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Ex-diretor do FBI revela pressão de Trump

7 de junho de 2017

Em declaração ao Congresso, James Comey afirma que presidente lhe pediu lealdade e para esquecer inquérito sobre ex-assessor de Segurança Nacional. Documento é divulgado na véspera de depoimento do ex-diretor.

Comey foi demitido do cargo no início de maio pelo presidente dos EUA
Comey foi demitido do cargo no início de maio pelo presidente dos EUAFoto: picture alliance/AP/C. Kaster

O ex-diretor do FBI James Comey, demitido do cargo por Donald Trump, confirmou numa declaração enviada ao Congresso que o presidente americano lhe pediu para abandonar a investigação sobre as ligações do ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn com a Rússia.

"Espero que você veja seu caminho claramente para deixar isso de lado, para deixar que Flynn vá embora. Ele é um bom homem", disse Trump a Comey, segundo as anotações feitas pelo ex-diretor do FBI após os encontros.

O documento foi publicado nesta quarta-feira (07/06) pelo Senado, na véspera do depoimento de Comey ao Comitê de Inteligência da Casa. Durante a audiência, o ex-diretor detalhará os memorandos que escreveu sobre os encontros particulares com o presidente.

De acordo com Comey, o pedido de Trump foi feito em fevereiro durante um encontro na Casa Branca. A solicitação estaria relacionada com a investigação relativa "às falsas declarações de Flynn sobre as conversas que manteve com o embaixador russo em dezembro" e não com o inquérito sobre as eventuais conexões entre a Rússia e pessoas ligadas à campanha do republicano.

"Foi, no entanto, muito preocupante, tendo em conta o papel do FBI como um serviço de investigação independente", escreveu Comey.

Pedido de lealdade

Na declaração de sete páginas enviada aos parlamentares, o ex-diretor do FBI relatou os detalhes de um jantar na Casa Branca que ocorreu em 27 de janeiro. Nessa ocasião, Trump lhe exigiu lealdade.

O ex-diretor do FBI disse que Trump o convidou para um jantar na Casa Branca pouco depois da posse. Em princípio, parecia que mais membros do governo participariam do encontro, algo que não se confirmou. Então, o presidente perguntou a Comey sobre sua intenção de continuar no cargo.

"O presidente começou me perguntando se eu queria continuar sendo diretor do FBI, o que me pareceu estranho porque ele já tinha me dito duas vezes em conversas anteriores que esperava que eu ficasse, e eu tinha afirmado que tinha a intenção de fazê-lo. Ele disse que muita gente gostava do meu trabalho, mas, dada a pressão do ano anterior, ele entenderia se eu quisesse sair", escreveu Comey.

"Meu instintos me disseram que esse encontro a sós, e a pretensão de que nossa primeira discussão fosse sobre meu cargo, significava que o jantar era, ao menos em parte, um esforço para que eu pedisse para seguir no cargo e criar um tipo de relação patronal. Isso me preocupou muito, dada a posição tradicionalmente do FBI em relação ao Executivo", continuou o ex-diretor.

Segundo o documento, o ex-diretor do FBI reiterou o desejo de cumprir seu mandato de dez anos como diretor do órgão, cargo que assumiu em 2013. Na sequência, disse a Trump que sempre poderia contar com sua "honestidade" para dizer-lhe a verdade.

"Poucos momentos mais tarde, o presidente disse: 'Preciso de lealdade, espero lealdade'. Não me movi, falei ou mudei minha expressão facial durante o incômodo silêncio que se seguiu. Simplesmente olhamos um para o outro em silêncio. A conversa então avançou, mas ele voltou ao tema perto do fim do jantar", disse.

Novo diretor

A declaração de Comey foi divulgada pouco tempo depois de Trump anunciar nomeação do ex-promotor público Christopher Wray para o cargo de diretor do FBI. O indicado atuou como procurador-geral assistente, sendo encarregado da divisão criminal do Departamento de Justiça entre 2003 e 2005, durante a presidência de George W. Bush, e trabalhando próximo ao FBI.

Wray atuou ainda na Força Tarefa de Fraudes Corporativas, supervisionando investigações que incluíram a da gigante do ramo de energia Enron.

Comey foi demitido no início de maio. Na ocasião, Trump alegou a necessidade de restaurar a confiança pública na agência depois de meses tumultuados. A demissão levantou questões sobre os motivos do presidente. Sob o comando do diretor, o FBI iniciou uma investigação sobre as eventuais conexões entre a Rússia e pessoas ligadas à campanha do republicano.

CN/efe/lusa/ap/afp

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