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Energia

DW/Agências (ca)27 de janeiro de 2009

Recente disputa entre Rússia e Ucrânia deu impulso a um projeto energético que há anos não sai do papel: o gasoduto Nabucco. Representantes de diversos países se encontraram em Budapeste para discutir seu financiamento.

Nabucco não tornará Europa independente de gás russo, diz especialistaFoto: AP

Autoridades da Alemanha, Áustria, Bulgária, Iraque, Irã, Azerbaijão, Egito, Romênia, Hungria e União Europeia (UE) se reuniram, nesta terça-feira (27/01), em Budapeste, para discutir o financiamento do gasoduto Nabucco, através do qual o gás natural da região do Mar Cáspio deverá ser transportado para a Europa sem ter que passar por território russo ou ucraniano.

O encontro internacional para discussão do Nabucco contou com a participação de Mirek Topolanek, primeiro-ministro da República Tcheca, país que assume a presidência rotativa da União Europeia, e do premiê húngaro, Ferenc Gyurcsany.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, declarou que a necessidade de diversificação das fontes energéticas é mais "urgente do que nunca", após o corte de abastecimento por parte da Rússia. Barroso espera que, já a partir de 2015, gás natural chegue à Europa através do Nabucco.

Problemas de financiamento

Participantes da conferência em BudapesteFoto: AP

Segundo as últimas estimativas, a construção do gasoduto de 3.300 km de extensão deverá custar 8 bilhões de euros. Sua realização, no entanto, ainda continua incerta. Em primeiro lugar, ainda não se sabe de onde virá o gás a ser transportado pelo gasoduto. Outro problema grave é a falta de investidores privados para seu financiamento. O premiê húngaro declarou em Budapeste que está seguro de que as instituições financeiras da UE oferecerão o financiamento necessário para dar início ao projeto.

Gyurcsany explicou que a meta seria que a UE participasse do projeto com 2 bilhões de euros. Para o início das obras, seria suficiente um montante de 200 a 300 milhões, disse o primeiro-ministro.

O comissário europeu de Energia, o letão Andries Piebalgs, espera que até o final de março próximo esteja pronto o esboço de acordo entre os governos. Caso contrário, o projeto estaria ameaçado, afirmou.

Através da subsidiária Supply & Trading, o conglomerado alemão de energia RWE participará do projeto internacional para construção do gasoduto. A empresa alemã declarou considerar a construção do Nabucco uma "chave para maior segurança de fornecimento para todos os europeus". A empresa afirmou que não haveria problemas de financiamento do projeto.

Problemas de fornecimento

Diretor do projeto Nabucco não acha que haverá atrasos por falta de financiamentoFoto: OMV

Enquanto na ópera homônima do compositor italiano Giuseppe Verdi o povo judeu procura libertar-se do jugo babilônico, com Nabucco a Europa tenta diminuir sua dependência das reservas de gás da Rússia.

O principal problema continua sendo quem fornecerá, anualmente, os 10 bilhões de metros cúbicos iniciais de gás natural que, no final da construção do gasoduto, deverão se elevar para 31 bilhões de metros cúbicos. Até agora, o único candidato de confiança é o Azerbaijão.

Em entrevista à Deutsche Welle, Reinhard Mitschek, diretor do projeto do gasoduto Nabucco, explicou não acreditar que uma "completa independência" do gás russo possa, por enquanto, ser alcançada.

A Europa consome anualmente cerca de 500 bilhões de metros cúbicos de gás. O volume de importações do continente é de 150 bilhões. Assim, o fornecimento final do Nabucco cobriria pouco mais de 6% da demanda anual de gás natural na Europa, explicou Mitschek.

Projeto complexo

A construção do gasoduto contribuiria para a diversificação. "Existe uma série de projetos de gasodutos ou de gás natural liquefeito que, no total, poderão levar à diversificação", afirmou o diretor de Nabucco.

O projeto, no entanto, é complexo e tem que atravessar a Turquia, Bulgária, Romênia, Hungria e Áustria para que o gás natural do Mar Cáspio seja transportado até a Europa Ocidental. Isso significa criar rotas de transporte absolutamente novas, como também de novas jazidas de gás natural. A demora na execução do projeto seria compreensível, explicou o diretor.

Mitschek espera que as obras do gasoduto se iniciem em 2010 e que, já a partir de 2013, o fornecimento de gás possa ser iniciado. Assim como o conglomerado alemão que participa do projeto, o diretor do Nabucco não acredita que problemas de financiamento atrasem sua construção.

O encontro desta terça-feira em Budapeste não levou, no entanto, a uma decisão final sobre o financiamento do gasoduto. De qualquer forma, países de trânsito, como a Hungria e a Bulgária, reiteraram sua disposição de se distanciar da Rússia e participar do projeto europeu.

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