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Europeus condenam ações de expurgo na Turquia

17 de julho de 2016

Após tentativa fracassada de golpe na Turquia, cresce preocupação internacional frente às medidas de retaliação do governo turco contra insurgentes. França diz que "não há carta branca" para "ações de limpeza".

Soldados são espancados por civis após golpe fracassado na Turquia
Soldados são espancados por civis após golpe fracassado na TurquiaFoto: Reuters

O governo francês advertiu o presidente turco de um procedimento duro após a tentativa de golpe fracassada. O ministro do Exterior Jean-Marc Ayrault declarou neste domingo (17/07) que não haveria "nenhuma carta branca" para as "ações de expurgo" anunciadas pelo governo da Turquia contra seus adversários no Exército e no Judiciário.

O ministro turco da Justiça, Bekir Bozdag, informou neste domingo que por volta de 6 mil pessoas foram presas no país. Segundo a agência de notícias estatal Anadolu, o ministro anunciou que as "ações de expurgo" vão continuar. "Atualmente, as ações de expurgo vão ter prosseguimento", afirmou Bozdag. "Já prendemos 6 mil pessoas. E o número ainda vai ultrapassar 6 mil."

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, apelou neste fim de semana para que se respeitem os princípios do Estado de Direito. Neste sábado, Merkel disse em Berlim que "o Estado de Direito vai ter que se comprovar" no tratamento dados aos responsáveis pela tentativa de golpe.

Merkel criticou duramente a tentativa de golpe. "A Alemanha está do lado daqueles que defendem a democracia", declarou a chanceler federal. Segundo ela, uma troca de governo deve ser determinada somente pelo povo, não por tanques nas ruas e ataques aéreos.

Também o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, alertou o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan, para que respeite os princípios fundamentais democráticos. Ao jornal Tagesspiegel, Schulz declarou neste domingo que condenava o golpe de Estado, mas que "o governo turco não deve usá-lo como pretexto para violar as regras básicas da democracia."

Asilo na Grécia

Na noite da última sexta-feira, parte das Forças Armadas tentou derrubar o governo e o presidente Erdogan. Acusando os conspiradores de tentarem assassiná-lo, o chefe de Estado lançou uma devassa entre os militares insurgentes. "Eles vão pagar um preço alto por isso. Esse levante é um presente de Deus, porque será o motivo para limparmos o nosso Exército", prometeu.

Declarando a situação sob controle, fontes governamentais informaram que haviam sido detidos 2.839 golpistas, desde soldados rasos a oficiais de alta patente, incluindo aqueles que formaram a "espinha dorsal" da rebelião. A emissora turca NTV noticiou que também se realizara uma "limpa" do Judiciário, com 2.745 juízes afastados do cargo.

O presidente do Partido Verde na Alemanha, o deputado de origem turca Cem Özdemir , afirmou que o presidente Erdogan vai ampliar o seu poder no país depois do golpe fracassado. Erdogan não vai perder a oportunidade "de realizar finalmente o seu projeto de uma mudança constitucional com o objetivo de uma autocracia", declarou o deputado verde ao jornal Welt neste domingo.

A emissora estatal grega ERT noticiou também neste domingo que oito soldados turcos pediram asilo na Grécia, fugindo de seu país com um helicóptero. Eles foram levados à Promotoria Pública de Alexandroupolis, sob a acusação de entrar ilegalmente na Grécia e de violar a lei do tráfego aéreo, afirmou a emissora.

Nesta segunda-feira, eles serão novamente interrogados. Em seguida, as autoridades gregas deverão decidir o destino dos oito homens. O governo turco pediu a extradição imediata dos militares. A Grécia, no entanto, aponta para a legislação internacional, segundo a qual os pedidos de asilo devam ser devidamente analisados.

CA/afp/dpa

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