prematuras.
"Acho completamente inapropriado que alguns estejam agora discutindo o que deve acontecer como terceiro e quarto passos", disse Scholz na quinta-feira.
"Agora estamos pensando no que acontecerá em breve. Por enquanto, o apoio contínuo à Ucrânia é importante aqui. Um curso claro para que não haja uma escalada de guerra, para que não se transforme em guerra entre a Rússia e a Otan", disse ele.
Uma voz discordante foi a do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, mais próximo de Vladimir Putin. Orban propôs um cessar-fogo até o Natal — ideia rechaçada por Zelenski.
Apoio europeu não resolve impasse, diz Zelenski
Zelenski vê a adesão à Otan como a única opção para manter a Ucrânia segura no longo prazo. Moscou mantém uma oposição veemente à adesão do antigo país soviético à aliança militar ocidental, seu adversário desde a Guerra Fria.
"Acredito que as garantias europeias não serão suficientes para a Ucrânia", disse Zelenski. "É impossível discutir isso apenas com os líderes europeus, porque, para nós, as garantias reais em qualquer caso — hoje ou no futuro — são a Otan", disse ele.
"No caminho para a Otan, queremos garantias de segurança enquanto não estivermos na Otan. E podemos discutir essas garantias separadamente com os EUA e com a Europa", disse Zelensky, ao mesmo tempo em que expressou um apoio cauteloso ao envio à Ucrânia de eventuais tropas europeias de manutenção da paz.
A UE reconfirmou, em nota, seu "compromisso inabalável de fornecer apoio político, financeiro, econômico, humanitário, militar e diplomático contínuo à Ucrânia e ao seu povo pelo tempo que for necessário e com a intensidade necessária".
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"Hora da verdade" se aproxima
Analistas vêm alertando há meses que a UE deve estar preparada para intensificar sua política de segurança nos próximos meses.
"A primeira vítima do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos EUA provavelmente será a Ucrânia. As únicas pessoas que podem evitar esse desastre somos nós, europeus, mas nosso continente está em desordem", escreveu o historiador Timothy Garton Ash para o grupo de reflexão do Conselho Europeu de Relações Exteriores no mês passado.
"A menos que a Europa possa, de alguma forma, enfrentar o desafio, não apenas a Ucrânia, mas todo o continente ficará fraco, dividido e irritado ao entrarmos em um novo e perigoso período da história europeia", alertou Garton Ash.
O mês de dezembro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Anas Alkharboutli/dpa/picture alliance
"O ódio não pode ter a palavra final", diz presidente alemão em discurso de Natal
Em seu tradicional discurso de Natal à nação, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, abordou o ataque a um mercado de Natal em Magdeburg na semana passada, que deixou cinco mortos. Pedindo união e coesão ao país, Steinmeier se solidarizou com as famílias das vítimas e os feridos e afirmou que "ódio e a violência não podem ter a palavra final". (24/12)
Equipes buscam desaparecidos após colapso de ponte sobre o Rio Tocantins
Equipes de resgate buscam 14 desaparecidos após a Ponte Juscelino Kubitschek, que liga os estados do Tocantins e do Maranhão, colapsar no último domingo, provocando a queda de 10 veículos. Ao menos três mortes foram confirmadas até o momento. Devido ao derramamento de produtos tóxicos no acidente, autoridades proibiram o uso da água do Rio Tocantins em 19 municípios. (23/12)
Foto: Bombeiro Militar/Governo do Tocantins
Queda de avião em Gramado mata empresário e 9 familiares
Um avião de pequeno porte caiu no município de Gramado, no Rio Grande do Sul. A aeronave atingiu uma loja de móveis, uma pousada e residências perto do centro da cidade. Os dez ocupantes da aeronave morreram. Todos eram da mesma família. Outras 17 pessoas que estavam no solo foram encaminhadas a um hospital, duas delas em estado grave. (22/12)
Foto: Defesa Civil do Rio Grande do Sul/Divulgação
Magdeburg tem dia de homenagens e protestos após ataque
Centenas de pessoas homenagearam as vítimas de um atentado que deixou 5 mortos e 200 feridos em Magdeburg. O suspeito do crime é um médico saudita de 50 anos, que se dizia ex-muçulmano, alegava ser perseguido por radicais religiosos e simpatizava com a ultradireitista AfD. Em resposta, manifestantes ocuparam as ruas da cidade com slogans anti-imigração. (21/12)
