1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
ConflitosIsrael

Israel fez palestinos em Gaza de escudo humano, diz jornal

14 de agosto de 2024

Temendo armadilhas, comandantes teriam enviado civis palestinos a túneis e prédios como batedores, segundo relatos de soldados ao diário israelense "Haaretz". Exército nega prática, que é considerada um crime de guerra.

Tanque israelense é observado por soldado em Gaza
Exército israelense nega as acusações e diz proibir o uso de civis em GazaFoto: NICOLAS GARCIA/AFP/Getty Images

As Forças de Defesa de Israel (FDI) foram acusadas de usar civis palestinos na Faixa de Gaza como escudo humano, forçando-os a atuar como batedores para os soldados, entrando antes deles em túneis e imóveis para neutralizar eventuais armadilhas, segundo reportagem publicada nesta terça-feira (13/08) pelo jornal israelense Haaretz.

A reportagem se baseia em depoimentos de membros das FDI que afirmam ter testemunhado a prática e em vídeos publicados pela emissora estatal catari Al Jazeera, banida em Israel por "risco à segurança nacional".

Segundo uma das fontes citadas no texto, a prática – considerada um crime de guerra perante o direito internacional – seria de conhecimento do alto escalão do Exército israelense, inclusive do chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi.

Adolescentes e idosos também teriam sido usados

De acordo com o Haaretz, os palestinos seriam detidos pelos soldados, vestidos com trajes militares israelenses equipados com câmeras e enviados a túneis e imóveis em escombros. A prática teria sido justificada por comandantes que teriam afirmado ser melhor um civil palestino morrer em uma explosão do que um soldado israelense.

Adolescentes e idosos também teriam sido recrutados para essas "missões".

As fontes alegam que esses civis não eram suspeitos de terrorismo, e sim presos especificamente para cumprir essa tarefa, sendo soltos depois de um ou dois dias ou até uma semana. Mas os soldados às vezes só ficariam sabendo que se tratava de civis inocentes depois.

O que diz o Exército israelense

O Exército israelense nega as acusações e diz proibir o uso de civis em Gaza "para missões militares que representem um risco deliberado a suas vidas". A instituição também afirma que as suspeitas de má conduta "foram encaminhadas às autoridades competentes para análise".

O Tribunal Penal Internacional (TPI) veta "o uso da presença de um civil ou outra pessoa protegida para tornar certos pontos, áreas ou forças militares imunes a operações militares".

Ao Haaretz, um porta-voz da diplomacia americana afirmou que cenas como a de um vídeo da Al Jazeera que mostra o uso de civis palestinos como escudo humano pelas FDI não refletem os valores do Exército israelense.

Desde o início da guerra contra o Hamas, deflagrada após o atentado terrorista de 7 de outubro contra Israel, Tel Aviv tem repetidamente acusado o grupo fundamentalista que controla a Faixa de Gaza de se esconder atrás de civis palestinos e sacrificá-los deliberadamente em nome da continuidade do conflito.

Denúncias semelhantes foram feitas no passado

Conforme noticiado pela imprensa israelense, em 2002 o Supremo Tribunal do país havia proibido em decisão liminar o uso de civis palestinos como escudo humano em operações. A proibição foi reforçada em julgamento de 2005, após iniciativa de grupos israelenses de defesa dos direitos humanos.

Em 2010, uma corte militar israelense condenou dois soldados por terem usado uma criança palestina de nove anos de idade como escudo humano, forçando-a a revistar bolsas de prisioneiros palestinos à procura de explosivos durante a guerra em Gaza entre 2008 e 2009, que durou 22 dias. Apesar da condenação, os soldados tiveram a pena suspensa e não chegaram a ficar presos.

A atual guerra na Faixa de Gaza já dura dez meses. Foi desencadeada pelo ataque sem precedentes a Israel perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro que, segundo dados israelenses, deixou cerca de 1.200 pessoas mortas e resultou no sequestro de outras 251 – das quais acredita-se que 111 continuem em Gaza.

Em resposta, Israel empreendeu ações militares massivas na Faixa de Gaza, que, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, já deixaram mais de 39 mil mortos. Embora as autoridades em Gaza não diferenciem entre civis e combatentes, Israel afirma ter matado cerca de 15 mil em confrontos dentro da Faixa de Gaza, além de outros mil terroristas que estavam dentro de Israel durante o ataque de 7 de outubro.

Além de Israel, vários outros países, como EUA e os membros da União Europeia, consideram o Hamas uma organização terrorista.

ra/lf (KNA, ots)

Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque