Europeus vêem novas chances para a paz
13 de novembro de 2004A morte do líder palestino Yasser Arafat deve ser aproveitada como oportunidade para a retomada do processo de paz no Oriente Médio. Esta a tônica dos representantes da política de Relações Exteriores da União Européia (UE), um dia após o enterro do presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. O responsável alemão pela pasta, Joschka Fischer, conclamou Israel a vincular a retirada da Faixa de Gaza à reativação do plano internacional Road Map, elaborado em conjunto pela União Européia, Nações Unidas, Rússia e Estados Unidos.
O político verde destacou que a desocupação das colônias israelenses na Faixa de Gaza oferece a chance de "embarcar num novo processo político". Israel tem de coordenar suas negociações com o lado palestino e a comunidade internacional, salientou. Somente nestas condições, a Alemanha estaria disposta a apoiar o processo de paz ao lado da UE, salientou Fischer.
"Sem diálogo, não haverá paz duradoura"
Num gesto que demonstra a importância concedida pela União Européia à questão, o coordenador de política exterior e de segurança, Javier Solana, esteve em Ramallah neste sábado (13/11). No encontro com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Ahmed Kurei, salientou o valor do diálogo para uma paz duradoura. Solana apelou a Israel pelo fim da construção de barreiras, muros e novas colônias em territórios palestinos.
O chefe da diplomacia do bloco europeu elogiou os palestinos, que "agiram de forma responsável após a morte de seu líder histórico Arafat e nomearam imediatamente um líder de transição". Rauhi Fatuh, presidente do parlamento, é o presidente interino da Autoridade Palestina. "Agora, no entanto, têm de preparar eleições presidenciais imediatamente. Ao mesmo tempo, precisam encaminhar reformas nas áreas da economia, segurança e administração, para diminuir o sofrimento do povo e acabar com o terreno fértil dos terroristas", advertiu.
Ahmed Kurei anunciou eleições para a escolha do sucessor de Arafat em 60 dias, conforme as leis palestinas. Além disso, garantiu que nos três primeiros meses de 2005 será eleito um novo parlamento.
O embaixador israelense na Alemanha, Shimon Stein, espera um novo impulso para a coexistência pacífica de um Estado palestino independente ao lado de Israel. "Para isso, mediadores como o ministro alemão Joschka Fischer são muito bem-vindos", ressaltou o diplomata. Para ele, antes de qualquer coisa, é necessário que a liderança palestina tome providências para o fim do terror.
Powell prepara viagem ao Oriente Médio
No encontro com o premiê Tony Blair, em Washington, nesta sexta-feira, o presidente norte-americano, George W. Bush, havia dito que vê chances para a criação de um Estado palestino em quatro anos e anunciou ser este seu objetivo "em estreita cooperação com a Europa". Para isso, anunciou uma viagem ao velho Mundo para janeiro próximo. Por seu lado, secretário de Estado, Colin Powell, está programando sua primeira viagem ao Oriente Médio em dois anos e meio. Na próxima segunda-feira, ele recebe em Washington o ministro israelense do Exterior, Silvan Shalom.
Os europeus estão preparados para o prosseguimento das negociações de paz no Oriente Médio, assegurou o ministro Fischer, que reagiu de maneira contida às declarações de Bush: "Ainda é cedo para analisar a futura política de Bush em relação ao Oriente Médio. Primeiro temos de conhecer sua nova equipe de relações exteriores".
O plano internacional de paz Road Map, que previa a criação de um Estado palestino em 2005, está emperrado desde o ano passado, quando Israel deixou a mesa de negociações. Já em 2002, os Estados Unidos haviam interrompido os contatos com Yasser Arafat, acusando-o de fracassar no combate ao terror. As negociações pela paz podem ser reativadas no próximo dia 22, no Egito, às margens de uma conferência sobre o Iraque.