Steve Bannon deixa direção do site ultraconservador "Breitbart News". Anúncio ocorre dias depois de ex-estrategista-chefe da Casa Branca enfurecer o presidente dos EUA por declarações citadas no livro "Fire and Fury".
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O ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, renunciou nesta terça-feira (09/01) como diretor do veículo ultraconservador Breitbart News, depois de haver sido alvo de críticas do presidente americano, Donald Trump, nos últimos dias.
O anúncio ocorre poucos dias depois de o executivo, de 64 anos, ter enfurecido o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por suas declarações citadas no livro Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e Fúria: por dentro da Casa Branca de Trump, tradução livre), lançado na sexta-feira.
A obra retrata um presidente instável psiquicamente e pouco informado. Depois do escândalo, Bannon foi abandonado por financiadores, condenado por antigos aliados e ridicularizado pelo próprio Trump.
"Stephen Bannon saiu do Breitbart News, onde trabalhou como diretor executivo desde 2012", afirmou, em comunicado o próprio portal, acrescentando que o veículo continuará trabalhando com Bannon para seguir uma transição "ordenada e suave".
Bannon foi alvo de críticas de Trump após a divulgação de declarações dele que constam no livro, em que o ex-estrategista-chefe da Casa Branca classifica o encontro entre o filho de Trump e um grupo de russos durante a campanha eleitoral de 2016 como "traição" e "falta de patriotismo".
Risco de isolamento maior
Ao se despedir da Breitbart, Bannon, que era o autoproclamado campeão do populismo anti-Washington, que ajudou a levar Trump ao poder e a quem a Bloomberg chamou certa vez de "o agente político mais perigoso da América", corre o risco de ficar ainda mais isolado.
Segundo o jornal The New York Times, Bannon se viu forçado a abandonar a direção do portal ultraconservador pela pressão da investidora milionária do projeto, Rebekah Mercer, como consequência das declarações que o ex-assessor havia feito ao autor de Fire and Fury.
Logo após tomar conhecimento das declarações, Trump disse que depois de sair da Casa Branca, Bannon havia "não só perdido o emprego”, como também, "perdera a cabeça".
Dias depois do início da polêmica por causa do livro, Bannon tentou relativizar os comentários que enfureceram Trump, chamando Donald Trump Jr. de "patriota" e "um bom homem". Entretanto, o mais perto que ele chegou de um pedido de desculpas foi lamentar ter ficado tanto tempo em silêncio.
A partida de Bannon do Breitbart surpreendeu alguns de seus aliados. Um deles disse que Bannon estava recentemente contando às pessoas que iria permanecer na empresa.
A ruptura dele com o Breitbart também lhe custará seu programa diário na rádio por satélite SiriusXM. A empresa anunciou que está encerrando sua relação com Bannon, alegando que seu acordo de programação é com o Breitbart.
MD/ap/afp/efe
Trechos de "Fogo e Fúria", o livro sobre os bastidores da Casa Branca de Trump
Mesmo antes de sua publicação, livro do jornalista Michael Wolff já causa irritação em Washington. Com base em mais de 200 entrevistas, obra oferece rara visão interna da Casa Branca e da campanha eleitoral.
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
"Fogo e fúria"
Trechos já publicados do livro do jornalista americano Michael Wolff "Fogo e Fúria: por dentro da Casa Branca de Trump" revelam o que acontece nos bastidores do centro do poder nos EUA, da busca por segurança em hambúrgueres aos sonhos presidenciais de Ivanka Trump.
Foto: picture-alliance/AP/B. Camp
"Melania em lágrimas"
"O filho de Trump, Don Jr., disse a um amigo que pouco depois das 20h, na noite da eleição, quando parecia confirmada a inesperada tendência de que Trump realmente poderia vencer, seu pai parecia ter visto um fantasma. Melania caiu em lágrimas – que não eram de alegria. Em pouco mais de uma hora, um Trump confuso se transformou num Trump incrédulo e depois num Trump assustado."
Foto: picture-alliance/AP/V. Mayo
Ivanka Trump, "primeira mulher presidente"
"Comparando riscos e ganhos, tanto Jared (Kushner) quanto Ivanka decidiram aceitar cargos na Casa Branca, contrariando o conselho de quase todos que conheciam... Ambos fizeram um acordo sério: se algum dia surgir a oportunidade, ela será a candidata à presidência. A primeira mulher presidente, brincou Ivanka, não seria Hillary Clinton, mas Ivanka Trump."
Foto: picture-alliance/AP/M. Sohn
Buscando refúgio em "fast food"
"Ele tinha um medo antigo de ser envenenado, e essa é uma das razões pelas quais ele gostava de comer no McDonald's: ninguém sabia que ele iria aparecer, e a comida já estava pronta, o que era seguro."
Foto: Instagram
As teorias de Bannon
"O verdadeiro inimigo, segundo Bannon, era a China. A China seria a primeira frente numa nova Guerra Fria. A China é tudo. Nada mais importa. Se não lidarmos direito com a China, não vamos lidar direito com nada. Tudo é muito simples. A China está onde a Alemanha nazista estava em 1929 e 1930. Os chineses, como os alemães, são as pessoas mais racionais do mundo, até deixarem de ser."
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
Bannon: Donald Jr. foi "traidor"
"Donald Trump Jr., Jared Kushner e o chefe da campanha, Paul Manafort acharam uma boa ideia se encontrar com um governo estrangeiro na sala de conferências no 25º andar do Trump Tower – e sem advogados... Mesmo se você acha que não se tratava de traição, falta de patriotismo ou uma bosta ruim, e eu acho que foi tudo isso, você deveria ter chamado o FBI imediatamente", disse Bannon.
Foto: picture-alliance/AP/C. Kaster
"Perder era ganhar"
"Se tivesse perdido a eleição, Trump se tornaria muito famoso e ao mesmo tempo um mártir da Hillary Idiota. Sua filha Ivanka e o genro Jared se tornariam celebridades internacionais. Steve Bannon se tornaria o chefe de fato do movimento Tea Party. Melania Trump, que havia obtido do marido a garantia de que ele não seria presidente, poderia voltar a ter almoços discretos. Perder era ganhar."