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Europeus aguardam ansiosos discurso de Cameron sobre a UE

22 de janeiro de 2013

Várias vezes adiado, o discurso do primeiro-ministro britânico deve finalmente ocorrer. Para observadores, ele poderá redefinir o futuro do Reino Unido na União Europeia.

Foto: Reuters

Depois de vários adiamentos, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, deve proferir nesta quarta-feira (23/01), em Londres, o seu aguardado discurso sobre as relações do seu país com a União Europeia (UE).

A data anterior era sexta-feira passada, e o local era Amsterdã, mas o discurso foi adiado por causa da crise envolvendo reféns na Argélia. Já há seis meses a fala vem sendo anunciada e adiada. A data inicial era outubro, depois passou para o Natal e, por fim, para o dia 22 de janeiro, esta terça-feira.

Mais tarde as autoridades britânicas perceberam que a data coincidiria com as comemorações dos 50 anos do Tratado do Eliseu, o que levou a nova alteração.

Recomeço

Cameron será certamente ouvido com atenção por muita gente. "Este é um dos mais badalados discursos dos últimos tempos, mas há um claro risco de que muitas pessoas se sintam decepcionadas com o que ele terá a dizer", alerta o parlamentar britânico Tim Loughton, do Partido Conservador.

Na semana passada, Loughton e outros parlamentares publicaram um manifesto em que esboçam sua visão do futuro da UE. O assim chamado Fresh Start Project (Projeto Recomeço) expõe uma nova relação do Reino Unido com a União Europeia. Ele inclui sugestões práticas "bem pesquisadas", apoiadas por muitos membros do Partido Conservador, e que exigem a revisão dos tratados europeus.

"Acho que [Cameron] precisa articular a determinação de que vamos negociar uma nova relação com a Europa, uma relação com a qual a ampla maioria dos britânicos possa se sentir confortável; e que o status quo não vigora mais", explicou Loughton à DW.

Cameron (e) e Angela Merkel durante encontro de cúpula em Bruxelas, em dezembro de 2012Foto: dapd

Linha tênue

Mats Persson também irá ouvir atentamente o discurso do premiê nesta quarta-feira. Ele é diretor do Open Europe, um think tank sediado em Londres e que defende o debate sobre a União Europeia e a reforma do bloco. Ele explica que, de certo modo, o discurso do primeiro-ministro definirá o futuro do Reino Unido na Europa.

No tocante ao conteúdo, Persson espera que o tom do discurso ofereça uma "nova visão" do papel do Reino Unido na UE, "numa linguagem que funcione para todos os países-membros, em vez de ser especificamente britânica".

"Acho que ele está tentando atingir aquela grande maioria silenciosa, tanto dentro de seu próprio partido, quanto entre o público, a qual se dá conta de que precisamos estar na Europa, precisamos estar na UE, mas queremos uma nova relação, que convenha mais ao Reino Unido", disse o diretor do Open Europe, em entrevista à DW.

Contudo, Cameron terá que se mover na tênue linha entre aplacar seus compatriotas e não prometer nada que outros líderes europeus dificilmente iriam conceder, em especial em se tratando de alterações nos tratados que afetam todos os 27 – e em breve 28 – países-membros da União Europeia.

"Muita coisa depende da linguagem", diz Persson. "Se ele conseguir evitar algumas expressões que deixam os europeus nervosos – como 'repatriação' [de capital], 'pegar só o melhor', 'renegociação radical' –, acho que conseguirá passar alguma segurança aos parceiros europeus de que o Reino Unido também se empenha por uma Europa melhor."

Provável referendo

Também se especula que Cameron possa esboçar os planos para um futuro plebiscito sobre a relação do Reino Unido com a UE, ainda que os trechos que já vazaram para a imprensa não confirmem isso.

"Certamente, dentro do Partido Conservador, o impulso político por um referendo é tão forte que bem provavelmente é o que acontecerá", opina Persson. Mas dificilmente se tratará de uma consulta do tipo "dentro ou fora da UE", como reivindicam os eurocéticos linha dura. Mais provável é o tipo de plebiscito a que Cameron já se referiu no passado, ou seja, o que busca o "consentimento renovado" dos eleitores sobre uma "renegociação" do papel do Reino Unido na Europa.

Loughton é a favor de uma consulta popular. "Minha opinião é de que, se formos falar seriamente de renegociação, para dar impacto à ela o primeiro-ministro precisa poder dizer que teremos um referendo no caso de não conseguirmos uma renegociação satisfatória. Acho que, para nossos parceiros europeus nos levarem a sério, eles precisam saber que o status quo não pode permanecer."

Autoria: Joanna Impey (av)
Revisão: Soraia Vilela / Alexandre Schossler

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