Europeus estão vivendo mais, mas ainda bebem e fumam muito
13 de setembro de 2018
OMS aponta que expectativa de vida na Europa subiu, mas fatores de risco ligados ao estilo de vida ameaçam progresso. Obesidade cresce, e consumo de álcool é o mais alto do mundo. Quase um terço dos europeus fuma.
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Os europeus estão vivendo por mais tempo, mas essa tendência pode estar ameaçada por fatores de risco como obesidade, cujas taxas são crescentes, e tabagismo. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em relatório divulgado nesta quarta-feira (12/09).
O documento, publicado pelo escritório da OMS na Europa, aponta que a expectativa de vida dos europeus subiu de 76,7 anos em 2010 para 77,8 anos em 2015. Ou seja, as pessoas no continente vivem, em média, mais de um ano a mais atualmente do que no início da década.
As mulheres continuam vivendo mais do que os homens: a expectativa de vida feminina é de 81,1 anos em comparação com os 74,6 anos da masculina, embora a diferença tenha ligeiramente diminuído em relação aos números de 2010.
Existem ainda grandes lacunas entre os 53 países analisados pelo chamado Relatório Europeu de Saúde. Os homens vivem quase 16 anos a mais na Islândia, onde a expectativa de vida masculina é de 81,4 anos, do que no Cazaquistão, onde é de apenas 65,7 anos.
"O progresso é desigual, tanto dentro de um país como entre países, entre os sexos e entre as gerações", afirma Zsuzsanna Jakab, diretora da OMS na Europa.
Segundo o relatório, a população com expectativa de vida mais alta é a de Luxemburgo, com uma média de 83,1 anos, e a mais baixa é a da Moldávia, com 71,65 anos.
Embora o bem-estar dos europeus seja o mais bem avaliado do mundo, Jakab alerta que fatores de risco relacionados ao estilo de vida são "motivo de preocupação". "Se não forem controlados, eles podem desacelerar ou mesmo reverter os grandes ganhos na expectativa de vida", diz.
Obesidade e sobrepeso
Segundo o relatório, as taxas de pessoas obesas e com excesso de peso seguem uma tendência de crescimento em quase todos os países europeus.
Em 2016, 23,3% da população do continente sofria de obesidade, o que representa um aumento de 2,5 pontos percentuais em seis anos, enquanto 58,7% estavam acima do peso, marcando um crescimento de 2,8 pontos ante 2010.
A tendência é particularmente marcante na Turquia, onde quase quatro em cada dez mulheres (39,2%) são obesas. Outros países com índices preocupantes são Malta, onde 29,8% da população é obesa, e Reino Unido, onde a taxa de obesidade é de 27,8%.
A classificação de sobrepeso e obesidade, segundo a OMS, é feita através do chamado índice de massa corporal (IMC), calculado fazendo a divisão do peso de um corpo pela sua altura ao quadrado. Se o resultado estiver entre 25 e 30, há excesso de peso, e mais de 30 significa obesidade.
Consumo de álcool e cigarro
O relatório também aponta que a Europa possui algumas das maiores taxas de consumo de tabaco e álcool do mundo. Cerca de 29% dos europeus com mais de 15 anos fumam, em comparação com 16,9% nas Américas e 24,8% no Sudeste Asiático.
Nos países, o índice de tabagismo chega a 43,4% na Grécia, 39,5% na Rússia e 28,1% na França. Já o Uzbequistão é a nação com menos fumantes, com uma taxa de 13,3%.
O relatório aponta, contudo, um progresso em meio a números preocupantes: a proporção de europeus que fumam diariamente caiu de 28,1% em 2002 para 24,4% em 2014.
O consumo de bebidas alcoólicas também foi reduzido em comparação com as altas dos anos 1990 e 2000, mas a média de 8,6 litros de álcool puro por pessoa em 2014 ainda põe a Europa no topo da lista de regiões onde a população mais bebe.
Entre as nações da União Europeia, a Lituânia é o país com a taxa mais alta, com uma média de 15,2 litros de álcool puro consumidos por cidadão por ano. Seguem no ranking a República Tcheca (12,7 litros) e a Bélgica (12,6 litros). O índice mais baixo é na Macedônia: menos de 1,1 litro por pessoa.
O relatório da agência de saúde das Nações Unidas é publicado de três em três anos. Desta vez, a pesquisa incluiu também um fator subjetivo: a satisfação dos cidadãos com a vida nos dias de hoje. Entre uma escala de 0 a 10, a nota média para toda a região foi de 5,9.
