Europeus pessimistas sobre Trump; países do Brics, nem tanto
15 de janeiro de 2025
Maioria dos moradores de 11 países da UE projeta que o governo do republicano será ruim para a Europa e a paz global. Mas em nações como Brasil, Índia e Turquia, há mais otimismo.
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Enquanto os europeus estão preocupados com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, cidadãos de outras partes do mundo demonstram maior otimismo em relação ao segundo mandato do republicano.
Uma pesquisa realizada pelo Conselho Europeu de Relações Exteriores em 24 países, incluindo Brasil, Índia, China e Turquia, revelou que uma parcela significativa dos entrevistados disse esperar que Trump seja bom para seus países e para a paz no mundo.
O clima mais otimista foi registrado na nação mais populosa do mundo, a Índia, onde mais de 80% dos participantes enxergam de maneira positiva o retorno de Trump.
Em comparação, a recepção foi bem menos acolhedora nas 11 nações da União Europeia (UE) pesquisadas, assim como no Reino Unido e Coreia do Sul, aliados de longa data dos EUA, onde a maioria dos entrevistados espera que o governo do republicano seja ruim para a Europa e para a paz global.
Confiança nos EUA cai dentro da UE
Apenas 24% no Reino Unido, 31% na Coreia do Sul e 34% na UE acreditam que o retorno de Trump poderá facilitar a resolução do conflito na Ucrânia, e ainda menos pessoas (16% no Reino Unido, 25% na UE e 19% na Coreia do Sul) acham que ele poderá contribuir para a paz Oriente Médio.
Em uma análise mais abrangente, apenas uma em cada cinco pessoas da UE afirma enxergar atualmente os EUA como um aliado. Este total representa uma queda significativa em relação ao cenário de dois anos atrás (31%) e contrasta com a proporção de cidadãos americanos que consideram a UE como um aliado (45%).
De modo geral, o próximo governo americano é bem avaliado nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã) e na Turquia.
A percepção positiva sobre o novo mandato de Trump nos países de fora da Europa ocorre apesar de suas ameaças de impor tarifas sobre as importações de vários produtos, o que poderá abalar a economia global.
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Paz mundial na nova era Trump?
Trump, que tomará posse na segunda-feira, prometeu pôr um fim rápido à guerra na Ucrânia, quase três anos após a invasão em larga escala da Rússia.
Apesar dos temores de que o novo líder dos EUA poderia forçar Kiev a aceitar um acordo ruim para os ucranianos, 33% dos entrevistados na Ucrânia avaliam que a eleição de Trump é boa para a paz mundial, em comparação com 18% que a consideram ruim.
Em países como Brasil, Índia, China e Turquia, a maioria dos entrevistados avalia que o retorno de Trump é bom para a paz no mundo, para os seus países e para os cidadãos americanos.
"Quando Donald Trump retornar à Casa Branca, grande parte do mundo o receberá bem", escreveram os autores da pesquisa intitulada Sozinha num mundo 'trumpiano': a UE e a opinião pública global após as eleições nos EUA, realizada em conjunto com o projeto de pesquisa Europa em um Mundo em Transformação da Universidade de Oxford e com a Fundação Calouste Gulbenkian, sediada em Portugal.
"Na Europa, a ansiedade é generalizada, mas as pessoas em muitos outros países se sentem relaxadas ou ativamente positivas sobre o segundo mandato de Trump", concluíram os autores.
UE em pé de igualdade com EUA e China
Fora da Europa, muitos veem a UE como uma potência comparável aos Estados Unidos e à China e preveem o crescimento da influência do bloco europeu na próxima década.
A UE é também amplamente vista pelos entrevistados como um "aliado" ou "parceiro necessário", sobretudo na Ucrânia e nos Estados Unidos, opinião contrariada apenas pelos russos.
Especialistas em política externa e autores do estudo, Mark Leonard, Ivan Krastev e Timothy Garton Ash avaliam, no entanto, que os líderes europeus poderão ter dificuldades em se unir em uma resistência comum ao presidente eleito dos EUA.
"Nos últimos dois anos, com o governo de Biden lado a lado com a Europa na invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, ainda era possível falar de um Ocidente unido em política externa." No entanto, com o retorno de Trump, "as divisões não ocorrerão apenas entre os EUA e a Europa, mas também dentro da própria UE", afirmam os autores.
A pesquisa envolveu pouco mais de 28.500 pessoas nos 24 países e foi realizada em novembro do ano passado após a vitória eleitoral de Trump.