Foto: Michael Probst/AP/picture alliance
Motorista invade mercado de Natal na Alemanha e atropela dezenas
Um motorista avançou em alta velocidade contra um mercado de Natal na cidade alemã de Magdeburgo, no estado da Saxônia-Anhalt, leste da Alemanha, atropelando dezenas de pessoas e deixando mortos e feridos. O suspeito, um médico psiquiatra saudita de 50 anos, foi preso. Aparentemente, ele tinha perfil crítico ao islã. (20/12)
Foto: Heiko Rebsch/dpa/picture alliance
Ex-marido de Gisèle Pelicot é condenado a 20 anos de prisão
Dominique Pelicot, que passou uma década dopando sua então esposa, Gisèle, e convidando outros homens a estuprá-la, foi condenado a 20 anos pela Justiça francesa. Ele foi considerado culpado por estupro com agravantes e por gravar e distribuir imagens dos atos. Gisèle tornou-se um ícone feminista global ao decidir tornar público o julgamento e assistir às sessões com o rosto descoberto. (19/12)
Foto: Laurent Coust/ABACA/picture alliance
Macron e Zelenski discutem envio de tropas europeias à Ucrânia
Presidentes da Franca, Emmanuel Macron, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, voltaram a discutir possibilidade de a Europa enviar tropas para a Ucrânia no intuito de ajudar a alcançar uma paz estável. "Garantias confiáveis são essenciais para que a paz possa realmente ser alcançada”, disse Zelenski, que também se reuniu com chefe da Otan, Mark Rutte, em Bruxelas. (18/12)
Foto: Nicolas Tucat, Pool Photo via AP/picture alliance
General russo morre em explosão em Moscou
O general Igor Kirillov, chefe da defesa radiológica, química e biológica da Rússia, foi morto num ataque a bomba em Moscou. A bomba foi acionada quando Kirillov, de 54 anos, estava saindo de uma casa com seu assessor, que também foi morto no atentado. Investigadores citados pelo jornal Kommersant apontaram os serviços secretos ucranianos como os possíveis autores do ataque. (17/12)
Foto: ASSOCIATED PRESS/picture alliance
Olaf Scholz perde moção de confiança
O chanceler alemão Olaf Scholz perde voto de confiança no Bundestag (parlamento alemão) depois de não conseguir obter a maioria no Legislativo após o colapso de seu governo de coalizão. O resultado abre caminho para a dissolução da atual legislatura e a convocação de eleições federais antecipadas, que devem ocorrer em 23 de fevereiro, marcand o fim da era Scholz. (16/12)
Foto: Lisi Niesner/REUTERS
Escolas reabrem na Síria após queda do regime de Assad
Dezenas de crianças e adolescentes voltaram às escolas em Damasco neste domingo, uma semana após a queda do ditador Bashar al-Assad. A rotina também está lentamente voltando ao normal em universidades e nos centros comerciais, depois de um período de comemorações e incertezas sobre o futuro da Síria. (15/12)
Foto: Ammar Awad/REUTERS
PF prende general Braga Netto no inquérito do golpe
Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes mandou prender preventinamente o ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto, acusado de tentar obstruir as investigações. Ele é tomado pela Polícia Federal como um dos coordenadores do plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aplicar um golpe de Estado. (14/12)
Foto: SERGIO LIMA/AFP
Multidão toma as ruas de Damasco para celebrar queda de Assad
Milhares de pessoas se reuniram em cidades sírias para celebrar o fim do regime de Bashar al-Assad após as primeiras orações de sexta-feira desde que os rebeldes assumiram o poder. Em Damasco, uma multidão se reuniu na praça Umayyad, no centro da capital. O local é simbólico por ter também recebido os protestos massivos de 2011, que deram início à guerra civil no país. (13/12)
Foto: Ghaith Alsayed/AP/dpa/picture alliance
Trump é a Pessoa do Ano de 2024 da revista "Time"
Publicação cita "volta por cima de proporções históricas" ao justificar escolha e diz que republicano é beneficiário e agente da perda de confiança nos valores liberais. (12/12)
Foto: Heather Khalifa/AP Photo/picture alliance
Assembleia Geral da ONU pede cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em Gaza
Por 158 votos favoráveis, órgão que reúne 193 países pediu o fim do conflito entre Israel e o Hamas no território palestino e a libertação imediata de todos os reféns sequestrados por islamistas. Mas diferentemente das votações no Conselho de Segurança, decisão não é juridicamente vinculativa. Conflito em Gaza já dura 14 meses, sem fim à vista. (11/12)
