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Emergentes fazem pressão

19 de maio de 2011

Após renúncia de Strauss-Kahn, países com economias emergentes pressionam para ter um representante na direção do Fundo Monetário Internacional. Novo diretor-gerente terá vários desafios pela frente.

Vários candidatos são cotados para a sucessãoFoto: picture alliance / dpa

Enquanto a União Europeia (UE) luta para manter o direito à indicação do nome à liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), pois o órgão vem desempenhado papel fundamental na ajuda às economias do continente em crise, países emergentes lançam um forte contra-ataque, fazendo pressão para tomarem a direção da instituição.

"Queremos ver um processo aberto, que chegue rapidamente ao sucessor para a direção do Fundo", afirmou o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, em um comunicado. Tudo indica, no entanto, que os EUA devam novamente apoiar um nome europeu para o cargo.

Cientes da mudança de direção da economia global, governos da América Latina, da Ásia e até de antigos países soviéticos fazem forte pressão para acabar com a convenção estabelecida após a Segunda Guerra Mundial de que o cargo seja ocupado por um europeu. E prometem fazer barulho na disputa da direção não apenas do FMI, mas também do Banco Mundial.

China, Coreia do Sul e Tailândia defendem um nome entre os emergentes para o FMI, apoiados por Argentina, México e África do Sul. Doze antigas repúblicas soviéticas apoiam o chefe do banco central do Cazaquistão, Grigory Marchenko, para a vaga.

Mantega: 'Seleção deve ser baseada no mérito'Foto: AP

"A seleção deve ser baseada no mérito, independentemente da nacionalidade. Já passou o tempo em que podia ser remotamente apropriado reservar este importante cargo para um cidadão europeu", defendeu o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, em carta enviada nesta quarta-feira (18/05) aos integrantes do G20.

Pressão dos dois lados

No entanto, os europeus – que mal esperaram secar a tinta da carta de demissão de Dominique Strauss-Kahn para reivindicarem o direito de indicar seu sucessor – alegam serem os maiores contribuintes do FMI e não abrem mão. Para tentar largar na frente, buscam um nome de consenso para a presidência do fundo. Neste contexto, crescem as chances da ministra francesa de Finanças, Christine Lagarde, que seria então a primeira mulher a comandar o FMI.

Lagarde, 55 anos, ocupa o cargo desde o início do governo do presidente Nicolas Sarkozy, e vinha sendo cotada para o a presidência do Fundo mesmo antes da renúncia de Strauss-Kahn, preso nos Estados Unidos desde o fim de semana, acusado de agressão sexual.

A pré-candidata francesa também enfrenta um processo judicial. Ela responde acusações de ter supostamente abusado do poder e intermediado um pagamento substancial para um controverso empresário francês, Bernard Tapie.

Christine LagardeFoto: picture alliance/dpa

Outro nome que vem surgindo como uma possível indicação europeia é o do atual presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet, que deixará o cargo em outubro próximo.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, defende que o posto fique com a Europa. "Um nome que aparece nestas discussões é o de Christine Lagarde, e preciso dizer que estou muito impressionado com ela. Ela tem influência e experiência", declarou o ministro sueco de Finanças, Anders Borg. Para ele, o fato de ser uma mulher pode representar uma vantagem.

Dura missão

Seja quem for o sucessor, ou sucessora, de Strauss-Kahn na chefia do FMI, a pessoa escolhida terá uma dura missão pela frente. Ela estará no centro das atenções na Europa, onde o FMI se tornou um importante órgão de ajuda para os países endividados.

O futuro dirigente vai tomar posse em um período em que a instituição passa pela maior reforma em seus mais de 60 anos de história. E não apenas por causa das altas dívidas de alguns países, mas também porque a instituição precisa se adaptar às mudanças nas economias do mundo.

Entender o FMI – que tem 187 países-membros – como célula de um possível governo econômico mundial seria exagerado. "Mas em uma suposta disputa das instituições mais importantes da política e da economia mundiais, o FMI está lá na frente", disse o assessor do governo alemão para o G8, Bernd Pfaffenbach.

Strauss-Kahn desempenhou bem seu papel nos últimos três anos, com carisma, competência e cosmopolitismo. Com isso, o francês aumentou a autoconfiança do FMI com seus 2,4 mil funcionários de vários países.

Strauss-KahnFoto: AP

As tarefas tradicionais do Fundo são duras e ficaram ainda mais pesadas após o início da crise financeira. Trata-se da supervisão sobre o sistema monetário mundial e a estabilidade financeira global, do apoio técnico aos países na administração de sua economia e de ajudas de crédito. Aliás, foi por conta desta função de ajuda financeira para países com problemas na Ásia e na América Latina, especialmente nos anos 1980 e 1990, que o FMI ganhou má fama nos países emergentes por causa de suas duras imposições.

Neste meio tempo, a reserva de crédito para ajuda aumentou para quase 750 bilhões de dólares. E a principal beneficiada do apoio financeira passou a ser a Europa. E não só os países do euro em crise. Na lista de endividados aparecem não apenas Grécia, Irlanda e Portugal, mas também Islândia, Lituânia, Romênia, Geórgia e Ucrânia, além de países em outras partes do mundo. Por isso, a Europa quer que o novo chefe do FMI conheça bem o Velho Continente – enfim, que seja um europeu.

MS/afp/rts
Revisão: Roselaine Wandscheer

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