Os 11 Estados-membros da UE onde a pesquisa foi realizadas foram Alemanha, França, Itália, Polônia, Portugal, Espanha, Dinamarca, Estônia, Romênia, Bulgária e Hungria. Os demais países foram a China, Reino Unido, Ucrânia, Índia, Turquia, Rússia, EUA, Brasil, Arábia Saudita, África do Sul, Indonésia, Coreia do Sul e Suíça.
rc/bl (AFP, Lusa)
O mês de janeiro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Kenny Holston/The New York Times/AP/picture alliance
Ataque a faca deixa dois mortos no sul da Alemanha
Um homem de 41 anos e um menino de dois anos foram mortos e duas outras pessoas ficaram feridas em um ataque a faca em um parque na cidade de Aschaffenburg, no estado da Baviera, no sul da Alemanha. Um afegão de 28 anos, requerente de asilo, foi detido ao tentar escapar por trilhos de trem. A indignação com o crime pode impactar a campanha eleitoral, a um mês das eleições antecipadas. (22/01)
Foto: Ralf Hettler/dpa/picture alliance
Incêndio mata dezenas em resort de esqui na Turquia
Mais de 70 pessoas morreram e ao menos 51 outras ficaram feridas no incêndio num hotel localizado em uma popular área de esqui nas montanhas de Bolu, no noroeste na Turquia. O incêndio começou durante a madrugada no Grand Kartal, um hotel de 12 andares construído de madeira na estação de esqui de Kartalkaya, a uma altitude de 2.200 metros. (21/01)
Foto: IHA/AP/picture alliance
Trump de volta à Casa Branca
O republicano Donald Trump tomou posse em seu segundo mandato como presidente dos EUA. Em seu primeiro dia de governo, o republicano anunciou um pacote de medidas conservadoras, reverteu dezenas de decisões de seu antecessor, Joe Biden, concedeu perdão a 1.500 condenados pelo 6 de janeiro de 2021 e prometeu dar início a uma nova "era de ouro" no país. (20/01)
Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP/dpa/picture alliance
Alívio e emoção dos primeiros reféns liberados
Doron Steinbrecher, uma das três reféns israelenses libertadas no primeiro dia de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista Hamas, reencontra sua mãe após 15 meses de cativeiro. Hamas também libertou Romi Gonen e Emily Damaria, dando início ao processo previsto no acordo. Em troca, cerca de 95 prisioneiros palestinos deverão ser libertados, a maioria mulheres e adolescentes. (19/01)
Foto: Israeli Army/AP/picture alliance
Milhares vão às ruas de Washington contra Trump
Dois dias antes da volta de Donald Trump à Casa Branca, milhares protestaram contra políticas anunciadas pela próxima gestão. Chamada "Marcha do Povo", a manifestação foi organizada por movimentos de defesa dos direitos civis em defesa de pautas como o acesso ao aborto, proteção climática e direitos dos imigrantes. Mais de 350 marchas semelhantes aconteceram em todo o país. (18/01)
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Gabinete israelense aprova cessar-fogo em Gaza
O governo israelense aprovou o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza, após horas de consultas que se estenderam até a madrugada de sábado (18/01)."O governo aprovou o plano de devolução dos reféns", disse o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado. As armas deverão ser silenciadas inicialmente por seis semanas a partir do próximo domingo. (17/01)
Foto: Koby Gideon/AFP
David Lynch, diretor de "Cidade dos sonhos", morre aos 78 anos
Conhecido por produções como "Cidade dos Sonhos", "Twin Peaks" e obras surrealistas, o renomado diretor americano acumulou quatro indicações ao Oscar durante sua carreira. Causa da morte não foi divulgada. Em 2024, ele afirmou que foi diagnosticado com enfisema pulmonar. (16/01)
Hamas e Israel chegam a acordo para encerrar conflito em Gaza
Israel e Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito na Faixa de Gaza após 15 meses de combates, segundo informaram mediadores nesta quarta-feira. O texto prevê troca de reféns por prisioneiros e a retirada de militares israelenses. População foi às ruas em Gaza e em Israel para comemorar a decisão. (15/01)
Foto: Abdel Kareem Hana/AP/picture alliance
Procurador diz que havia evidências para condenar Trump
Em relatório tornado público, o procurador especial Jack Smith afirma que havia evidências suficientes para condenação do presidente eleito dos EUA por tentar anular o resultado da eleição de 2020. Parte do documento foi enviado ao Congresso pelo Departamento de Justiça – não sem que antes Trump tentasse impedir que isso acontecesse. Republicano reagiu tachando Smith de "perturbado". (14/01)
Foto: Jacquelyn Martin/AP Photo/picture alliance
Lula sanciona lei que proíbe uso de celular nas escolas
Lei restringe uso de aparelhos eletrônicos portáteis, sobretudo telefones celulares, nas salas de aula de escolas públicas e privadas em todo o país. Há exceções para uso pedagógico, sob supervisão dos professores, ou em casos excepcionais de acessibilidade ou necessidade de saúde. Medida ainda será regulamentada por decreto a tempo de entrar em vigor no início do ano letivo, em fevereiro. (13/01)
Sobe para 16 número de mortos em incêndios em Los Angeles
