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Evo Morales deve enfrentar segundo turno na Bolívia

21 de outubro de 2019

Resultados preliminares sugerem diferença de menos de dez pontos percentuais para o ex-presidente Carlos Mesa. Interrupção na divulgação da contagem de votos leva oposição a levantar suspeita de fraude eleitoral.

Presidente da Bolívia, Evo Morales
Presidente da Bolívia, Evo Morales, há 14 anos no poder, deverá disputar segundo turno pela primeira vezFoto: Reuters/U. Marcelino

Resultados preliminares das eleições na Bolívia sugerem que o presidente Evo Morales deverá enfrentar pela primeira vez um segundo turno em uma disputa pela presidência do país, contra o ex-presidente Carlos Mesa.

Na noite de domingo (20/10), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) boliviano contabilizava 83,76% das urnas, que davam 45,25% para Morales, contra 38,16% de Mesa. Após a divulgação desses resultados, o TSE parou de divulgar os números da apuração, gerando questionamentos por parte de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da oposição.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Mesa acusou o TSE de manipular a contagem de votos. Antes mesmo da divulgação dos resultados, ele já havia dito que não confiava no sistema eleitoral do governo. "Não vamos aceitar que se burle o voto que nos leva ao segundo turno", disse o ex-presidente, que governou a Bolívia entre 2003 e 2005.

Ele mencionou que algumas pesquisas colocam a diferença entre ele e Morales em apenas 5% em uma provável segunda rodada de votação. Assim, pediu que seus apoiadores realizem vigílias em todo o país para exigir os resultados definitivos.

A missão da OEA exigiu explicações sobre a interrupção da divulgação dos dados computados e pediu que o processo "ocorra de maneira fluida". Os resultados do TSE são informados através do sistema Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP) e devem ser atualizados em um portal de internet.

Mesa não poupou críticas ao órgão eleitoral. "O TSE mais uma vez descumpre seus compromissos. Suspendeu a informação no TREP. Exigimos o reinício da contagem! O que está acontecendo é muito grave. O segundo turno, que todos os dados independentes confirmam, não pode ser questionado, e muito menos burlado", afirmou no Twitter.

A presidente do TSE boliviano, María Eugenia Choque, afirmou que os dados divulgados eram apenas preliminares e que a apuração oficial ainda estava começando.

Candidato opositor Carlos Mesa alerta contra fraude eleitoral após suspensão da divulgação da contagem de votosFoto: Getty Images/AFP/J. Bernal

Em um cenário de polarização, Mesa considera o resultado eleitoral como uma espécie de referendo sobre Morales, há 14 anos no governo. O opositor classifica de "um triunfo inquestionável" sua passagem para o segundo turno.

Morales, por sua vez, comemorou a vitória nas urnas, sem, no entanto, mencionar a possibilidade de segundo turno. "O povo boliviano se impôs para continuar com o processo de mudança", disse ele em La Paz.

O candidato do Partido Democrata Cristão, Chi Hyun Chung, está em terceiro lugar, com 8,74% dos votos, segundo os dados preliminares. Ele afirmou que vai dialogar com Mesa para possivelmente apoiá-lo no segundo turno, e descartou fazer o mesmo com Morales. O quarto colocado, o senador Óscar Ortiz (4,32%), já declarou apoio ao ex-presidente.

Segundo a lei boliviana, para garantir a vitória em primeiro turno, um candidato deve superar 50% dos votos ou obter 40% da votação com 10% de diferença para o segundo colocado. Se confirmada, a segunda rodada de votação ocorrerá em dezembro.

RC/afp/efe

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