Exército sírio suspende ofensiva em Aleppo, diz Rússia
8 de dezembro de 2016
Ministro russo do Exterior garante que operações militares das forças sírias, apoiadas por Moscou, foram interrompidas no leste da cidade para permitir a evacuação de 8 mil civis.
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O Exército da Síria suspendeu seus ataques em Aleppo para permitir a evacuação de milhares de civis do leste da cidade, disse nesta quinta-feira (08/12) o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov.
"Posso dizer hoje a vocês que as operações de combate do exército sírio foram interrompidas no leste de Aleppo porque há uma grande operação em andamento para evacuar civis", afirmou Lavrov, que está na Alemanha para reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Dezenas de milhares deixam leste de Aleppo
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O ministro russo acrescentou que cerca de 8 mil pessoas deixarão a parte sitiada da cidade síria através de uma rota de cerca de cinco quilômetros especialmente designada para isso.
Em resposta às afirmações de Lavrov, os Estados Unidos, que apoiam as forças da oposição, disseram haver "uma indicação de que algo positivo pode acontecer, mas nós teremos que esperar para ver se essas declarações terão reflexos na prática", afirmou Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca.
Também nesta quinta-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC, na sigla em inglês) disse ter evacuado, no dia anterior, um abrigo na parte antiga de Aleppo e retirado 148 pessoas com necessidades especiais, que foram transferidas para hospitais ou outros abrigos no oeste do país.
Pawel Krzysiek, coordenador de comunicação do ICRC em Damasco, afirmou que esses civis haviam sido "esquecidos" em meio aos combates. Segundo ele, o local era um antigo asilo para idosos, mas abrigava também deficientes físicos e doentes mentais, além de feridos que lá buscaram refúgio.
Desde o início da atual ofensiva, que conta com o apoio da aliada Rússia, o regime do presidente Bashar al-Assad já recuperou cerca de 75% do leste de Aleppo, que desde 2012 é bastião dos rebeldes. Dezenas de milhares de pessoas foram desalojadas da cidade, antigo centro cultural e comercial.
Nesta quinta-feira, Lavrov anunciou que diplomatas da Rússia e dos Estados Unidos vão se encontrar no próximo sábado em Genebra, na Suíça, para discutir estratégias para acabar com a violência em Aleppo. A reunião foi acordada com o secretário de Estado americano, John Kerry.
EK/afp/rtr/dpa/ap/lusa
A guerra civil na Síria antes do EI
O "Estado Islâmico" inflamou o debate sobre como pôr fim à guerra civil síria. Contudo o grupo só emergiu mais tarde no conflito. Confira alguns momentos dessa guerra que abriram espaço para o avanço dos jihadistas.
Foto: AP
Março de 2011
Enquanto regimes ruem por todo o Oriente Médio, dezenas de milhares de sírios vão às ruas para protestar contra a corrupção, o desemprego elevado e a alta dos preços dos alimentos. O governo da Síria responde com armas de fogo. Até maio, cerca de 400 vidas são ceifadas.
Foto: dapd
Maio de 2011
Sob insistência dos países ocidentais, o Conselho de Segurança da ONU condena a repressão violenta. Nos meses seguintes, os Estados Unidos e a União Europeia impõem embargo de armas, recusa de vistos e congelamento de bens. Com apoio da Liga Árabe, aumenta a pressão para a saída do presidente sírio Bashar al-Assad – embora sem o aval de todos os países-membros da ONU.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Szenes
Agosto de 2011
Em 1970 um golpe pusera Hafez al-Assad no poder. Após sua morte, em 2000, o filho Bashar (à dir.) assume a liderança. De início tido como reformista, ele perde apoio ao manter o estado de emergência que há décadas restringe as liberdades políticas, permitindo vigilância e interrogatórios. Assad tem respaldo da Rússia, que lhe fornece armas e repetidamente veta as resoluções da ONU sobre a Síria.
Foto: picture-alliance/dpa/Stringer/Ap/Pool
Dezembro de 2011
A ONU e outras organizações têm provas de violação dos direitos humanos na Síria. Civis e militares desertores começam a se organizar lentamente para combater as forças do governo, que vêm atacando os dissidentes. Até o fim de 2011, essa luta causa mais de 5 mil mortes. Mesmo assim, ainda transcorrem seis meses até a ONU reconhecer que o país está em guerra.
Foto: Reuters/Goran Tomasevic
Setembro de 2012
O Irã finalmente confirma que tem combatentes em solo sírio, fato que Damasco negava há tempos. A presença de tropas aliadas acentua a hesitação dos Estados Unidos e de outras potências ocidentais em intervir no conflito. Os EUA, marcados pelas intervenções fracassadas no Afeganistão e no Iraque, propõem o diálogo como única solução sensata.
Foto: AP
Março de 2013
As mortes beiram 100 mil, e o total de refugiados em países vizinhos como a Turquia e a Jordânia atinge 1 milhão – número que duplicaria até setembro. Em dois anos de guerra, o Ocidente e a Liga Árabe veem fracassar todas as tentativas de um governo de transição, enquanto o conflito transborda para a Turquia e o Líbano. O pior temor é de que Assad se mantenha no poder a todo custo.
Foto: Reuters/B. Khabieh
Abril de 2013
Há muito Assad alega estar combatendo terroristas. Mas só no segundo ano de guerra se confirma que o Exército Livre Sírio inclui extremistas radicais. O grupo Frente al-Nusra declara apoio à Al Qaeda, fragmentando ainda mais a oposição.
Foto: Reuters/A. Abdullah
Junho de 2013
A Casa Branca afirma ter provas de que Assad está atacando civis com o gás tóxico sarin. Mais tarde a informação é corroborada pela ONU. A partir da revelação, o presidente dos EUA, Barack Obama, e outros líderes ocidentais passam a considerar uma intervenção militar. No entanto a proposta da Rússia para que se retirem as armas químicas da Síria acaba por se impor.
Foto: Reuters
Janeiro de 2014
Ao fim de 2013 surgem relatos sobre um novo grupo autodenominado Estado Islâmico do Iraque e do Levante – o futuro EI. Ao tomar terras no norte da Síria e também no Iraque, os jihadistas despertam lutas internas na oposição, causando 500 mortes até o início de janeiro. Esse terceiro e inesperado fator levaria os EUA, França, Arábia Saudita e outras nações à intervir na guerra em meados do ano.