O número de mortos nos incêndios florestais que atingem a região de Los Angeles aumentou para 16, enquanto as equipes lutam para conter as chamas antes da chegada prevista de novas rajadas de ventos fortes capazes, potencialmente, de empurrar o fogo em direção a outras regiões da cidade. (12/01)
Foto: Jae C. Hong/AP Photo/picture alliance
Milhares protestam contra convenção da ultradireita na Alemanha
Mais de 10 mil pessoas participam de uma manifestação em uma pequena cidade do leste alemão contra a convenção nacional do partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD). A convenção é parte da campanha do partido para as eleições federais de 23 de fevereiro, convocada após o colapso do governo de coalizão do chanceler federal, Olaf Scholz. (11/01)
Foto: EHL Media/IMAGO
Trump é sentenciado e será 1º presidente condenado dos EUA
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, foi sentenciado por sua condenação criminal decorrente do pagamento em dinheiro para silenciar uma atriz pornô. A penalidade, porém, não inclui multa, prisão ou liberdade condicional. O juiz aplicou ao republicano uma sentença de "dispensa incondicional", que reconhece a culpa do réu, mas não impõe uma pena específica. (10/01)
Foto: Brendan McDermid-Pool/Getty Images
"Sinceramente, estou morrendo", diz ex-presidente do Uruguai José Mujica
Mujica, de 89 anos, revelou que o câncer em seu esôfago se espalhou para o fígado e que a progressão da doença não pode mais ser interrompida. "Não posso fazer nem um tratamento bioquímico nem uma cirurgia porque meu corpo não aguenta", disse. "O que eu peço é que me deixem em paz. O guerreiro tem direito ao descanso." (09/01)
Foto: Santiago Mazzarovich/AFP
Incêndios deixam rastro de destruição na Califórnia
Incêndios florestais de enormes proporções atingiram a Califórnia e deixaram ao menos cinco mortos e dezenas de feridos. No condado de Los Angeles, cerca de 180 mil pessoas tiveram que deixar suas casas por ordem das autoridades, com as chamas consumindo uma área de 117 quilômetros quadrados. (08/01)
Foto: Ringo Chiu/REUTERS
Morre o extremista francês Jean-Marie Le Pen
Líder histórico da extrema direita francesa e pai da ultradireitista Marine Le Pen morreu aos 96 anos. Ele foi um dos fundadores do partido Frente Nacional, renomeado em 2018 para Reunião Nacional. Figura polarizadora na política francesa, Le Pen era conhecido por sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo. (07/01)
Congresso dos EUA certifica vitória eleitoral de Trump
O Congresso dos EUA certificou Donald Trump como vencedor da eleição de 2024. A cerimônia aconteceu sem interrupções – em contraste à violência de 6 de janeiro de 2021, quando, com pelo menos aquiescência de Trump, uma multidão invadiu o Capitólio para impedir certificação de Joe Biden. Os legisladores se reuniram sob forte segurança para cumprir a data exigida pela lei eleitoral. (06/01)
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP
Neve traz caos à Europa e aos Estados Unidos
Após um fim de ano com temperaturas relativamente amenas, nevou no Reino Unido e em outras partes da Europa. Pistas congeladas geraram transtorno nas estradas e levaram ao cancelamento de voos e fechamento de aeroportos, inclusive na Alemanha. Nos Estados Unidos, algumas áreas devem ter a pior nevasca da década. (05/01)
Foto: Danny Lawson/PA Wire/dpa/picture alliance
Trens de longa distância operados pela alemã Deutsche Bahn batem recorde de atraso
Em 2024, 37,5% dos trens de longa distância registraram atraso superior a seis minutos – a maior taxa em 21 anos. Empresa atribuiu piora no desempenho à "infraestrutura ultrapassada e sobrecarregada", obras na rede ferroviária, aumento do tráfego, falta de mão de obra e eventos climáticos extremos, mas disse trabalhar em um plano de ação para melhorar sua pontualidade. (04/01)
Foto: Sebastian Gollnow/dpa/picture alliance
Milhares de alemães assinam petição contra uso de fogos de artifício
Mais de 270 mil alemães assinaram uma petição online pedindo a proibição de fogos de artifício particulares em todo o país, após um Ano Novo marcado por cinco mortes e dezenas de feridos pelo uso incorreto dos fogos. Em várias cidades, equipes de emergência foram atingidas pelos explosivos. Em Berlim, um policial ficou gravemente ferido e precisou ser operado. (03/01)
Foto: Christian Mang/REUTERS
Multidão protesta contra prisão de presidente afastado da Coreia do Sul
Uma centena de pessoas se reuniram em Seul para protestar contra o mandado de prisão imposto ao presidente deposto da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, acusado de insurreição. Apoiadores se posicionaram em frente à residência de Yoon, que se propôs a "lutar até o fim". Agentes já se posicionam no local para cumprir a ordem judicial. (02/01)
Foto: Philip Fong/AFP
Homem atropela multidão em Nova Orleans e deixa 10 mortos
Ataque ocorreu na Bourbon Street, uma rua turística com bares e clubes noturnos. Condutor do veículo morreu em confronto com policiais e FBI investiga "ato de terrorismo". Suspeito, um cidadão americano do Texas, carregava bandeira do Estado Islâmico. (01/01)