Exército decreta lei marcial e impõe censura na Tailândia
20 de maio de 2014O Exército da Tailândia decretou nesta terça-feira (20/05) lei marcial no país, com a ressalva de não se tratar de um golpe de Estado. A decisão veio depois de meses de protestos contra o governo, que deixaram 28 mortos e centenas de feridos. O anúncio foi feito no canal televisivo controlado pelos militares e invocou o objetivo de "restaurar a paz e a ordem para todos".
O comandante do Exército, general Prayut Chan-ocha, também declarou censura aos meios de comunicação, tendo em vista a “segurança nacional", segundo uma declaração transmitida em todas as estações de televisão e rádio. O Exército proibiu "todos os meios de comunicação de divulgar ou distribuir quaisquer informações ou fotografias prejudiciais à segurança nacional", disse.
Pouco tempo depois, o Exército anunciou a suspensão da transmissão de dez canais televisivos, que, por terem ligações partidárias, poderiam "deturpar a informação e agravar o conflito". Os canais foram suspensos para "que as pessoas possam obter informações corretas e não distorcidas, passíveis de agravar o conflito", segundo comunicado divulgado em todos os canais de televisão.
O governo de Bangcoc comunicou que, apesar de não ter sido consultado antes do anúncio, ainda se mantinha atuante. O conselheiro de segurança do primeiro-ministro, Niwattumrong Boonsongpaisan, afirmou que "o governo interino continua a existir com Niwattumrong como primeiro-ministro, tudo está normal, exceto que o Exército agora é responsável por todos os assuntos de segurança nacional".
Em Washington, o governo dos EUA manifestou preocupação com a situação, advertindo que a imposição da lei marcial deve ser temporária e não pode minar a democracia. Os Estados Unidos declararam-se preocupados com a crise política na Tailândia e instam "todas as partes a respeitarem os princípios democráticos, incluindo o respeito pela liberdade de expressão", afirmou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, em comunicado.
Na quinta-feira passada, o Exército já havia ameaçado intervir na crise depois da morte de três manifestantes num ataque com granada em plena capital. Também na semana passada, a comissão eleitoral pediu o adiamento das eleições legislativas, previstas para 20 de julho, por causa dos violentos protestos que continuam a assolar o país.
Os manifestantes exigem que, antes da realização de novas eleições, seja colocada em marcha uma reforma do sistema político, que consideram corrupto e a serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão mais velho da ex-premiê Yingluck Shinawatra, destituída no início deste mês. Thaksin foi condenado, em 2008, a uma pena de dois anos de cadeia por corrupção e vive agora no exílio.
Do outro lado, os chamados "camisas vermelhas", que reúnem os partidários do governo, ameaçaram iniciar uma guerra civil se lhes forem retirados os direitos democráticos.
AS/lusa/ap