1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaEquador

Ex-banqueiro Guillermo Lasso é eleito presidente do Equador

12 de abril de 2021

Político beneficiou-se da rejeição ao ex-presidente Rafael Correa, condenado por corrupção. Lasso defende reformas liberais, mas deverá ter dificuldades com o Congresso.

Guillermo Lasso faz discurso da vitoria
Lasso já havia disputado a eleição presidencial duas vezesFoto: Angel Dejesus/AP Photo/picture alliance

O ex-banqueiro Guillermo Lasso venceu neste domingo (11/04) o segundo turno das eleições presidenciais no Equador. Com 98% das urnas apuradas, ele havia recebido 52,5% dos votos e derrotou o socialista Andrés Arauz, que tinha o apoio do ex-presidente Rafael Correa.

Lasso já havia ficado em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2013 e 2017 e defende políticas liberais na economia, como corte de impostos e redução da dívida pública. Durante a campanha, também prometeu aumentar o salário mínimo e atrair investimentos estrangeiros.

O presidente eleito foi o segundo colocado no primeiro turno, realizado em fevereiro, mas virou o jogo aproveitando a alta rejeição a Correa, que governou o país de 2007 a 2017.

Arauz, seu oponente, que havia sido assessor do ex-presidente e antes da campanha era desconhecido pela população, propunha aumentar os impostos sobre os mais ricos e buscar a renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele reconheceu a derrota no domingo.

No discurso de vitória, Lasso disse que buscará "oportunidades e prosperidade" para o povo equatoriano. O Equador enfrenta a pandemia de coronavírus, que já matou mais de 17 mil pessoas no país e coloca pressão no sistema de saúde local, e tem problemas de endividamento externo e um sistema político conflagrado que dificulta a busca de acordos.

O anti-Correia

Lasso sucederá em 24 de maio ao atual presidente, Lenín Moreno, que tem alta rejeição popular. Em 2019, protestos eclodiram no país após ele cortar subsídios a combustíveis como parte de um acordo firmado com o FMI. Houve bloqueios de rodovias, convocação das Forças Armadas para fazer valer um toque de recolher, e sete pessoas morreram durante as manifestações.

Diversos analistas políticos classificaram a eleição equatoriana como uma batalha entre apoiadores de Correa e seus adversários. O ex-presidente foi condenado em abril de 2020 a oito anos de prisão por corrupção, em um esquema que favorecia empresas em licitações e envolvia também a empreiteira brasileira Odebrecht, mas sua influência política segue forte. Ele vive na Bélgica e é considerado foragido pela Justiça equatoriana.

"A divisão social, que a campanha deixou mais clara, fez com que o voto de rejeição a Correa fosse para Lasso", afirma Pablo Romero, analista da Universidade Salesiana.

Para Wendy Reys, professora da Universidade de Washington, "ganhou a candidatura que conseguiu se conectar com o eleitor desencantado com o correísmo e desencantado com a política em geral".

Socialista Andrés Arauz, apoiado por Correa, reconheceu a derrotaFoto: Dolores Ochoa/AP/picture alliance

Dificuldades econômicas e políticas

O Equador é hoje pressionado por uma alta dívida externa, que soma quase US$ 64 bilhões (R$ 360 bilhões), ou 63% do seu PIB, dos quais US$ 45 bilhões (R$ 255 bilhões) são devidos a credores externos. O PIB do país encolheu 7,8% em 2020, durante o primeiro ano da pandemia.

Além disso, Lasso terá dificuldade em sua relação com o Congresso. Seu partido, o Criando Oportunidades (Creo), terá poucas cadeiras e precisará negociar acordos com o partido de Arauz, União pela Esperança (Unes), o mais votado para o Legislativo, e com o partido indígena Pachakutik, o segundo mais votado.

O candidato do movimento indígena, Yaku Pérez, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno com 19% dos votos, disse ter sido vítima de fraude eleitoral e promoveu o voto nulo neste domingo. Os votos nulos representaram 16% do total no segundo turno, contra 9,5% no primeiro turno.

"Lasso terá que perceber bem esse alerta e fazer um governo que seja inclusivo, que seja uma negociação com vários setores sociais e políticos, porque senão terá no Congresso e nas ruas um inimigo a rondá-lo", afirma o cientista político Santiago Basabe, da Faculdade Latinoamericana de Ciências Sociais (Flacso).

Para Romero, da Universidade Salesiana, a chance de ocorrem grandes mudanças legislativas durante o governo de Lasso são reduzidas. "Haverá tensão permanente com o Executivo. Há praticamente nenhuma chance de aprovação das reformas de que o país precisa", afirma.

bl/lf (AFP, AP, ots)