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Ex-deputado anti-islã surpreende Holanda ao virar muçulmano

6 de fevereiro de 2019

Joram van Klaveren afirma que se converteu quando escrevia um livro, que inicialmente seria contra o islã. No Parlamento, ele foi o braço direito de Geert Wilders e lutou contra a burca e minaretes na Holanda.

Klaveren (e) ao lado de Wilders, quando ainda era deputado do PVV, em 2013Foto: AFP/Getty Images

Um ex-deputado holandês que já foi o braço direito do político islamofóbico Geert Wilders surpreendeu ao anunciar sua conversão ao islã nesta segunda-feira (04/02).

Joram van Klaveren, de 40 anos, era conhecido por ter liderado durante anos uma batalha feroz contra o islã no Parlamento holandês, para o Partido para a Liberdade (PVV), de Wilders, de extrema direita.

O jornal local Algemeen Dagblad descreve Van Klaveren como um radical que defendeu a proibição de burcas e minaretes durante o seu mandato parlamentar. Ele foi deputado pelo PVV de 2010 a 2014 e como independente até 2017.

Joram van Klaveren disse que estava à procura da sua crença religiosa há muito tempoFoto: AFP/Getty Images/ANP/B. Czerwinski

Van Klaveren explicou sua conversão com o seu trabalho num livro sobre o islã. Inicialmente ele pretendia escrever uma obra contra o islã, mas durante o trabalho, disse, ele decidiu se converter.

Segundo ele, o livro acabou virando uma "refutação das objeções que os não muçulmanos têm" dessa religião.

"Se tudo o que escrevi até agora é verdade, e eu penso que sim, então sou um muçulmano de fato", disse o ex-parlamentar.

O livro, intitulado Apóstata: do cristianismo ao islamismo na época do terror secular, será lançado em breve.

O ex-deputado, que cresceu em um ambiente cristão rigoroso, disse que estava à procura da sua crença religiosa há muito tempo.

"Parece um pouco como um retorno religioso para mim", disse Van Klaveren, depois de anunciar na segunda-feira, na rádio pública, que se converteu ao islã no fim de outubro.

A conversão do ex-parlamentar surpreendeu "tanto os seus amigos quanto os seus inimigos", acrescentou o Algemeen Dagblad.

Antigos companheiros de Van Klaveren disseram que a conversão é uma jogada de marketing para elevar as vendas do livro.

Wilders comparou a conversão de Van Klaveren a um "vegetariano que vai trabalhar num abatedouro". "Que história!", acrescentou.

O Conselho das Mesquitas Marroquinas na Holanda elogiou a decisão, comentando que é formidável quando um crítico como Van Klaveren "percebe que o islã não é mau" como ele mesmo supunha.

Van Klaveren deixou o PVV em 2014, depois de comentários polêmicos de Wilders, que numa manifestação eleitoral perguntara a apoiadores se eles queriam mais ou menos marroquinos na Holanda.

Dois anos depois, Wilders foi condenado por discriminação. O seu processo de apelação ainda está em andamento.

Depois de sair do PVV, Van Klaveren montou seu próprio partido anti-islâmico, Pela Holanda (VNL), mas se retirou da política após um resultado fraco nas eleições parlamentares de 2017.

Van Klaveren não é o primeiro político ligado ao PVV a se converter ao islã. Ele seguiu os passos de Arnoud van Doorn, um conselheiro municipal de Haia que adotou a religião em 2013.

Cerca de 5% da população holandesa é muçulmana.

AS/afp

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