Foto: Mohammed M Skaik/Avalon/picture alliance
Rebeldes sírios anunciam novo governo de transição
Mohammad al-Bashir, que liderava o governo no reduto rebelde de Idlib, vai assumir gestão interina do país até 1º de março, mudando a liderança do país após 24 anos de regime de Bashar al-Assad. Novo primeiro-ministro é ligado ao grupo radical islâmico HTS. (10/12)
Foto: Omar Haj Kadour/AFP/Getty Images
STF obriga PM de São Paulo a manter uso de câmeras corporais
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinou a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos policiais militares do estado de São Paulo. A determinação é uma derrota para o governador Tarcísio de Freitas, que desde a campanha eleitoral se posicionou contra o uso dos equipamentos e vinha tentando propor modelos alternativos. (09/12)
Foto: FotoRua/NurPhoto/IMAGO
Rebeldes derrubam regime na Síria, e Assad foge para a Rússia
Após uma ofensiva que durou menos de duas semanas, insurgentes sírios liderados pelo grupo islamista Organização para a Libertação do Levante (HTS) chegaram à capital da Síria, Damasco, e a declararam "livre" do regime do presidente Bashar al-Assad. Citando fontes do Kremlin, veículos russos afirmam que o ditador e sua família estão asilados em Moscou. (08/12)
Foto: Louai Beshara/AFP
Restaurada, Catedral de Notre-Dame é reaberta cinco anos após incêndio devastador
Bancada por doações, reconstrução de monumento arquitetônico parisiense custou cerca de 700 milhões de euros e demandou o trabalho de cerca de 2 mil especialistas. Construída entre os séculos 12 e 14, catedral quase foi destruída em incêndio de causas desconhecidas. Solenidade foi prestigiada por chefes de governo e de Estado do mundo inteiro. (07/12)
Foto: Stevens Tomas/ABACA/IMAGO
Mercosul e União Europeia anunciam acordo de livre comércio
Após 25 anos de negociações, blocos concluíram texto final do acordo que prevê a redução ou eliminação de tarifas e barreiras comerciais, facilitando a exportação de produtos de ambos os lados. A líder da UE, Ursula von der Leyen (centro), disse que o pacto é uma "vitória para Europa". Ratificação deve, porém, esbarrar em resistência de países como a França. (06/12)
Foto: EITAN ABRAMOVICH/AFP/Getty Images
Após tomar Aleppo, Rebeldes avançam pela Síria e anunciam conquista de Hama
Islamistas apoiados pela Turquia fizeram seu mais rápido avanço em 13 anos de guerra civil no país. A captura de Hama vem após o enfraquecimento do Hezbollah, tradicional aliado do ditador sírio Bashar al-Assad, ao lado de Rússia e Irã. (05/12)
Governo da França é derrubado após moção de censura
Deputados de esquerda e da ultradireita se uniram para derrubar o governo do premiê francês, Michel Barnier, que assumiu o cargo há menos de 100 dias. Barnier enfrentava duas moções de censura, após usar um controverso mecanismo para forçar a aprovação do Orçamento. A primeira moção acabou sendo aprovada com 331 votos, selando o fim do governo do aliado do presidente Emmanuel Macron. (04/12)
Foto: Sarah Meyssonnier/REUTERS
Presidente sul-coreano impõe e depois desiste de lei marcial
O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, surpreendeu o país e o mundo ao decretar lei marcial em pronunciamento transmitido pela TV. Ele justificou a militarização do país como forma de conter uma "ameaça comunista". Horas depois, após protestos e uma votação unânime do Parlamento para derrubar medida, ele recuou e suspendeu lei. (03/12)
Foto: JUNG YEON-JE/AFP/Getty Images
Trabalhadores da Volkswagen entram em greve em toda a Alemanha
Milhares de trabalhadores da Volkswagen na Alemanha entraram em greve, depois que a empresa anunciou planos de fechar três fábricas e cortar aposentadorias. "Se necessário, esta será a disputa salarial mais dura que a Volkswagen já viu", disse Thorsten Gröger, que está liderando as negociações sindicais com a gigante automobilística alemã. (02/12)
Foto: Jens Schlueter/AFP via Getty Images
Regime sírio perde controle de Aleppo
O regime do ditador sírio Bashar al-Assad perdeu completamente o controle de Aleppo, a segunda cidade do país, informou uma ONG. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), o grupo Hayat Tahrir al Sham, antigo ramo sírio da rede terrorista Al Qaeda, e outras facções rebeldes aliadas "controlam a cidade de Aleppo, com exceção dos bairros controlados pelas forças curdas". (01/12)