Para pesquisadores, o câncer não precisa ser um destino incontornável. Eles sabem o que causa os tumores e dizem que cada um pode lutar para diminuir os maiores riscos da doença.
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O destino nas próprias mãos
O diagnóstico de câncer sempre atinge o paciente de forma dura e inesperada. Porém, quase metade dos casos de câncer poderiam ser evitados. Cerca de um quinto dos tumores tem ligação com o fumo. A fumaça do tabaco pode gerar câncer de pulmão e muitos outros tipos de tumor. Fumar é a maior causa de câncer por responsabilidade própria, mas não é a única.
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Obesidade mortal
No segundo lugar da lista de maiores causadores do câncer está a obesidade por causa dos níveis altos de insulina no sangue. Eles aumentam o risco de quase todos os tipos de câncer, especialmente aqueles que atingem os rins, a vesícula e o esôfago. Mulheres obesas também produzem mais hormônios sexuais nos tecidos adiposos e podem ter maior predisposição para câncer de mama e no colo do útero.
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Largando o sofá
Pessoas que se movimentam pouco são mais suscetíveis a ter câncer. Estudos de longo prazo mostram que praticar esporte pode evitar o câncer. A atividade corporal diminui os níveis de insulina e impede a obesidade – e basta passear um pouco ou andar de bicicleta.
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Um brinde à saúde
O consumo de álcool pode causar câncer, suscitando tumores especialmente na região bucal, na faringe e no esôfago. A combinação de álcool e cigarro é mortal e pode multiplicar o risco de contrair câncer por cem. Por outro lado, tomar um copo de vinho por dia é considerado saudável, já que a medida estimula o sistema circulatório. Porém, é recomendado evitar ultrapassar essa quantidade.
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Alimentos
Carne vermelha pode causar câncer no intestino. Ainda não se sabe o motivo exato, mas pesquisas mostram que existe uma relação clara entre a carne e a doença. A carne de vaca é especialmente perigosa, assim como a carne de porco – embora em menor medida. Consumindo carne vermelha, o risco aumenta 1,5 vez. A carne de peixe, por outro lado, pode prevenir o câncer.
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Os perigos do churrasco
Ao grelhar a carne, podem surgir substâncias cancerígenas, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Em testes com animais, essas ligações químicas causam tumores. Estudos com seres humanos ainda não provaram o fenômeno de forma explícita. É possível que o problema esteja no consumo de carne em si e não na maneira de prepará-la.
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Evitando o fast-food
Uma alimentação que contenha muitas frutas, legumes e fibras pode prevenir o câncer. Porém, estudos mostraram que uma alimentação saudável tem menos influência sobre o risco de contrair câncer que os especialistas suspeitavam. Ela diminui o risco apenas levemente, em cerca de 10%.
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Muito sol causa muitos danos
Os raios ultravioletas da luz do sol penetram no código genético e podem modificá-lo – o que pode causar alguns tipos de câncer de pele, como o carcinoma basocelular e melanomas. O protetor solar evita queimaduras, mas a pele bronzeada e mais escura já é um indício de que o corpo recebeu radiação demais.
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Na medicina moderna
Os raios X prejudicam o patrimônio genético. Os danos de uma radiografia são mínimos, mas uma tomografia computadorizada deve ser realizada apenas quando há motivos importantes que a justifiquem. Já uma ressonância magnética é inofensiva. Também é preciso lembrar que o ser humano é alvo de radiações cancerígenas durante uma viagem de avião.
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Infecções que causam câncer
O vírus do papiloma humano, conhecido como HPV ou VPH, pode desencadear câncer de colo de útero. Vírus de hepatite B e C chegam a gerar alterações nas células do fígado. A bactéria Helicobacter pylori (na foto) infecta a mucosa do estômago e pode causar câncer. Existe a possibilidade de vacinar-se contra muitas dessas infecções. A Helicobacter pylori pode ser combatida com antibióticos.
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Melhores que a fama que têm
A pílula anticoncepcional pode aumentar levemente o risco de câncer de mama. Ao mesmo tempo, porém, ela diminui o risco de câncer nos ovários. Em suma, a pílula é mais benéfica do que danosa – ao menos no que diz respeito ao câncer.
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Sem garantias
Porém, mesmo tomando medidas para diminuir o risco de desenvolver câncer, não há garantia contra a doença. Metade dos casos de câncer no mundo têm origem genética ou são fruto da idade avançada. Especialmente os tumores no cérebro se desenvolvem sem influência externa.