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Ex-chefe da Volkswagen irá a julgamento pelo "dieselgate"

9 de setembro de 2020

Martin Winterkorn foi CEO da empresa nos anos em que 11 milhões de carros manipulados foram vendidos, numa das maiores fraudes da história. Ele escapou da Justiça americana, mas agora enfrentará o tribunal na Alemanha.

Winterkorn ao lado de um Golf em 2012: carro chegou a ser o mais vendido do mundo
Winterkorn ao lado de um Golf em 2012: carro chegou a ser o mais vendido do mundoFoto: picture-alliance/dpa/M. Hanschke

O ex-diretor-executivo da Volkswagen Martin Winterkorn irá a julgamento na Alemanha por sua possível responsabilidade no chamado "dieselgate", o escândalo de manipulação de emissões protagonizado pela montadora alemã durante sua gestão.

Winterkorn, de 73 anos, será julgado ao lado de outros quatro antigos executivos da Volkswagen – cujos nomes não foram revelados – pelos crimes de fraude, evasão fiscal e propaganda enganosa. Ainda não há data para o julgamento, mas uma condenação é tida como provável.

O anúncio foi feito pelo tribunal da cidade de Braunschweig nesta quarta-feira (09/09), cerca de cinco anos após a eclosão do escândalo, um dos maiores casos de fraude empresarial da história.

"A corte determinou que há suspeita suficiente, com possibilidade esmagadora de condenação do acusado (Winterkorn) por fraude comercial e organizada", disse o tribunal, que fica no mesmo estado, Baixa Saxônia, onde a Volkswagen tem sua sede.

Maior fabricante de carros do mundo, a Volkswagen afundou em um emaranhado de problemas legais depois da revelação, em setembro de 2015, de que havia instalado dispositivos em 11 milhões de veículos a diesel em todo o mundo para fazê-los parecer menos poluentes durante testes de laboratório do que na realidade eram.

Winterkorn renunciou dias depois das revelações, e desde então nega ter cometido pessoalmente qualquer ato ilícito.

O escândalo, batizado de dieselgate, mergulhou um dos principais pilares da indústria alemã na maior crise de sua história.

Na acusação, o Ministério Público de Braunschweig liga os cinco acusados a eventos que vão até 2006, quando a fraude foi inicialmente concebida. A linha do tempo é significativa porque rejeita as alegações iniciais da Volkswagen de que a alta cúpula só tomou conhecimento dos dispositivos usados para enganar os testes de emissões após ter sido confrontada pelas autoridades ambientais dos EUA, em 2015.

Desde que admitiu o dieselgate, em 2015, a montadora teve que desembolsar mais de 30 bilhões de euros em multas, indenizações e recalls. Winterkorn também enfrenta acusações criminais nos EUA, mas não pode ser extraditado.

O colegiado de três juízes no tribunal alemão não aceitou todas as acusações feitas por procuradores quando Winterkorn foi denunciado pela primeira vez, em abril de 2019. Entre outros pontos, o tribunal disse que não aceita acusações de concorrência desleal relacionadas a publicidade veiculada nos EUA.

A corte anunciou, além disso, uma avaliação preliminar que rejeita a alegação dos promotores de que os réus deveriam pagar de volta os bônus que ganharam como executivos. Segundo o tribunal, a empresa, e não os executivos, lucrou com a fraude.

O julgamento de Winterkorn não será o primeiro que terá como alvo ex-executivos de alto escalão do grupo Volkswagen, que inclui marcas como Skoda, Seat, Porsche e Audi.

O ex-executivo-chefe da Audi Rupert Stadler será julgado em setembro por acusações de fraude.

A Volkswagen sempre insistiu que apenas um grupo de engenheiros era responsável pelo dispositivo fraudulento e que seus superiores não sabiam o que estava acontecendo.

No final de abril, o grupo resolveu o maior processo judicial da Alemanha em um acordo extrajudicial no qual concordou em pagar cerca de 750 milhões de euros em compensação a cerca de 235 mil clientes (entre 1.350 e 6.250 euros por carro).

RPR/dpa/ap

 

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