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Europeu de 7 mil anos atrás tinha pele escura e olhos azuis

Brigitte Osterath (cn)29 de janeiro de 2014

Pesquisadores descobriram que, ainda no período Mesolítico, havia europeus com pele escura. Análise de um DNA mostra também que o cabelo era castanho e os olhos, azuis.

Foto: CSIC

Um teste de DNA realizado num esqueleto de um caçador-coletor que viveu na Espanha há 7 mil anos revelou que, ainda naquela época, havia europeus de pele escura.

"Até o momento acreditávamos que um europeu de pele clara havia evoluído relativamente cedo, ou seja, no período Paleolítico superior. Mas certamente esse não foi o caso", afirmou o biólogo evolucionista Carles Lalueza-Fox à agência de notícias AFP. O indivíduo analisado tinha ainda cabelos castanhos e olhos azuis.

O Paleolítico superior abrange os anos 40 mil até 10 mil a.C.. Lalueza-Fox e seus colegas do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha analisaram o dente de um esqueleto que foi encontrado em 2006 na caverna La Braña-Arintero, no noroeste do país.

O mapeamento completo do genoma foi publicado na revista especializada Nature. O esqueleto analisado tem cerca de 7 mil anos. A análise genética revela que o caçador-coletor podia desenvolver pigmentos de pele escuros, ou seja, ainda no período Mesolítico, entre 10 mil a.C. e 5 mil a.C., havia europeus de pele escura.

Agora, os pesquisadores supõem que a evolução para a pele clara deva ter ocorrido apenas no período Neolítico, que começou por volta de 5 mil a.C..

Hábitos alimentares

A análise do genoma também revelou que esse ancestral dos europeus não digeria leite e amido. De fato, os seres humanos apenas adquiriram essa característica no início do período Neolítico, quando começaram a explorar a agricultura.

Isso levou a uma mudança nos hábitos alimentares e, também, na ingestão de vitaminas. Após a introdução da agricultura, os humanos passaram a se alimentar mais de grãos e menos de carne selvagem. Assim, houve uma diminuição da ingestão de vitamina D, muito mais abundante em uma dieta rica em carne.

Segundo Lalueza-Fox, provavelmente esse foi o motivo pelo qual a pele dos europeus se tornou mais clara. O corpo humano é capaz de obter vitamina D se for exposto ao sol, e a pele clara é bem mais apropriada para isso do que a escura.

Em regiões com menos sol, pessoas de pele escura possuem uma maior deficiência de vitamina D do que as pessoas de pele clara. A falta dessa vitamina pode causar danos para o esqueleto, músculos e nervos, por exemplo fadiga, fraqueza muscular, cãibras, insônia e osteoporose.

Já a pele escura tem a vantagem de oferecer uma proteção natural contra os raios ultravioletas. A radiação ultravioleta decompõe a vitamina B9, também conhecida como ácido fólico, no sangue. A deficiência de ácido fólico em gestantes pode causar malformação congênita, a espinha bífida, no feto.

O esqueleto foi encontrado na EspanhaFoto: CSIC
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