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Exército alemão afasta suspeitos de extremismo de direita

8 de outubro de 2021

Militares faziam parte de batalhão cerimonial que se apresenta durante visitas de líderes estrangeiros. Grupo é acusado de formar célula de extrema direita e humilhar novos recrutas.

Wachbataillon der Bundeswehr Gedenkveranstaltung Opfer der nationalsozialistischen Gewaltherrschaft
Soldados faziam parte do Wachbataillon, batalhão da Bundeswehr que se apresenta em cerimônias para chefes de estado estrangeirosFoto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger

As Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) anunciaram nesta sexta-feira (08/10) a suspensão de um grupo soldados que atuavam em sua guarda cerimonial. Os militares são suspeitos de agressão sexual, atos racistas e de organizarem uma célula de extrema direita.

Uma companhia inteira, com 100 a 200 soldados foi afastada. Ela fazia parte do prestigiado Wachbataillon, um batalhão de cerca de mil soldados encarregado de desfilar e apresentar armas durante visitas de chefes de estado estrangeiros.

Segundo porta-voz do Ministério da Defesa alemão, a companhia foi "retirada" do serviço ativo após incidentes ocorridos "num contexto de extrema direita". Soldados da companhia teriam participado de "rituais perversos de iniciação e bebida" e submetido novos recrutas a "violência sexual".

Uma testemunha contou à revista Der Spiegel, responsável pela revelação do caso, que dentro dessa companhia do batalhão, pelo menos seis soldados haviam formado um grupo de extrema direita, autodenominado "Matilha de Lobos".

Segundo a fonte, o chefe do grupo dirigiu insultos raciais a soldados de origem asiática. Outros teriam agredido e queimado recrutas com pontas de cigarro.

A testemunha ainda afirmou que um cabo de 32 anos da companhia costumava exibir uma camiseta com a expressão "Sonnenstudio 88". O número 88 é normalmente usado por grupos neonazistas, em referência a oitava letra do alfabeto, H. O 88, neste caso, é usado para camuflar a saudação "Heil Hitler".

Os incidentes "envergonham a todos nós", disse o porta-voz do Ministério da Defesa, assegurando que a Bundeswehr "buscará todos os meios legais" para "remover" os culpados das suas fileiras.

 

Há anos a Alemanha vem promovendo devassas em unidades de suas Forças Armadas para expulsar militares que tenham laços com a extrema direita. A força de comando de elite KSK foi parcialmente dissolvida em 2020 depois que munições desapareceram e membros foram vistos fazendo saudações nazistas numa festa.

Em janeiro de 2020, o presidente do serviço secreto militar alemão (MAD), Christof Gramm, alertou para cerca de 20 casos de suspeita de extremismo de direita no KSK. Proporcionalmente, isso era cinco vezes mais do que a média em toda a Bundeswehr. Em junho de 2021, um pelotão estacionado na Lituânia foi chamado de volta após acusações de comportamento racista e antissemita.

A pressão para investigar militares alemães suspeitos de ligação com grupos neonazistas e com a cena de extrema direita no país aumentou desde a eclosão do caso do soldado Franco A., que chocou a Alemanha e a Áustria ao ser preso em 2017 tentando recuperar uma arma e munição que escondera no aeroporto de Viena. Explosivos também foram encontrados na ocasião.

O caso de Franco A. atraiu atenção generalizada em toda a Alemanha, depois de surgirem informações de que ele armazenava memorabilia nazista em seu quartel, incluindo uma caixa de fuzil com suástica gravada. Ele foi acusado de planejar ataques a políticos do alto escalão e figuras públicas que acreditava serem "favoráveis a refugiados". Apesar de absolvido das acusações de terrorismo, foi condenado por violar a legislação sobre armas.

jps/av (AFP, DPA, DW)

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